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A ação comunicativa<br />
As ações têm sempre uma eficácia simbólica porque não são gratuitas, isto<br />
é, são inspiradas por um propósito e levam a um <strong>de</strong>terminado fim, seja ele<br />
mais ou menos claro para o próprio negociador; em uma palavra: revelam<br />
intencionalida<strong>de</strong>. À medida que alguma intencionalida<strong>de</strong> transparece na ação, ela<br />
ganha significado e, portanto, valor comunicativo.<br />
Em <strong>de</strong>terminados casos, a prática <strong>de</strong> certas ações para traduzir intenções<br />
torna-se rotineira em <strong>de</strong>terminada cultura. Tais ações não exigem reflexão mais<br />
aprofundada para que se revele a intencionalida<strong>de</strong> que lhes confere significado.<br />
Ao contrário, esta é aparente <strong>de</strong> modo imediato, em função <strong>de</strong> usos estabelecidos<br />
que asseguram essa forma <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a concordância tácita dos envolvidos.<br />
Nesse caso, o po<strong>de</strong>r comunicativo da ação se apoia em sua convencionalida<strong>de</strong>.<br />
À medida que se sofisticam usos e costumes em uma socieda<strong>de</strong> civilizada, a<br />
ação comunicativa po<strong>de</strong> assumir uma gama <strong>de</strong> significados. O uso metafórico<br />
da linguagem e a prática da ironia exemplificam situações em que se lança<br />
mão <strong>de</strong> um símbolo para traduzir uma intenção que não se coaduna com seu<br />
significado convencional.<br />
A ação estratégica<br />
Nem sempre, em termos práticos, a ação (que não per<strong>de</strong>, entretanto, o caráter<br />
comunicativo) é transparente à intencionalida<strong>de</strong> que lhe confere o valor<br />
comunicativo, até porque é preciso distinguir:<br />
••<br />
as intenções que o negociador <strong>de</strong>seja que sejam <strong>de</strong>codificadas<br />
<strong>de</strong> suas ações;<br />
••<br />
as intenções que o negociador imagina que sejam realmente as suas;<br />
••<br />
as intenções que os <strong>de</strong>mais negociadores sejam capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificar,<br />
com base em suas próprias limitações, idiossincrasias e outros<br />
elementos vinculadores <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> analítica;<br />
••<br />
as intenções que sejam reveladas por análise posterior, pretensamente<br />
neutra como sendo as reais intenções daquele negociador.<br />
Para o estudo da relação conflituosa, por exemplo, essas consi<strong>de</strong>rações são<br />
particularmente importantes, porque, às vezes, é proposital, como conduta<br />
específica, produzir julgamentos discrepantes conforme sejam consi<strong>de</strong>rados os<br />
diversos pontos <strong>de</strong> vista supramencionados.<br />
Pós-graduação