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revista Apólice #205

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cruzam, a população está envelhecendo.<br />

Cabe a nós descobrir como fazer as<br />

coisas de forma diferente. Se fizermos<br />

as coisas da maneira antiga, elas não<br />

funcionarão bem. Mas se respondermos<br />

à transição demográfica, com mudança de<br />

instituições, cidades e famílias, teremos<br />

oportunidade porque é o que os idosos<br />

são”, concluiu<br />

A pesquisa desenvolvida em Nova<br />

York aponta que os idosos que deixam<br />

de trabalhar sentem falta dos amigos de<br />

profissão e de algo para fazer todos os<br />

dias. Eles querem e precisam ocupar seu<br />

tempo. Além disso, a questão financeira<br />

também é crucial, pois o dinheiro da seguridade<br />

social não é suficiente para que<br />

eles conduzam sua vida nessa nova fase.<br />

Pensando nisso, o projeto começou<br />

um programa para mapear as empresas<br />

que valorizam todas as idades e que<br />

exaltam a troca de experiências e aprendizados.<br />

Hoje, isso ainda é incipiente<br />

porque a mão-de-obra a partir dos 50<br />

anos já começa a ser descartada e é<br />

preciso fazer um esforço para que essas<br />

empresas voltem a perceber o valor que<br />

tem um profissional com mais tempo de<br />

carreira. Além disso, muitas profissões<br />

têm se tornado mais escassas. “A situação<br />

é que os jovens também estão deixando<br />

de aprender muita coisa. Jovens não estão<br />

se tornando encanadores, pedreiros. Mas<br />

alguém precisa construir os prédios e<br />

precisa ser alguém que tenha habilidades<br />

para isso... Mas eles só querem ser<br />

empresários”, lamentou Ruth. Para a<br />

❙❙Marcio Coriolano<br />

pesquisadora, esses profissionais podem<br />

enriquecer e ajudar a empresa a ter mais<br />

sucesso com sua expertise. Embora o estudo<br />

tenha sido feito em Nova York, Ruth<br />

reiterou que esse movimento é global e<br />

que suas soluções podem ser aplicadas<br />

em outras nações.<br />

Questões de trabalho<br />

A escritora Márcia Tavares, autora<br />

do livro “Trabalho e Longevidade: como<br />

o novo regime demográfico vai mudar<br />

a gestão de pessoas e a organização do<br />

trabalho”, indagou: e se todos os baby<br />

boomers (nascidos entre 1946 e 1964)<br />

se aposentarem em massa? Ela mesma<br />

responde: a aposentadoria precoce poderia<br />

desestruturar o mercado de trabalho,<br />

bem como a previdência social, que não<br />

teria condições de arcar com esses novos<br />

integrantes todos de uma vez.<br />

Outra questão importante é que<br />

“tantas gerações trabalhando juntas ao<br />

mesmo tempo é muito importante para<br />

que seja mantida uma boa gestão da<br />

força de trabalho”, comenta. Para esses<br />

longevos não há motivos para parar ou<br />

abandonar o trabalho. Se eles fizerem isso,<br />

acabam ficando deprimidos ao se afastar<br />

da atividade. Eles continuam produtivos e<br />

criativos e isso não deve ser desperdiçado,<br />

além de ser uma oportunidade para as<br />

empresas que precisam da mão-de-obra<br />

qualificada e muitas vezes não percebem<br />

isso. “Nós mudamos o perfil, mas não a<br />

mentalidade. Continuamos com a história<br />

que torna difícil para o jovem arrumar um<br />

trabalho por causa da falta de experiência,<br />

mas ainda descartamos os mais velhos<br />

que já têm essa bagagem. São questões<br />

que herdamos, aceitamos e não sabemos<br />

exatamente porque, a sociedade ainda não<br />

questiona e não muda”, constata Márcia.<br />

Durante discussão sobre o assunto,<br />

esteve presente também Gabriel Martinez,<br />

cineasta e autor do filme Envelhescência,<br />

que retrata justamente o que o<br />

Fórum propõe: ver o idoso como um ser<br />

capaz e dono de suas próprias vontades,<br />

nunca achando que se está velho demais<br />

para algo. “A conclusão de se achar velho<br />

demais para algo é nociva. A personagem<br />

que começou a surfar com 58 anos, por<br />

exemplo, mudou minha perspectiva.<br />

Temos que encarar as limitações, mas<br />

❙❙Jair Lacerda<br />

sempre existirá uma porta aberta para<br />

você, algo que você possa fazer”, afirmou<br />

o cineasta.<br />

Para o mercado de seguros, a longevidade<br />

traz desafios e oportunidades. A<br />

carteira de saúde da Bradesco, por exemplo,<br />

hoje conta com 257 segurados acima<br />

dos 100 anos. É um número grande e que<br />

deve crescer ao longo do tempo. Por isso,<br />

é importante que esses envelheçam bem e<br />

que o trabalho seja algo produtivo, como<br />

acredito Marcio Coriolano, presidente da<br />

Bradesco Saúde. “É preciso focar na rede<br />

de atendimento, é disso que se trata. Saúde<br />

não é cura, é prevenção, consciência<br />

e solidariedade entre as pessoas. Se isso<br />

correr bem, não há estresse de trabalho<br />

que vá agravar a carteira, pelo contrário<br />

teremos seres humanos mais repletos e<br />

felizes”, acredita.<br />

O mercado de previdência privada,<br />

conforme conta Jair Lacerda, diretor de<br />

Vida e Previdência da seguradora, também<br />

deve trazer ao setor soluções que<br />

beneficiem essa nova maneira de organização<br />

da sociedade. “As pessoas ainda<br />

vão viver muito, mas precisamos reverter<br />

esse quadro em que há mais gente dependente<br />

do que produzindo”, alerta. Por isso,<br />

a prevenção citada vem também nessa<br />

carteira. Hoje, idosos gastam em cinco<br />

anos em questões de saúde praticamente<br />

o mesmo montante que gastaram durante<br />

toda a vida. Uma previdência planejada<br />

pode ser a salvaguarda dessas pessoas<br />

e fazer crescer a taxa de longevos com<br />

independência financeira, prontos para<br />

consumir e fazer o mercado girar.<br />

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