pdf-2016-08-04-18-35-30
pdf-2016-08-04-18-35-30
pdf-2016-08-04-18-35-30
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>30</strong><br />
por exemplo, que toma uma decisão atabalhoada,<br />
mas que afeta todo o corpo técnico; a contratação<br />
de um atleta de uma forma atabalhoada, sem pensar<br />
nos impactos que isso pode produzir, por exemplo,<br />
na coesão de um grupo, em aspectos de liderança,<br />
impactos de remuneração e uma série de outras<br />
questões, e essa preocupação, de fato, não existe e<br />
é claro que isso traz conflitos. E tem a consequência<br />
evidentemente de o mercado esperar um tipo de<br />
intervenção qualificada e o clube dar um outro tipo<br />
de resposta, isso também produz conflitos. E por<br />
que estou colocando em evidência esses conflitos?<br />
É para dizer que é evidente que essas instituições<br />
mereceriam outros tipos de intervenção, em outros<br />
níveis que não só o nível técnico, por parte de quem<br />
entende desse tipo de situação, de quem tem ferramentas<br />
e conhecimento para fazer uma intervenção<br />
muito mais qualificada para tentar, na pior das hipóteses,<br />
solucionar ou dar o direcionamento adequado<br />
para esses inúmeros conflitos que surgem por conta<br />
da característica dessas instituições. Só que o problema<br />
está na cultura das organizações. O problema<br />
está na falta de governança; essas organizações,<br />
por terem na sua essência, no seu objetivo principal,<br />
desempenho esportivo, resultado técnico, e pela ausência<br />
de estímulos externos que motivem um outro<br />
tipo de comportamento, então já têm por essência a<br />
busca de resultado esportivo, e aí todos os grupos<br />
com quem se relaciona, os torcedores, a imprensa<br />
e assim por diante, patrocinadores, enfim, também<br />
querem que o resultado esportivo aconteça.<br />
“O foco das organizações está<br />
fundamentalmente voltado para<br />
a área técnica, para a área de<br />
resultado”.<br />
Você acaba tendo então um viés da gestão,<br />
um viés da cultura, um viés do comportamento que<br />
privilegia esse tipo de atividade em detrimento a<br />
uma série de outras atividades. É o que a gente<br />
chama de foco técnico; então, o foco das organizações<br />
está fundamentalmente voltado para a<br />
área técnica, para a área de resultado. E a consequência<br />
disso, muito embora a consequência na<br />
área técnica seja interessante, porque você tem,<br />
se olhar em qualquer clube esportivo, a área que<br />
tem mais profissionais de fato, você não tem mais<br />
voluntário, profissionais, as diversas formações,<br />
enfim, intervenções, é a área técnica que é multidisciplinar<br />
e profissionalizada.<br />
“A gente percebe que a<br />
atuação no campo, na quadra, a<br />
intervenção técnica do psicólogo,<br />
ela já vem sendo reconhecida<br />
há algum tempo, muito embora<br />
possa evoluir, e possa ter um<br />
aprofundamento maior”.<br />
Mas quando vir, por exemplo, a gestão da<br />
organização, ela é totalmente voluntária, muitas<br />
vezes sem as devidas qualificações, enfim, é evidente<br />
que você tem então esse tipo de consequência<br />
e você retroalimenta todos esses conflitos<br />
que já mencionei. Estou dizendo tudo isso, e<br />
aqui vai uma rápida conclusão, até porque quero<br />
que depois haja tempo para a gente interagir, e o<br />
Marcelo ainda tem um monte de coisa para falar<br />
para vocês, mas é que eu acho que muito mais<br />
que a intervenção pontual de algum profissional,<br />
porque é evidente que a gente percebe que a atuação<br />
no campo, na quadra, a intervenção técnica<br />
do psicólogo, ela já vem sendo reconhecida há<br />
algum tempo, muito embora possa evoluir, e possa<br />
ter um aprofundamento maior, mas já existe,<br />
essa atividade já existe, mas é necessário que - e<br />
aí talvez não seja uma prerrogativa exclusiva de<br />
psicólogos, mas psicólogos com certeza - tenha<br />
uma interface no nível estratégico das organizações,<br />
podendo dar o encaminhamento adequado<br />
para essa série de conflitos que eu mencionei.<br />
“Há uma série de estudos,<br />
pesquisas em desenvolvimento<br />
nesse aspecto, que é o aspecto<br />
micro, digamos assim, mas tem<br />
que se pensar, a área tem que<br />
pensar em fazer intervenções em<br />
nível estratégico”.<br />
Só que nesse momento que a gente vive<br />
hoje há um conflito entre essa demanda e a<br />
questão da cultura e da governança das organizações<br />
que, por darem foco extremo à área<br />
técnica, não reconhecem esse tipo de demanda,<br />
ou não têm, ou não encontram meios para<br />
dar encaminhamento, para incluir esse tipo de