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eyOnd the line<br />
gerenme/iStock<br />
On e off se acomodando<br />
Não dá para substituir o contato<br />
físico e as experiências do mundo real;<br />
o equilíbrio é a tendência<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Nas nossas vidas, o balanceamento on<br />
e off parece estar num processo mais<br />
acelerado <strong>de</strong> acomodação. Quem vivia<br />
com os olhos presos às telas <strong>de</strong> smartphones,<br />
começa a perceber que o mundo real,<br />
físico, está cheio <strong>de</strong> atrativos e merece<br />
mais atenção.<br />
Como contraponto ao movimento avassalador,<br />
tsunâmico (permita-me o neologismo)<br />
do digital, as pessoas estão se dando<br />
conta que o melhor mesmo é equilibrar<br />
o mundo físico com o virtual.<br />
Não dá para ficar alheio às facilida<strong>de</strong>s e à<br />
ampliação <strong>de</strong> horizontes que o digital proporciona,<br />
mas também não dá para substituir<br />
o contato físico e as experiências do<br />
mundo real. O equilíbrio é a tendência. No<br />
nosso universo <strong>de</strong> comunicação e marketing,<br />
o fenômeno parece se dar na mesma<br />
medida. Até porque todos sabemos que o<br />
bom marketing <strong>de</strong>ve, antes <strong>de</strong> mais nada,<br />
acompanhar, empaticamente e pari passu,<br />
os movimentos da socieda<strong>de</strong>.<br />
Temos visto gran<strong>de</strong>s players do universo<br />
digital transitar também com <strong>de</strong>senvoltura<br />
no mundo físico. O exemplo<br />
mais exuberante é o da Amazon. Depois<br />
do surpreen<strong>de</strong>nte movimento <strong>de</strong> Bezos,<br />
cinco anos atrás, comprando o emblemático<br />
jornalzão The Washington Post (e outros<br />
títulos do Grupo Post Co.), a Amazon<br />
adquiriu a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> supermercados Whole<br />
Foods e montou corners em algumas lojas<br />
físicas. Hoje, é verda<strong>de</strong>, a Amazon coloca<br />
muitas fichas no mercado crescente <strong>de</strong><br />
mídia online na sua plataforma.<br />
Mas é na mídia que se percebe uma revisão<br />
mais marcante <strong>de</strong> conceitos. Depois<br />
<strong>de</strong> vaticinar a morte da mídia offline, até<br />
mesmo os nativos digitais reconhecem a<br />
importância da mídia tradicional. Afinal,<br />
qual veículo Mark Zuckerberg utilizou<br />
para se posicionar quanto à fragilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> seus usuários do<br />
Facebook? Foi num anúncio <strong>de</strong> página inteira<br />
em jornais tradicionais.<br />
No mercado O2O (Online to Offline),<br />
on<strong>de</strong> atuam empresas jovens que se tornaram<br />
ícones mundiais, tais como Airbnb<br />
e Uber, a mídia tradicional cresce em importância<br />
para o crescimento dos seus negócios.<br />
Basta ver a presença do Uber em<br />
aeroportos e gran<strong>de</strong>s eventos, anunciando<br />
seus serviços em mídia OOH e impressa.<br />
Portais ligados a turismo tornaram-se<br />
gran<strong>de</strong>s anunciantes na TV aberta ou por<br />
assinatura, caso do Trivago, por exemplo,<br />
já <strong>de</strong>stacado como um dos maiores anunciantes<br />
brasileiros.<br />
Os unicórnios brasileiros do mercado<br />
O2O (serviços que são promovidos e<br />
comercializados online, mas entregues<br />
offline) – iFood e 99, por exemplo – já enten<strong>de</strong>ram<br />
que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um mix <strong>de</strong><br />
mídia que extrapola o ambiente online<br />
para turbinar seus negócios.<br />
A mídia programática, que parecia a solução<br />
para todos os problemas, mostrou-<br />
-se errática, fazendo gran<strong>de</strong>s anunciantes<br />
recuarem no seu ímpeto <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> verbas. A mensagem mais fria, embora<br />
assertiva, utilizada na mídia por performance,<br />
mostrou-se insuficiente para a<br />
construção <strong>de</strong> marcas.<br />
Lembro-me <strong>de</strong> um painel no Cannes<br />
Lions do ano passado em que os <strong>de</strong>batedores<br />
concluíram que as empresas <strong>de</strong>vem<br />
se mostrar menos “interesseiras” na relação<br />
com seus clientes.<br />
Em vez <strong>de</strong> se comunicar apenas na hora<br />
<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r, as empresas <strong>de</strong>vem estar mais<br />
presentes em ações <strong>de</strong> interesse da coletivida<strong>de</strong><br />
e dos clientes, sem procurar tirar<br />
proveito imediato. “Less Taking – More<br />
Giving” (“Tirar menos – Dar mais”), era o<br />
nome do painel. E é nesse chacoalhar do<br />
caminhão, que as melancias vão se ajeitando<br />
nesse percurso da jornada do consumidor.<br />
E na dinâmica pendular da humanida<strong>de</strong>,<br />
quando um fenômeno se esgarça e<br />
incomoda pelo exagero, vem uma reação<br />
contrária, buscando o equilíbrio. Para os<br />
nativos digitais, essa discussão on X off<br />
parece meio sem sentido. Você simplesmente<br />
lança mão <strong>de</strong> um recurso à medida<br />
da sua necessida<strong>de</strong>, sem se importar se é<br />
on ou offline.<br />
E é assim que os profissionais <strong>de</strong> comunicação<br />
<strong>de</strong>vem reprogramar seu mindset<br />
nos planos <strong>de</strong> comunicação: esquecer<br />
preconceitos com relação à mídia dita tradicional<br />
e não exagerar na valorização do<br />
novo, online, só por ser novida<strong>de</strong>. A receita<br />
parece estar no equilíbrio.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
28 <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark