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tar profissionais negros para<br />
empresas. Eles nos ajudaram<br />
muito no processo <strong>de</strong> seleção.<br />
No ponto <strong>de</strong> partida, precisa<br />
ter cota, sim. A gente sempre<br />
tem 20 estagiários negros e, em<br />
cada área, tem um mentor”,<br />
conta John.<br />
De acordo com o presi<strong>de</strong>nte<br />
da agência, a qualida<strong>de</strong> das vivências<br />
<strong>de</strong>sses grupos é muito<br />
rica. “No planejamento, por<br />
exemplo, fizeram um grupo <strong>de</strong><br />
leitura. Porque, como a Joanna<br />
bem disse, existe um gap entre<br />
a qualida<strong>de</strong> do ensino que eu<br />
tive versus a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino<br />
que um estudante negro, na<br />
<strong>maio</strong>ria das vezes, tem. Se não<br />
tem um sistema, a coisa não vai<br />
para a frente”, fala. John <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
que o projeto seja ampliado<br />
para o mercado como um todo<br />
e não fique apenas em ações<br />
pontuais da agência na qual ele<br />
trabalha. “Eu tenho 20 estagiários<br />
negros sendo muito bem<br />
treinados, mas eu não vou conseguir<br />
absorver todos. Outras<br />
agências <strong>de</strong>veriam entrar nisso.<br />
Deveria ser um programa perpétuo.<br />
Tornar as agências mais<br />
diversas vai levar anos. Mas se<br />
os primeiros passos forem mais<br />
mercadológicos a gente tem<br />
uma chance <strong>maio</strong>r”, afirma.<br />
A P&G, por exemplo, apoia<br />
a educação <strong>de</strong> base, por meio<br />
<strong>de</strong> uma parceria com o Instituto<br />
Ayrton Senna, mas ainda<br />
enfrenta muitos <strong>de</strong>safios para<br />
conseguir contratar um público<br />
mais diversificado. “Um<br />
dos <strong>de</strong>safios é que a empresa<br />
só contrata <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s.<br />
Ela não pega um profissional<br />
do mercado. As pessoas são<br />
treinadas lá <strong>de</strong>ntro. Então, para<br />
diversificar o público, a gente<br />
começou a expandir as faculda<strong>de</strong>s<br />
das quais contratávamos”,<br />
conta diretora <strong>de</strong> comunicação<br />
e marketing da P&G, Poliana<br />
Sousa.<br />
Loredana Sarcinella, da Samsung: “Temos trabalhado local e globalmente para incluir nas campanhas”<br />
A executiva também citou<br />
que o programa Jovem Aprendiz<br />
tem ajudado a trazer esses<br />
jovens mais cedo para a empresa.<br />
“A gente multiplicou por <strong>de</strong>z<br />
nos últimos anos para começar<br />
muito atrás. Lá tem curso, mentoria,<br />
e muitos <strong>de</strong>pois conseguem<br />
passar no processo seletivo.<br />
É um <strong>de</strong>safio claro para a<br />
gente”, fala a diretora da P&G.<br />
Outro problema apontado<br />
pela executiva é que empresas<br />
globais têm campanhas que<br />
vêm <strong>de</strong> fora e, muitas vezes,<br />
elas não representam o brasileiro.<br />
“A gente trabalha com muitas<br />
campanhas globais, com o<br />
loirinho <strong>de</strong> olho azul, com cara<br />
<strong>de</strong> alemão, e não reflete a nossa<br />
realida<strong>de</strong>”, fala. Como exemplo<br />
“torNar as<br />
agêNcias mais<br />
diversas vai<br />
levar aNos. mas<br />
se os primeiros<br />
passos forem mais<br />
mercadológicos<br />
a geNte tem uma<br />
chaNce <strong>maio</strong>r”<br />
ela falou <strong>de</strong> Pantene, que começou<br />
com Gisele Bündchen<br />
como garota-propaganda. “Não<br />
tinha uma negra na campanha.<br />
A gente <strong>de</strong>u a volta por cima e<br />
agora a gente viu o sucesso que<br />
foi o lançamento <strong>de</strong> cachos”,<br />
afirma.<br />
“As pessoas querem se ver,<br />
mas, muitas vezes, só colocar<br />
um negro ou uma negra na comunicação<br />
não é a questão.<br />
Você ouve que as pessoas não<br />
se sentem representadas. ‘Isso<br />
não fala comigo e você não está<br />
enten<strong>de</strong>ndo nada do que acontece<br />
aqui’, elas falam. As verda<strong>de</strong>s<br />
da marca vão ter <strong>de</strong> ser<br />
buscadas mesmo. Não dá para<br />
fazer qualquer coisa”, completa<br />
Joanna.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 93