You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
direto de londres<br />
por Luciano Máximo*<br />
Bola de cristal do<br />
resseguro mundial<br />
No mercado ressegurador, o futuro é<br />
mais que um conceito. É um componente<br />
praticamente concreto nos negócios, assim<br />
como a assinatura de uma apólice ou<br />
a entrega de um serviço contratado. Saber<br />
como vai estar o mundo nos próximos meses,<br />
nos próximos anos, não é tarefa fácil,<br />
mas é fundamental para o sucesso nesse<br />
setor, logo profissionais do resseguro estão<br />
sempre recorrendo às suas bolas de cristal.<br />
No fim do verão europeu, um grupo<br />
global de líderes resseguradores se reuniu<br />
no Principado de Mônaco para o tradicional<br />
Rendez-Vous Monte Carlo, maior<br />
encontro mundial do setor que ocorre<br />
desde 1957. A atividade que chamou mais<br />
atenção (o hot topic do evento) foi a tentativa<br />
de prever como estará o mercado de<br />
resseguros em dez anos. De maneira geral,<br />
as bolas de cristal de grandes executivos<br />
e corretores anteciparam que na próxima<br />
década o mercado ressegurador será marcado<br />
por movimentos de fluxos de capital<br />
e de talentos ainda mais rápidos e que os<br />
riscos serão tratados ainda mais como<br />
commodity. Além disso, uma resseguradora<br />
cumprirá cada vez mais um papel de<br />
consultoria aos clientes, não apenas cobrir<br />
sinistros, ponto que coloca desafios para<br />
o papel corretor de resseguros na cadeia<br />
do negócio.<br />
“Dez anos atrás, nós vimos a transição<br />
dos sindicatos diretos de resseguros<br />
[tradicionalíssimos compartilhadores de<br />
grandes riscos que atuam no Lloyd’s of<br />
London, por exemplo] e um monte de<br />
start-ups de resseguros abrindo capital<br />
em bolsas de valores. Isso resultou, agora,<br />
num volume enorme de capital de terceiros<br />
compondo diretamente os balanços das<br />
resseguradoras como subscrição de risco.<br />
20<br />
Em dez anos, o componente câmbio será<br />
muito mais interessante que agora para a<br />
indústria. Outra coisa que vai ser muito,<br />
muito importante, é que o lado consultivo<br />
do negócio vai crescer. A gente vai precisar<br />
dizer algo que os nossos clientes não<br />
sabem se quisermos crescer, temos que<br />
apresentar oportunidades que eles não<br />
têm. Nesse sentido, o papel do corretor vai<br />
mudar significativamente”, projeta David<br />
Flandro, chefe de análises da JLT Re.<br />
Davied Priebe, vice-presidente da<br />
Guy Carpenter, também foca o lado financeiro<br />
do negócio em suas previsões.<br />
“Eu acho que continuaremos a ter um<br />
processo de transformação do setor, com<br />
um mercado cada vez mais dinâmico,<br />
com um maior e mais livre fluxo de capital<br />
e investidores. Temos que continuar<br />
convencendo os investidores que o seguro<br />
é um ativo importante e abrangente, do<br />
ponto de vista de classe de investimento e<br />
de garantia de risco”, prevê Priebe.<br />
De olho no futuro dos fundamentos<br />
macroeconômicos do mundo nos<br />
próximos anos, o economista-chefe da<br />
Swiss Re, Kurt Karl, aposta nos mercados<br />
emergentes como grande fonte de<br />
receitas para as grandes resseguradoras<br />
globais, principalmente China. Ele também<br />
vê um cenário com taxas de juros<br />
mais favoráveis para os investimentos<br />
das companhias. “Não estou esperando<br />
que o Fed [Banco Central dos Estados<br />
Unidos] suba juros na semana que vem,<br />
mas é algo que acontecerá no fim do ano,