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Finame

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Eu, que andei muito no interior, tive uma lição no interior do Ceará, que é quente<br />

demais. Eu fui ver um supermercado e ele estava até migrando para o interior,<br />

em Crateús. Os carros lá andavam com bujão de gás de cozinha, autorizado pelo<br />

Detran. E estou falando dos anos 2000. Aí, a senhora me mostrou o material todo<br />

de pintura, todo pago, quer dizer, ela adquiriu e estava chegando ao vencimento.<br />

Isso foi muito marcante na minha vida. Tinha desabado o teto do supermercado na<br />

véspera de inaugurar. Aí, eu falei para ela: “A senhora deve estar triste, é difícil”. E<br />

ela disse: “Vê se eu vou me deixar abater por causa do telhado”. A gente tira umas<br />

lições. De vez em quando eu me lembro dessa senhora. Isso era a vida toda, porque<br />

ela vendeu as coisas, fez um empréstimo, no caso, no Banco da área dela para fazer<br />

esse investimento, e entrou na justiça porque era erro de engenharia, mas ainda<br />

estava satisfeita que não tinha matado ninguém nem nada.<br />

Houve também casos pitorescos, em que o “jogo de cintura” foi fundamental.<br />

Teve uma vez, no Rio Grande do Norte, que o cara recebeu a gente com duas espingardas<br />

atrás dele. Aí eu mandei: “Isso aí é 16 ou 18 mm?”. Dei um chute: “É que eu<br />

atirava muito”. Se o cara desse na minha mão. Eu não saberia nem como usar. Aí o<br />

cara disse: “Ah, estava aqui, eu nem vi”. (risos)<br />

Hoje em dia somos mais bem recebidos; aquela turma dos coronéis já caiu bastante.<br />

Às vezes eles estão por trás e não querem nos receber, aí temos que jogar mais duro,<br />

mas é raro. Contam os mais antigos, que, certa vez, o engenheiro foi levado ao alto<br />

de um morro e lá o capataz perguntou: “Você está vendo?”, e ele disse “Não”. “Ah,<br />

Não pode ter mão de ferro. Temos que nos colocar<br />

no lugar do outro. Se não, para que o “S” do<br />

BNDES? É isso que falta na nova geração: roxo<br />

é roxo, lilás é lilás... não pode ser assim. E está<br />

faltando no país as pessoas entenderem um pouco<br />

o problema das outras.

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