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participante de planos de previdência privada<br />
já é, por si só, um fator importante<br />
de inibição destas retiradas. “Além deste<br />
custo, ao fazer retiradas antecipadas os<br />
participantes consomem parte do capital<br />
angariado durante o período de contribuição<br />
e prejudicam o montante a ser recebido<br />
futuramente”, justifica a executiva.<br />
Seguindo essa linha, o comportamento<br />
em tempos de crise seria justamente<br />
o contrário. Ao invés de uma corrida<br />
desenfreada por saques, o consumidor<br />
se tornaria mais comedido. “Em cenários<br />
de instabilidade econômica, cresce<br />
a tendência de conservadorismo nos<br />
investimentos, o que também é refletido<br />
no cenário de previdência privada. Diante<br />
de incertezas na manutenção do emprego,<br />
muitos passam a investir em previdência<br />
com a intenção de oferecer boas condições<br />
para sua família no futuro, além de<br />
poder contar com uma reserva e renda em<br />
caso de imprevistos”, observa.<br />
Alexandre de Mattos Malho, superintendente<br />
comercial da Icatu Seguros,<br />
aposta em uma evolução histórica. O executivo<br />
enxerga uma mudança no decorrer<br />
dos anos, destacando o advento do VGBL,<br />
em 2003, que hoje representa, aproximadamente,<br />
90% do total da captação da<br />
companhia no território nacional. “De<br />
2003 até esse ano, as captações aumentaram<br />
muito. É importante lembrar que<br />
há 18, 20 anos, a previdência era somente<br />
complemento da aposentadoria.”, destaca.<br />
A verdade é que a previdência privada<br />
se tornou mais presente na vida dos<br />
brasileiros na última década. Os trabalhos<br />
de educação financeira começam a<br />
mostrar seus primeiros frutos com esses<br />
comportamentos mais centrados. “Além<br />
disso, há a conscientização por conta das<br />
mudanças da previdência social”, pontua<br />
a executiva da Mapfre.<br />
Outra questão importante, levantada<br />
por Malho, é o plano de sucessão. Muitos<br />
participantes estão usando esse mecanismo<br />
de previdência privada complementar<br />
para a questão de planejamento sucessório.<br />
“É por isso que não só a previdência<br />
privada cresce de forma salutar, mas para<br />
os próximos anos nós estamos vislumbrando<br />
esse crescimento ainda maior do<br />
que temos hoje.”<br />
É importante frisar que essa movimentação<br />
ocorre muito mais nos planos<br />
individuais do que nos empresariais. A<br />
previdência privada, apesar de sempre<br />
figurar no top 5 dos desejos dos funcionários,<br />
ainda não encontrou um lugar<br />
definitivo na cesta de benefícios, que<br />
fica cada vez mais básica conforme a<br />
crise se agrava. “A previdência continua<br />
sendo um benefício muito importante<br />
para atrair e manter profissionais e<br />
é natural que ela tenha adaptações,<br />
principalmente em grandes empresas,<br />
por conta de cenários adversos”, afirma<br />
Maristela. Ao invés da situação servir<br />
como desculpa, poderá ser um trunfo<br />
para quem tem condições de oferecer<br />
mais do que o concorrente na hora de<br />
conseguir o melhor profissional. Na<br />
maioria das vezes, o funcionário participa<br />
do pagamento desse plano, percebe o<br />
investimento sendo feito e essa poupança<br />
é convidativa e pode fazer até mesmo<br />
com que o funcionário fique na empresa<br />
por muito mais tempo, construindo uma<br />
carreira longínqua.<br />
Malho não vê a diferença entre<br />
captações de prêmios individuais e<br />
empresariais, que ficam em 75% e 25%,<br />
respectivamente, como uma perda na força<br />
da previdência privada como um benefício,<br />
mas concorda que o segmento tem<br />
crescido muito pouco. “Quando falamos<br />
em planos empresariais, nós falamos de<br />
uma empresa onde há inúmeras pessoas<br />
sob aquele guarda-chuva”, exemplifica o<br />
executivo da Icatu.<br />
A explicação, na visão dele, é que<br />
os planos contratados individualmente,<br />
principalmente por aqueles de alta renda,<br />
é que puxam o crescimento, principalmente<br />
no modelo VGBL.<br />
Além desses fatores, com a implementação<br />
da lei 11053/2004, as pessoas<br />
ganharam mais um benefício com a<br />
previdência privada: a tabela regressiva<br />
do imposto de renda. “Isso fez o mercado<br />
crescer, porque o público de alta renda<br />
procura muito utilizar essa tabela”, conta<br />
Malho.<br />
Possíveis desafios<br />
O que poderia fazer com que esses<br />
ventos mudassem para a previdência<br />
Foto: Carlos Della Rocca<br />
❙❙Maristela Gorayb, da Mapfre<br />
❙❙Edson Franco, da FenaPrevi<br />
❙❙Alexandre M. Malho, da Icatu Seguros<br />
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