Gestão Hospitalar N.º 8 2016
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© FEDRA SANTOS<br />
tendo uma DPOC, ou uma insuficiência cardíaca ou uma<br />
insuficiência hepática ele é, a nível do internamento da<br />
responsabilidade da medicina interna e, todas as outras<br />
especialidades, servem apenas como prestadores numa<br />
consultoria numa área ou outra que tenham mais alguma<br />
especificidade. Isto significa deitar as portas das quintas<br />
abaixo e dizer que o internamento é gerido de um modo<br />
integrado em que não há um internamento que é da pneumologia<br />
apenas porque sim e há doentes com DPOC que<br />
vão para a pneumologia e outros que vão para a medicina<br />
interna e tudo isso. E permite além disso outra coisa que<br />
é encaramos a procura do internamento, que tem uma<br />
enorme sazonalidade ‒ enorme no sentido que tem uma<br />
enorme amplitude entre a máxima procura e a procura<br />
menor no inverno e no verão ‒, e podermos criar um conceito<br />
de que os hospitais não têm uma lotação de camas.<br />
Falar em lotação ‒ quando perguntam qual a lotação do<br />
Centro <strong>Hospitalar</strong> de S. João? Respondo: quero lá saber. Não<br />
sei nem me interessa. Quando muito podemos falar numa<br />
lotação média anual. Tem de ser consoante as necessidades.<br />
Ou seja, temos de ter capacidade no inverno de aumentar<br />
em 100 camas e no verão já tivemos situações em<br />
que diminuímos 300 ou mais camas e encerrámos pisos<br />
inteiros no hospital. Isso significa que temos também de<br />
olhar de outro modo, com outra visão, para a forma como<br />
organizamos o trabalho, como lidamos com as pessoas e<br />
encontrar formas de, sem pôr em causa dos direitos dos<br />
trabalhadores, remunerações dos profissionais, etc., termos<br />
flexibilidade na racionalização de recursos humanos.<br />
São necessárias mais horas de trabalho na maior procura<br />
e menos na menor procura. A forma como se organizam<br />
as férias, a forma como se pode organizar horas de bolsa,<br />
etc. permitem alguma flexibilidade para se quisermos, e<br />
se os profissionais quiserem, termos essa resposta.<br />
Isso é ainda mais importante, porque sempre que há excesso<br />
de procura e crises na Urgência, elas não são só da<br />
Urgência. São da Urgência e da capacidade que os hospitais<br />
têm de manter a Urgência vazia. Se os doentes chegarem<br />
a uma Urgência em grande quantidade e muitos<br />
deles precisarem de ser internados e ficarem na Urgência,<br />
porque não há capacidade de resposta no internamento, o<br />
caos está instalado. E, portanto, esse é um dos problemas<br />
mais importantes na resposta às situações de maior procura<br />
e a medicina interna é fulcral em tudo isso.<br />
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