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eyond the line<br />
gustavofrazao/iStock<br />
Uma causa pra<br />
chamar <strong>de</strong> sua<br />
O fato é que as pessoas esperam mais das<br />
empresas. A sua está preparada?<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Tive acesso ao estudo apresentado no<br />
2º Fórum <strong>de</strong> Marketing Relacionado à<br />
Causa, organizado em São Paulo pela Cause,<br />
em parceria com a Ipsos, ESPM e Instituto<br />
Ayrton Senna. O estudo baseou-se em<br />
pesquisas recentes – Marketing <strong>de</strong> Causa II,<br />
Pulso Brasil, Reputation Council e Global<br />
Advisor – e traz uma visão atual da percepção<br />
do público com relação ao envolvimento<br />
<strong>de</strong> empresas e instituições a causas <strong>de</strong><br />
importância à socieda<strong>de</strong>.<br />
De cara, o estudo apresenta um quadro<br />
preocupante quanto à queda do índice <strong>de</strong><br />
confiança geral dos brasileiros nos últimos<br />
anos.<br />
A turbulência político-econômica provocou<br />
um arraso na confiança dos brasileiros<br />
em todos os setores da socieda<strong>de</strong>. Em quatro<br />
anos, o índice caiu pela meta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 162<br />
para 82 pontos (ACSP/Ipsos). Em todos os<br />
setores da economia, houve <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong><br />
confiança <strong>de</strong> 2017 para <strong>2018</strong>, com <strong>de</strong>staque<br />
para a estatais, com apenas 30% dos respon<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>clarando que confiam.<br />
As instituições também foram afetadas,<br />
com <strong>de</strong>staque negativo para a imprensa,<br />
com queda <strong>de</strong> 47% para 43% no seu índice<br />
<strong>de</strong> confiança. Perante esse quadro, fica mais<br />
fácil enten<strong>de</strong>r a eleição <strong>de</strong> governantes e<br />
congressistas menos conhecidos do público.<br />
É a esperança por renovação e honestida<strong>de</strong><br />
expressa nas urnas. E há <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar<br />
ainda o alto índice <strong>de</strong> participação<br />
e engajamento político das pessoas, antes<br />
atordoadas pelos múltiplos escândalos que<br />
assolavam o país.<br />
canudos <strong>de</strong> plástico. Num período <strong>de</strong><br />
apenas dois meses <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> sobre o<br />
problema, o tema tomou as re<strong>de</strong>s sociais,<br />
fazendo com que empresas tomassem atitu<strong>de</strong><br />
imediata. O McDonald’s parou <strong>de</strong> entregar<br />
canudos aos seus clientes e o Bob’s<br />
o substituiu por uma versão comestível<br />
no seu milk-shake.<br />
O estudo <strong>de</strong>monstra a preocupação das<br />
empresas em ações do tipo “Less bad” (Menos<br />
mal – Redução <strong>de</strong> risco), mas que isso<br />
só não basta: é preciso passar para uma atitu<strong>de</strong><br />
“More good” (Mais ações do bem – Impacto<br />
positivo).<br />
É o que esperam os potenciais consumidores.<br />
A pesquisa mostra que 77% concordam<br />
com a seguinte afirmação: “Espera-se<br />
que as empresas <strong>de</strong> hoje contribuam muito<br />
mais para a socieda<strong>de</strong> do que contribuíam<br />
no passado” e 78% com a frase: “Espera-se<br />
que as empresas <strong>de</strong> hoje invistam mais em<br />
causas do que investiam no passado”.<br />
Porém, as empresas ainda têm uma preocupação<br />
com uma possível reação negativa<br />
ao tomar uma clara posição em relação<br />
a um tema sensível. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros,<br />
por exemplo.<br />
Lembro dois exemplos corajosos, ganhadores<br />
<strong>de</strong> Leões em Cannes este ano: o case<br />
brasileiro da David para a Coca-Cola (Essa<br />
Coca-Cola é Fanta! E daí?) e o da Nike da<br />
Austrália, assumindo um lado e fazendo<br />
campanha <strong>de</strong> alta visibilida<strong>de</strong> a favor do<br />
casamento entre pessoas do mesmo sexo.<br />
Atitu<strong>de</strong>s como essas têm riscos, é verda<strong>de</strong>.<br />
77% dos integrantes do conselho <strong>de</strong> reputação<br />
<strong>de</strong> empresas assumiram temer os riscos<br />
<strong>de</strong> um posicionamento <strong>de</strong>sse tipo.<br />
As pessoas com um smartphone na mão<br />
se sentem empo<strong>de</strong>radas e não hesitam em<br />
manifestar sua opinião, mesmo que conflite<br />
com a <strong>de</strong> grupos po<strong>de</strong>rosos. Como diz<br />
o estudo: “Hoje, nada passa impune!”. “A<br />
nova geração <strong>de</strong> consumidores nativos digitais<br />
apren<strong>de</strong>u com o mundo online a contestar<br />
paradigmas, reforçando a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social na era das<br />
re<strong>de</strong>s sociais”, reforça.<br />
Para exemplificar esse engajamento<br />
empo<strong>de</strong>rado, a Ipsos trouxe o case dos<br />
Mas 61% assumiram que os benefícios<br />
são maiores do que nunca. “Posicionar-se<br />
carrega riscos. Mas, se reflete genuinamente<br />
o propósito social e os valores do negócio,<br />
e é respaldado por evidências <strong>de</strong> ação,<br />
a recompensa po<strong>de</strong> ser um impacto po<strong>de</strong>roso<br />
e positivo na reputação e nos relacionamentos”,<br />
diz o estudo.<br />
O fato é que as pessoas esperam mais<br />
das empresas. Esperam autenticida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong><br />
e protagonismo por um mundo<br />
melhor. A sua empresa está preparada?<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
24 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark