You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
cruzam, a população está envelhecendo.<br />
Cabe a nós descobrir como fazer as<br />
coisas de forma diferente. Se fizermos<br />
as coisas da maneira antiga, elas não<br />
funcionarão bem. Mas se respondermos<br />
à transição demográfica, com mudança de<br />
instituições, cidades e famílias, teremos<br />
oportunidade porque é o que os idosos<br />
são”, concluiu<br />
A pesquisa desenvolvida em Nova<br />
York aponta que os idosos que deixam<br />
de trabalhar sentem falta dos amigos de<br />
profissão e de algo para fazer todos os<br />
dias. Eles querem e precisam ocupar seu<br />
tempo. Além disso, a questão financeira<br />
também é crucial, pois o dinheiro da seguridade<br />
social não é suficiente para que<br />
eles conduzam sua vida nessa nova fase.<br />
Pensando nisso, o projeto começou<br />
um programa para mapear as empresas<br />
que valorizam todas as idades e que<br />
exaltam a troca de experiências e aprendizados.<br />
Hoje, isso ainda é incipiente<br />
porque a mão-de-obra a partir dos 50<br />
anos já começa a ser descartada e é<br />
preciso fazer um esforço para que essas<br />
empresas voltem a perceber o valor que<br />
tem um profissional com mais tempo de<br />
carreira. Além disso, muitas profissões<br />
têm se tornado mais escassas. “A situação<br />
é que os jovens também estão deixando<br />
de aprender muita coisa. Jovens não estão<br />
se tornando encanadores, pedreiros. Mas<br />
alguém precisa construir os prédios e<br />
precisa ser alguém que tenha habilidades<br />
para isso... Mas eles só querem ser<br />
empresários”, lamentou Ruth. Para a<br />
❙❙Marcio Coriolano<br />
pesquisadora, esses profissionais podem<br />
enriquecer e ajudar a empresa a ter mais<br />
sucesso com sua expertise. Embora o estudo<br />
tenha sido feito em Nova York, Ruth<br />
reiterou que esse movimento é global e<br />
que suas soluções podem ser aplicadas<br />
em outras nações.<br />
Questões de trabalho<br />
A escritora Márcia Tavares, autora<br />
do livro “Trabalho e Longevidade: como<br />
o novo regime demográfico vai mudar<br />
a gestão de pessoas e a organização do<br />
trabalho”, indagou: e se todos os baby<br />
boomers (nascidos entre 1946 e 1964)<br />
se aposentarem em massa? Ela mesma<br />
responde: a aposentadoria precoce poderia<br />
desestruturar o mercado de trabalho,<br />
bem como a previdência social, que não<br />
teria condições de arcar com esses novos<br />
integrantes todos de uma vez.<br />
Outra questão importante é que<br />
“tantas gerações trabalhando juntas ao<br />
mesmo tempo é muito importante para<br />
que seja mantida uma boa gestão da<br />
força de trabalho”, comenta. Para esses<br />
longevos não há motivos para parar ou<br />
abandonar o trabalho. Se eles fizerem isso,<br />
acabam ficando deprimidos ao se afastar<br />
da atividade. Eles continuam produtivos e<br />
criativos e isso não deve ser desperdiçado,<br />
além de ser uma oportunidade para as<br />
empresas que precisam da mão-de-obra<br />
qualificada e muitas vezes não percebem<br />
isso. “Nós mudamos o perfil, mas não a<br />
mentalidade. Continuamos com a história<br />
que torna difícil para o jovem arrumar um<br />
trabalho por causa da falta de experiência,<br />
mas ainda descartamos os mais velhos<br />
que já têm essa bagagem. São questões<br />
que herdamos, aceitamos e não sabemos<br />
exatamente porque, a sociedade ainda não<br />
questiona e não muda”, constata Márcia.<br />
Durante discussão sobre o assunto,<br />
esteve presente também Gabriel Martinez,<br />
cineasta e autor do filme Envelhescência,<br />
que retrata justamente o que o<br />
Fórum propõe: ver o idoso como um ser<br />
capaz e dono de suas próprias vontades,<br />
nunca achando que se está velho demais<br />
para algo. “A conclusão de se achar velho<br />
demais para algo é nociva. A personagem<br />
que começou a surfar com 58 anos, por<br />
exemplo, mudou minha perspectiva.<br />
Temos que encarar as limitações, mas<br />
❙❙Jair Lacerda<br />
sempre existirá uma porta aberta para<br />
você, algo que você possa fazer”, afirmou<br />
o cineasta.<br />
Para o mercado de seguros, a longevidade<br />
traz desafios e oportunidades. A<br />
carteira de saúde da Bradesco, por exemplo,<br />
hoje conta com 257 segurados acima<br />
dos 100 anos. É um número grande e que<br />
deve crescer ao longo do tempo. Por isso,<br />
é importante que esses envelheçam bem e<br />
que o trabalho seja algo produtivo, como<br />
acredito Marcio Coriolano, presidente da<br />
Bradesco Saúde. “É preciso focar na rede<br />
de atendimento, é disso que se trata. Saúde<br />
não é cura, é prevenção, consciência<br />
e solidariedade entre as pessoas. Se isso<br />
correr bem, não há estresse de trabalho<br />
que vá agravar a carteira, pelo contrário<br />
teremos seres humanos mais repletos e<br />
felizes”, acredita.<br />
O mercado de previdência privada,<br />
conforme conta Jair Lacerda, diretor de<br />
Vida e Previdência da seguradora, também<br />
deve trazer ao setor soluções que<br />
beneficiem essa nova maneira de organização<br />
da sociedade. “As pessoas ainda<br />
vão viver muito, mas precisamos reverter<br />
esse quadro em que há mais gente dependente<br />
do que produzindo”, alerta. Por isso,<br />
a prevenção citada vem também nessa<br />
carteira. Hoje, idosos gastam em cinco<br />
anos em questões de saúde praticamente<br />
o mesmo montante que gastaram durante<br />
toda a vida. Uma previdência planejada<br />
pode ser a salvaguarda dessas pessoas<br />
e fazer crescer a taxa de longevos com<br />
independência financeira, prontos para<br />
consumir e fazer o mercado girar.<br />
41