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Novembro/2015 - Revista VOi 125

Grupo Jota Comunicação

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• HISTÓRIAS<br />

H ISTÓRIAS<br />

cURITIBANAS<br />

Adeus zapzap<br />

Não há quem discorde,<br />

este sem dúvida foi o século<br />

dos adventos tecnológicos.<br />

O computador e mais tarde<br />

a internet, que deixou tudo o<br />

que conhecíamos no chinelo,<br />

fez até mesmo a televisão<br />

perder o reinado. De uns anos<br />

para cá as redes sociais foram<br />

grandes aliadas para achar<br />

aqueles amigos que estavam<br />

afastados, o colega que nem<br />

lembrávamos da existência e<br />

o primo distante que mal dávamos<br />

oi no Natal. Agora está<br />

todo mundo junto de novo,<br />

compartilhando histórias e<br />

sabendo os detalhes do que<br />

acontece na vida de cada um.<br />

Aí paramos para pensar,<br />

melhor assim, não? A Diana,<br />

personagem dessa história,<br />

discordaria. Quando veio do interior para a capital em busca<br />

de melhores oportunidades de emprego não imaginava<br />

o quanto a internet a aborreceria. Mais especificamente<br />

um programinha específico - que ela mesmo não estava<br />

muito familiarizada - o zapzap.<br />

Quando finalmente conseguiu o tão disputado trabalho<br />

Diana se pôs à disposição para o que aparecesse.<br />

Mergulhou de cabeça naquela empreitada. Viajou longas<br />

distâncias, virou madrugadas trabalhando, desperdiçou<br />

finais de semana, feriados e perdeu até mesmo o aniversário<br />

do marido.<br />

Até aí estava tudo bem. O terror mesmo foi quando o<br />

zapzap entrou na vida dela. No início, ela até achava divertido,<br />

porque se comunicava com os amigos que estavam<br />

longe com bastante facilidade. Até sua mãe havia aderido<br />

à moda o que reduziu consideravelmente a conta de telefone.<br />

Mas quando o zapzap<br />

virou acessório de trabalho, foi<br />

o começo do fim.<br />

Diana não conseguia nem<br />

calcular em quantos grupos<br />

de trabalho havia sido inserida.<br />

De noite, quando estava<br />

em casa assistindo novela, o<br />

celular apitava. No sábado,<br />

saboreando um almoço com<br />

a família em Santa Felicidade,<br />

sentiu o bendito vibrar no<br />

bolso. Passeando com a sogra<br />

na Rua XV, não deu outra: o<br />

dever a chamou. E até mesmo<br />

na consulta médica, que havia<br />

avisado que estaria offline,<br />

insistiram por uma resposta.<br />

Ela estava enlouquecendo<br />

com tanta cobrança. Não<br />

podia dormir que o trabalho<br />

a chamava por meio daquele<br />

som que ela tinha passado a odiar. Foi então que tomou<br />

uma decisão! Começou a procurar no fundo das gavetas<br />

aquele celular antigo, um dos primeiros que adquiriu há<br />

uns 10 anos. Quando o encontrou encheu-se de felicidade,<br />

ele era grande, feio e nada moderno, mas a sensação foi a<br />

mesma de quando deu o primeiro beijo. Alegria descrevia<br />

muito bem o momento.<br />

Deu uma carga de bateria e torceu para ele ligar.<br />

Quando a luz acendeu sorriu e respirou aliviada. Mexeu<br />

nas configurações e confirmou: sem vestígios de internet.<br />

No dia seguinte teria que justificar no trabalho que não<br />

tinha mais como participar dos grupos do zapzap porque<br />

alguma fatalidade havia levado seu celular, mas isso não<br />

seria problema, ela tinha a noite inteira para bolar uma<br />

desculpa. Nessa hora ela percebeu como a criatividade<br />

supera a tecnologia.<br />

Texto: Larissa Angeli / Ilustração: Fernanda Domingues<br />

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