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edição de 26 de novembro de 2018

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eyond the line<br />

gustavofrazao/iStock<br />

Uma causa pra<br />

chamar <strong>de</strong> sua<br />

O fato é que as pessoas esperam mais das<br />

empresas. A sua está preparada?<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Tive acesso ao estudo apresentado no<br />

2º Fórum <strong>de</strong> Marketing Relacionado à<br />

Causa, organizado em São Paulo pela Cause,<br />

em parceria com a Ipsos, ESPM e Instituto<br />

Ayrton Senna. O estudo baseou-se em<br />

pesquisas recentes – Marketing <strong>de</strong> Causa II,<br />

Pulso Brasil, Reputation Council e Global<br />

Advisor – e traz uma visão atual da percepção<br />

do público com relação ao envolvimento<br />

<strong>de</strong> empresas e instituições a causas <strong>de</strong><br />

importância à socieda<strong>de</strong>.<br />

De cara, o estudo apresenta um quadro<br />

preocupante quanto à queda do índice <strong>de</strong><br />

confiança geral dos brasileiros nos últimos<br />

anos.<br />

A turbulência político-econômica provocou<br />

um arraso na confiança dos brasileiros<br />

em todos os setores da socieda<strong>de</strong>. Em quatro<br />

anos, o índice caiu pela meta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 162<br />

para 82 pontos (ACSP/Ipsos). Em todos os<br />

setores da economia, houve <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong><br />

confiança <strong>de</strong> 2017 para <strong>2018</strong>, com <strong>de</strong>staque<br />

para a estatais, com apenas 30% dos respon<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>clarando que confiam.<br />

As instituições também foram afetadas,<br />

com <strong>de</strong>staque negativo para a imprensa,<br />

com queda <strong>de</strong> 47% para 43% no seu índice<br />

<strong>de</strong> confiança. Perante esse quadro, fica mais<br />

fácil enten<strong>de</strong>r a eleição <strong>de</strong> governantes e<br />

congressistas menos conhecidos do público.<br />

É a esperança por renovação e honestida<strong>de</strong><br />

expressa nas urnas. E há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar<br />

ainda o alto índice <strong>de</strong> participação<br />

e engajamento político das pessoas, antes<br />

atordoadas pelos múltiplos escândalos que<br />

assolavam o país.<br />

canudos <strong>de</strong> plástico. Num período <strong>de</strong><br />

apenas dois meses <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> sobre o<br />

problema, o tema tomou as re<strong>de</strong>s sociais,<br />

fazendo com que empresas tomassem atitu<strong>de</strong><br />

imediata. O McDonald’s parou <strong>de</strong> entregar<br />

canudos aos seus clientes e o Bob’s<br />

o substituiu por uma versão comestível<br />

no seu milk-shake.<br />

O estudo <strong>de</strong>monstra a preocupação das<br />

empresas em ações do tipo “Less bad” (Menos<br />

mal – Redução <strong>de</strong> risco), mas que isso<br />

só não basta: é preciso passar para uma atitu<strong>de</strong><br />

“More good” (Mais ações do bem – Impacto<br />

positivo).<br />

É o que esperam os potenciais consumidores.<br />

A pesquisa mostra que 77% concordam<br />

com a seguinte afirmação: “Espera-se<br />

que as empresas <strong>de</strong> hoje contribuam muito<br />

mais para a socieda<strong>de</strong> do que contribuíam<br />

no passado” e 78% com a frase: “Espera-se<br />

que as empresas <strong>de</strong> hoje invistam mais em<br />

causas do que investiam no passado”.<br />

Porém, as empresas ainda têm uma preocupação<br />

com uma possível reação negativa<br />

ao tomar uma clara posição em relação<br />

a um tema sensível. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros,<br />

por exemplo.<br />

Lembro dois exemplos corajosos, ganhadores<br />

<strong>de</strong> Leões em Cannes este ano: o case<br />

brasileiro da David para a Coca-Cola (Essa<br />

Coca-Cola é Fanta! E daí?) e o da Nike da<br />

Austrália, assumindo um lado e fazendo<br />

campanha <strong>de</strong> alta visibilida<strong>de</strong> a favor do<br />

casamento entre pessoas do mesmo sexo.<br />

Atitu<strong>de</strong>s como essas têm riscos, é verda<strong>de</strong>.<br />

77% dos integrantes do conselho <strong>de</strong> reputação<br />

<strong>de</strong> empresas assumiram temer os riscos<br />

<strong>de</strong> um posicionamento <strong>de</strong>sse tipo.<br />

As pessoas com um smartphone na mão<br />

se sentem empo<strong>de</strong>radas e não hesitam em<br />

manifestar sua opinião, mesmo que conflite<br />

com a <strong>de</strong> grupos po<strong>de</strong>rosos. Como diz<br />

o estudo: “Hoje, nada passa impune!”. “A<br />

nova geração <strong>de</strong> consumidores nativos digitais<br />

apren<strong>de</strong>u com o mundo online a contestar<br />

paradigmas, reforçando a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social na era das<br />

re<strong>de</strong>s sociais”, reforça.<br />

Para exemplificar esse engajamento<br />

empo<strong>de</strong>rado, a Ipsos trouxe o case dos<br />

Mas 61% assumiram que os benefícios<br />

são maiores do que nunca. “Posicionar-se<br />

carrega riscos. Mas, se reflete genuinamente<br />

o propósito social e os valores do negócio,<br />

e é respaldado por evidências <strong>de</strong> ação,<br />

a recompensa po<strong>de</strong> ser um impacto po<strong>de</strong>roso<br />

e positivo na reputação e nos relacionamentos”,<br />

diz o estudo.<br />

O fato é que as pessoas esperam mais<br />

das empresas. Esperam autenticida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong><br />

e protagonismo por um mundo<br />

melhor. A sua empresa está preparada?<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

24 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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