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38<br />

Debates<br />

José Aníbal Marques: Obrigado, Marcelo. Então<br />

pessoal, abrimos para as perguntas.<br />

Não identificado: Bom dia, sou formado em Gestão<br />

de Esportes, e mestre em Educação, então, a<br />

minha área da gestão esportiva vê esse lado educacional<br />

e social. A pergunta que eu queria dirigir ao<br />

professor Michel é a seguinte: dentro do mestrado<br />

tive acesso a um texto que falava sobre ilusão do<br />

conhecimento econômico nas últimas décadas<br />

no Brasil. Do ponto de vista da economia, o Brasil<br />

cresceu, chegou a estar entre as dez maiores<br />

economias do mundo e, automaticamente, como<br />

na fala do professor, o futebol também foi nessa<br />

linha, o futebol cresceu em termos de investimento,<br />

novas contratações, arenas etc., mas proporcionalmente<br />

o iDH não correspondeu, o nosso iDH<br />

está abaixo dos nossos vizinhos sul-americanos,<br />

e coincidentemente o futebol também está nessa<br />

mesma linha. Como você, gestor esportivo, do<br />

ponto de vista estratégico vê essa problemática,<br />

do crescimento econômico versus o, vamos dizer<br />

assim, iDH do futebol brasileiro?<br />

Michel Mattar: Primeiramente obrigado pela pergunta.<br />

Acho que na verdade nunca existe um único<br />

fator para explicar algum tipo de situação, são<br />

vários fatores, e vou tentar apontar alguns que eu<br />

acho que colaboram para esse tipo de situação. Primeiro,<br />

o futebol em particular, ele se tornou foco nos<br />

últimos anos, então houve uma concentração de investimentos<br />

que, talvez há mais de dez anos, estavam<br />

canalizados, ou estavam distribuídos entre outros<br />

setores, principalmente setor de comunicação.<br />

Esse tipo de setor acabou sendo canalizado, e<br />

isso contribuiu para esse aspecto, e acho que isso<br />

gerou um certo desequilíbrio em relação, talvez, à<br />

“O futebol concentrou recursos<br />

que estavam distribuídos<br />

em outros setores, e essa<br />

concentração não aconteceu em<br />

outros ramos da sociedade”.<br />

concentração de riqueza que a gente vê em outros<br />

setores no Brasil; o que eu estou querendo dizer,<br />

em outras palavras, é que o futebol concentrou<br />

recursos que estavam distribuídos em outros setores,<br />

e essa concentração não aconteceu em outros<br />

ramos da sociedade. Então, o baixo iDH que<br />

você menciona, talvez a concentração de riqueza<br />

que se reflete em outros setores, na maior parte<br />

dos setores da nossa sociedade, especificamente<br />

no esporte, até em função, como eu já mencionei,<br />

no discurso inicial, em função do esporte ter se tornado<br />

um negócio de fato, principalmente depois da<br />

entrada da televisão e patrocinadores e tudo mais,<br />

quer dizer, esse desenvolvimento do setor, que é<br />

algo que estava provavelmente estacionado, ou<br />

estava retido na verdade, dentro do setor esportivo,<br />

porque não era um setor fundamentalmente<br />

desenvolvido do ponto de vista de negócios, essa<br />

locação de recursos que aconteceu nos últimos<br />

vinte anos, realmente gerou um desequilíbrio, é o<br />

crescimento no setor esportivo, e como o professor<br />

Flávio colocou, fundamentalmente no futebol,<br />

porque nós somos um país esportivo, principalmente<br />

em termos de negócio, o que gera essa percepção<br />

e que puxa o futebol, e se este se tornou<br />

tão rico de repente, por que o resto da sociedade<br />

não acompanhou? Por conta disso, porque o futebol<br />

estava reprimido, não era um negócio comparando-se<br />

com outras ligas internacionais, campe-

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