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edição de 15 de outubro de 2018

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marketing & negócios<br />

BrianAJackson/iStock<br />

De tempos em tempos<br />

lembra-se do óbvio<br />

O dia a dia geralmente é muito<br />

conservador e repetitivo<br />

Rafael Sampaio<br />

Em uma ativida<strong>de</strong> que constantemente<br />

promove sua criativida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> inovação, como a publicida<strong>de</strong>, o dia a dia<br />

geralmente é muito conservador e repetitivo,<br />

além do que é comum a proposição <strong>de</strong><br />

falsas novida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> “<strong>de</strong>scobertas” que na<br />

realida<strong>de</strong> são abordagens, práticas e soluções<br />

tradicionais <strong>de</strong>vidamente recicladas –<br />

e mesmo sem nenhuma dose <strong>de</strong> evolução.<br />

Não é raro, inclusive, que algumas <strong>de</strong>ssas<br />

novas proposições sejam absolutamente<br />

óbvias e até básicas, que jamais <strong>de</strong>veriam<br />

ser esquecidas ou <strong>de</strong>ixadas à parte, mas<br />

que acabam sendo abandonadas <strong>de</strong>vido à<br />

ânsia <strong>de</strong> propor e usar coisas novas que domina<br />

nossa ativida<strong>de</strong>.<br />

Por isso é comum, no contraponto <strong>de</strong>sse<br />

hábito <strong>de</strong> hipervalorizar o novo, que<br />

<strong>de</strong> tempos em tempos lembre-se do óbvio<br />

– às vezes até mesmo o chamado “óbvio<br />

ululante” disseminado pelas cortantes<br />

crônicas <strong>de</strong> Nelson Rodrigues. Na área <strong>de</strong><br />

mídia, isso é dramaticamente frequente,<br />

pois, por mais que se sofistique e se proponham<br />

novas abordagens, regularmente<br />

alguém encontra o óbvio no meio <strong>de</strong><br />

seu caminho, como muito bem <strong>de</strong>screveu<br />

Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> em um <strong>de</strong> seus<br />

mais famosos poemas.<br />

Recentemente foi lançado um whitepaper<br />

preparado pelo The Drum Studios (especializado<br />

em criação <strong>de</strong> conteúdos para<br />

marcas) e pela martech Gum gum, com o<br />

sugestivo nome <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> contextual:<br />

a nova fronteira, que foi elaborado com<br />

base em pesquisa feita com 116 executivos<br />

do Reino Unido e Estados Unidos responsáveis<br />

pela publicida<strong>de</strong> digital em suas<br />

empresas.<br />

O pretexto para a preparação do documento<br />

foi a entrada em vigor da GPPR na<br />

Europa, que a exemplo da legislação do<br />

estado da Califórnia e também do Brasil,<br />

limita a possibilida<strong>de</strong> dos anunciantes usarem<br />

como estratégia e tática <strong>de</strong> mídia os famosos<br />

algoritmos que cercam os usuários<br />

da internet com uma irritante enxurrada<br />

<strong>de</strong> mensagens com base em seu comportamento<br />

<strong>de</strong> navegação.<br />

Além <strong>de</strong>ssa lei que limita os abusos no<br />

emprego da publicida<strong>de</strong> digital enfrenta-se<br />

os sucessivos escândalos do mau uso dos<br />

dados dos consumidores pelo Facebook,<br />

Twitter e outras re<strong>de</strong>s sociais, que já causaram<br />

redução importante nas verbas a elas<br />

<strong>de</strong>stinadas e a até a inesperada interrupção<br />

do Google+, por sua corporação.<br />

O que o documento propõe é a mais do<br />

que óbvia abordagem secular <strong>de</strong> planejamento<br />

<strong>de</strong> mídia: inserir as mensagens publicitárias<br />

no melhor contexto <strong>de</strong> veículos,<br />

programas e posições, <strong>de</strong> forma a empregar<br />

a melhor <strong>de</strong>mografia, psicografia, geolocalização,<br />

conteúdo no qual estará inserido o<br />

comportamento dos consumidores diante<br />

do meio e <strong>de</strong> sua mensagem.<br />

Tirando a sofisticação do possível uso<br />

matemático <strong>de</strong> requintada mo<strong>de</strong>lagem<br />

estatística para otimizar a proposição do<br />

perfil da mídia a ser utilizada, a essência do<br />

que o documento <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> “segmentação<br />

contextual” está nos primeiros textos<br />

técnicos sobre a “publicida<strong>de</strong> científica”,<br />

escrita por Clau<strong>de</strong> C. Hopkins em 1923 –<br />

sim, há quase um século. O documento publicado<br />

neste segundo semestre <strong>de</strong> <strong>2018</strong> no<br />

fundo repassa os conceitos mais básicos <strong>de</strong><br />

mídia, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> promover os serviços<br />

<strong>de</strong> maximização dos investimentos a partir<br />

dos recursos das martechs.<br />

Em situações <strong>de</strong> média ou baixa complexida<strong>de</strong><br />

no panorama <strong>de</strong> mídia, porém,<br />

nada que alguma informação básica e o<br />

velho bom senso não resolva. Em situações<br />

<strong>de</strong> alta complexida<strong>de</strong> e um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> variáveis possíveis, é evi<strong>de</strong>nte<br />

que o emprego <strong>de</strong> instrumentos analíticos<br />

é bem-vindo. Citado no documento, um<br />

alto executivo <strong>de</strong> agência lembra que, “a<br />

segmentação contextual nunca foi embora,<br />

mas o seu valor está mais tangível <strong>de</strong>vido<br />

ao GDPR. O contexto sempre foi um filtro,<br />

que agora cresce em importância”.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

30 <strong>15</strong> <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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