JUNHO 2018 - Nº 242
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Óbito<br />
<strong>JUNHO</strong> <strong>2018</strong> 25<br />
Henrique Moura:<br />
bracarense e minhoto de corpo com alma<br />
V COSTA GUIMARÃES<br />
[jornalista] (*)<br />
ex-director do Jornal<br />
Correio do Minho<br />
Começo por citar Vítor Sousa,<br />
ex-vice-presidente da Câmara<br />
Municipal de Braga, afirmando<br />
que Henrique Moura é — foi é<br />
passado — “verdadeiramente<br />
um amigo. Hoje ficamos todos<br />
mais pobres”.<br />
calabro de João Casanova.<br />
Para trás ficava uma longa carreira<br />
de Técnico Especialista<br />
Postal nos CTT, após concluir<br />
os seus estudos no seu “Sá de<br />
Miranda”.<br />
Henrique Moura é um homem<br />
da política, poucos a serviram<br />
como ele e nunca dela se serviu,<br />
devido ao seu carácter, dignidade<br />
e verticalidade. São valores<br />
que fizeram com que conquistasse<br />
amigos e respeito em todos<br />
os quadrantes.<br />
Bonacheirão e sorridente, não<br />
O “Braga à Mesa”, foi organizado<br />
pelo seu pelouro das Actividades<br />
Económicas e Turismo,<br />
em quatro fins-de-semana, com<br />
cardápios do que de melhor se<br />
faz na região ao nível da gastronomia<br />
e enologia regionais, com<br />
a adesão de oito museus que<br />
ofereceram aos clientes 50% de<br />
desconto no acesso mais três<br />
núcleos museológicos de acesso<br />
livre.<br />
Precisamente há dez anos,<br />
Henrique Moura travou uma das<br />
suas maiores batalhas — sem<br />
apoio de Francisco Sampaio,<br />
no Alto Minho: com ele, Braga<br />
rismo do Norte, porque “faz desaparecer<br />
o Minho como marca<br />
turística”.<br />
As regiões de turismo “foram<br />
criadas e financiadas pelas autarquias”<br />
e só a estas cabe decidir<br />
a sua eventual extinção.<br />
Mais, a criação da Região de Turismo<br />
do Norte privilegia, financeiramente,<br />
o desenvolvimento<br />
turístico do Douro, em prejuízo<br />
dos restantes destinos turísticos<br />
da região, caso do Minho. O<br />
tempo veio dar-lhe razão antes<br />
do tempo.<br />
Era um homem íntegro e com-<br />
Também podemos afirmar que<br />
é um farol de comportamento<br />
socialista e humanista. Bastava<br />
lembrar os anos – muitos – em<br />
que foi o presidente da Associação<br />
de Festas de S. João, roteiro<br />
excelso e singular da cultura<br />
popular de Braga (como a foto<br />
de Hugo Delgado evoca).<br />
Mas, deixem que vos diga — por<br />
experiência própria — é um Homem<br />
íntegro, leal e servidor da<br />
causa pública.<br />
(Declaração de interesses: foi<br />
presidente do Conselho de Administração<br />
da Editora Correio<br />
do Minho quando iniciava o meu<br />
serviço de chefe de redacção e<br />
depois Director do jornal Correio<br />
do Minho, desde 1991 até 2007,<br />
iniciando um período de estabilidade<br />
maior).<br />
Então, Henrique Moura era vereador<br />
da Câmara Municipal,<br />
liderada por Mesquita Machado,<br />
com os vereadores Basílio<br />
Abrantes, José Gomes, Neto<br />
Gouveia, Nuno Alpoim e Maria<br />
do Céu de Sousa Fernandes.<br />
Depois, deste mandato, foi eleito<br />
pelos seus pares autarcas<br />
para a presidência da Região<br />
de Turismo Verde Minho, salva<br />
da extinção por outro socialista<br />
Gomes dos Santos, após o des-<br />
foi um político grande porque é<br />
um Homem, com um amor e orgulho<br />
incondicional pelas filhas<br />
e netos aos quais não poupava<br />
um momento para os estimular.<br />
Uma das suas últimas iniciativas<br />
— agora copiosamente copiadas<br />
— foi a adesão de 47 restaurantes<br />
ao “Braga à Mesa”, para<br />
promover a gastronomia regional,<br />
misturando-lhe uma pi(men)<br />
tada de cultura, para responder<br />
a quebras de 50% na restauração,<br />
no auge da crise económica<br />
que atingiu Portugal.<br />
Nessa altura, já era ex-presidente<br />
da Região de Turismo Verde<br />
Minho mas membro da comissão<br />
instaladora da nova estrutura<br />
para o turismo do Porto e<br />
Norte de Portugal, mas queria<br />
responder a violentos decréscimos<br />
no ramo da restauração.<br />
e o Minho sofreram uma pesada<br />
derrota, com a agravante de<br />
ser perpetrada por um governo<br />
socialista.<br />
O Minho assistiu, em 2008, à<br />
extinção das duas comissões<br />
regionais de turismo — a Verde<br />
Minho e a Alto Minho —, no<br />
âmbito da proposta da CCDRN<br />
para a criação da Região de Turismo<br />
do Norte.<br />
Esta estratégia, contudo, divide<br />
os actuais responsáveis minhotos.<br />
Henrique Moura defende a<br />
criação de uma Região de Turismo<br />
do Minho, mas Francisco<br />
Sampaio, do Alto Minho, aplaude<br />
a estratégia da CCDRN de<br />
uma região única no Norte do<br />
país.<br />
Henrique Moura condenou a<br />
criação da uma Região de Tu-<br />
petente, que se destacou dignamente<br />
nos cargos públicos que<br />
desempenhou. Adepto incondicional<br />
do Sporting de Braga, era<br />
um militante do PS que dizia o<br />
que pensava, coerentemente.<br />
O Henrique foi traído pelo coração,<br />
mas Braga perde um leal cidadão<br />
inconformado. A Família<br />
perde um pai e um avô babado!<br />
“A minha neta Ana Alexandra<br />
terminou hoje o Mestrado em<br />
Psicologia, parabéns minha<br />
doçura linda e que tenhas um<br />
futuro muito, muito risonho, tu<br />
mereces ser feliz!” — escrevia<br />
Henrique Moura num dos últimos<br />
posts do Facebook.<br />
Agora, desejo que sejas feliz,<br />
mereces, por tudo o que fizeste<br />
por mim e pelos bracarenses.