Gestão Hospitalar N.º 8 2016
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te para a utilização de dispositivos de uso único reprocessados<br />
– para o processo de reprocessamento e reutilização<br />
dos dispositivos de uso único - nas mais variadas áreas, é<br />
uma outra oportunidade de reduzirmos significativamente<br />
a despesa. Por isso, nestas áreas que representam uma<br />
fatia muito grande da despesa no âmbito do SNS, políticas<br />
corajosas, reproduzindo aquilo que já foi feito em alguns<br />
dos hospitais, nomeadamente em hospitais do norte do<br />
país, terá um impacto enorme. Outra área é a área do medicamento<br />
prescrito no âmbito dos cuidados primários de<br />
saúde e no âmbito das comparticipações, mas essa não<br />
está no âmbito dos hospitais.<br />
GH: Foi nomeado como Coordenador Nacional<br />
para a reforma do Serviço Nacional de Saúde na<br />
área dos Cuidados de Saúde <strong>Hospitalar</strong>es. No domínio<br />
da reforma dos cuidados hospitalares, sabemos<br />
que a estratégia de mudança e melhoria<br />
não é simples e enfrentará muitos obstáculos.<br />
Em que medida este grupo de trabalho para a<br />
reforma dos cuidados hospitalares pode efetivamente<br />
fazer a diferença no Serviço Nacional<br />
de Saúde (SNS)? Pode concretizar por favor que<br />
áreas considera de intervenção prioritária?<br />
AF: De facto, o que poderá fazer a diferença no SNS, mais<br />
do que um qualquer grupo técnico, é o decisor político. É<br />
quem toma decisões que faz a diferença. O decisor é quem<br />
faz a diferença. No caso concreto, um grupo técnico não<br />
tem essa atribuição de competências decisórias, mas tão-<br />
-somente, o que já de si é muito difícil, a de ajudar a encontrar<br />
soluções quer do ponto de vista da operacionalização<br />
do programa do governo, porque é esse que conta e não é a<br />
opinião pessoal de cada um de nós, quer no que diz respeito<br />
à identificação de problemas que estão no terreno e que<br />
podem ser resolvidos utilizando os recursos disponíveis<br />
no SNS, pondo as pessoas a falar umas com as outras e<br />
encontrando algumas soluções que não são propriamente<br />
dependentes de abordagens políticas concetuais. É o caso<br />
das centralizações de urgências em várias regiões do país,<br />
principalmente nas grandes áreas metropolitanas, o caso<br />
de identificar problemas noutras áreas mais periféricas<br />
onde a capacidade de resposta dos cuidados primários de<br />
saúde pode ser menos adequada e onde alguma coordenação<br />
entre a coordenação dos cuidados hospitalares e<br />
a coordenação dos cuidados primários pode permitir que<br />
resolvendo um problema a jusante se consiga ultrapassar<br />
o problema que parece estar centrado a montante. A articulação<br />
com os cuidados continuados no terreno, seja no<br />
âmbito dos cuidados paliativos, seja no âmbito da abordagem<br />
do doente crónico, seja na prestação de cuidados<br />
domiciliários onde os hospitais também podem colaborar<br />
com a coordenação dos cuidados continuados. Este é um<br />
aspeto que é importante. Outros aspetos têm a ver com o<br />
desenhar de abordagens que estão previstas no programa<br />
do governo. Tudo porque o grupo chamado da reforma<br />
hospitalar não tem como objetivo criar uma estratégia.<br />
A estratégia está definida no programa do governo e é<br />
esse programa que sustenta a estratégia do Ministério da<br />
Saúde. O grupo da reforma hospitalar tem como objetivo,<br />
percebendo o que é o programa do governo e não lhe competindo<br />
discuti-lo, tentar encontrar e propor medidas que<br />
ajudem à concretização desse programa, tendo sempre<br />
presente que é fundamental a visão da sustentabilidade<br />
do SNS e em particular, no caso em concreto deste grupo,<br />
da área hospitalar.<br />
Deixe-me só dizer mais duas ou três coisas.<br />
É que é exatamente na área dos modelos de gestão que o<br />
programa do governo prevê Unidades Autónomas de <strong>Gestão</strong><br />
(UAG), Centros de Responsabilidade Integrada (CRI),<br />
autonomia e responsabilização da gestão hospitalar e da<br />
gestão intermédia nos hospitais, na área da abordagem<br />
racional da organização, das pessoas, dos recursos humanos.<br />
E, depois, no âmbito das políticas associadas às matérias,<br />
portanto políticas de consumo, e ainda, no âmbito<br />
da capacidade para criarmos sistemas de informação que<br />
permitam de facto gerir o SNS e de facto fazer benchmarking,<br />
digamos que estas três áreas são aquelas em que o<br />
grupo esteve a trabalhar e que apresentou no final do mês<br />
de janeiro ao Sr. Secretário de Estado Adjunto o resultado<br />
do seu trabalho.<br />
Portanto, o grupo tem como objetivo operacionalizar políticas<br />
de saúde que têm uma definição política governativa<br />
do executivo, não tem como objetivo inventar ou criar<br />
É que é exatamente na área<br />
dos modelos de gestão que<br />
o programa do governo<br />
prevê Unidades Autónomas<br />
de <strong>Gestão</strong> (UAG), Centros<br />
de Responsabilidade<br />
Integrada (CRI), autonomia<br />
e responsabilização da<br />
gestão hospitalar e da gestão<br />
intermédia nos hospitais,<br />
na área da abordagem racional<br />
da organização, das pessoas,<br />
dos recursos humanos.<br />
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