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Óbito <strong>JUNHO</strong> <strong>2018</strong> 25 Henrique Moura: bracarense e minhoto de corpo com alma V COSTA GUIMARÃES [jornalista] (*) ex-director do Jornal Correio do Minho Começo por citar Vítor Sousa, ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Braga, afirmando que Henrique Moura é — foi é passado — “verdadeiramente um amigo. Hoje ficamos todos mais pobres”. calabro de João Casanova. Para trás ficava uma longa carreira de Técnico Especialista Postal nos CTT, após concluir os seus estudos no seu “Sá de Miranda”. Henrique Moura é um homem da política, poucos a serviram como ele e nunca dela se serviu, devido ao seu carácter, dignidade e verticalidade. São valores que fizeram com que conquistasse amigos e respeito em todos os quadrantes. Bonacheirão e sorridente, não O “Braga à Mesa”, foi organizado pelo seu pelouro das Actividades Económicas e Turismo, em quatro fins-de-semana, com cardápios do que de melhor se faz na região ao nível da gastronomia e enologia regionais, com a adesão de oito museus que ofereceram aos clientes 50% de desconto no acesso mais três núcleos museológicos de acesso livre. Precisamente há dez anos, Henrique Moura travou uma das suas maiores batalhas — sem apoio de Francisco Sampaio, no Alto Minho: com ele, Braga rismo do Norte, porque “faz desaparecer o Minho como marca turística”. As regiões de turismo “foram criadas e financiadas pelas autarquias” e só a estas cabe decidir a sua eventual extinção. Mais, a criação da Região de Turismo do Norte privilegia, financeiramente, o desenvolvimento turístico do Douro, em prejuízo dos restantes destinos turísticos da região, caso do Minho. O tempo veio dar-lhe razão antes do tempo. Era um homem íntegro e com- Também podemos afirmar que é um farol de comportamento socialista e humanista. Bastava lembrar os anos – muitos – em que foi o presidente da Associação de Festas de S. João, roteiro excelso e singular da cultura popular de Braga (como a foto de Hugo Delgado evoca). Mas, deixem que vos diga — por experiência própria — é um Homem íntegro, leal e servidor da causa pública. (Declaração de interesses: foi presidente do Conselho de Administração da Editora Correio do Minho quando iniciava o meu serviço de chefe de redacção e depois Director do jornal Correio do Minho, desde 1991 até 2007, iniciando um período de estabilidade maior). Então, Henrique Moura era vereador da Câmara Municipal, liderada por Mesquita Machado, com os vereadores Basílio Abrantes, José Gomes, Neto Gouveia, Nuno Alpoim e Maria do Céu de Sousa Fernandes. Depois, deste mandato, foi eleito pelos seus pares autarcas para a presidência da Região de Turismo Verde Minho, salva da extinção por outro socialista Gomes dos Santos, após o des- foi um político grande porque é um Homem, com um amor e orgulho incondicional pelas filhas e netos aos quais não poupava um momento para os estimular. Uma das suas últimas iniciativas — agora copiosamente copiadas — foi a adesão de 47 restaurantes ao “Braga à Mesa”, para promover a gastronomia regional, misturando-lhe uma pi(men) tada de cultura, para responder a quebras de 50% na restauração, no auge da crise económica que atingiu Portugal. Nessa altura, já era ex-presidente da Região de Turismo Verde Minho mas membro da comissão instaladora da nova estrutura para o turismo do Porto e Norte de Portugal, mas queria responder a violentos decréscimos no ramo da restauração. e o Minho sofreram uma pesada derrota, com a agravante de ser perpetrada por um governo socialista. O Minho assistiu, em 2008, à extinção das duas comissões regionais de turismo — a Verde Minho e a Alto Minho —, no âmbito da proposta da CCDRN para a criação da Região de Turismo do Norte. Esta estratégia, contudo, divide os actuais responsáveis minhotos. Henrique Moura defende a criação de uma Região de Turismo do Minho, mas Francisco Sampaio, do Alto Minho, aplaude a estratégia da CCDRN de uma região única no Norte do país. Henrique Moura condenou a criação da uma Região de Tu- petente, que se destacou dignamente nos cargos públicos que desempenhou. Adepto incondicional do Sporting de Braga, era um militante do PS que dizia o que pensava, coerentemente. O Henrique foi traído pelo coração, mas Braga perde um leal cidadão inconformado. A Família perde um pai e um avô babado! “A minha neta Ana Alexandra terminou hoje o Mestrado em Psicologia, parabéns minha doçura linda e que tenhas um futuro muito, muito risonho, tu mereces ser feliz!” — escrevia Henrique Moura num dos últimos posts do Facebook. Agora, desejo que sejas feliz, mereces, por tudo o que fizeste por mim e pelos bracarenses.