27.05.2019 Views

Um Golpe a Meia Noite - Laurell K. Hamilton

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Amatheon separou a cabeça de meu corpo com o que pôde elevar a<br />

cabeça para me olhar. Ao mover a cabeça, seu ondulado cabelo roçou o pé da<br />

taça. Quando sentiu o duro metal, pressionou-se contra ele. Do modo que te<br />

recosta na carícia de uma mão. Só então o vi contemplar a planície.<br />

Pôs muito cuidado em não mover-se para não perder o contato de meu<br />

corpo e o cálice, mas se agachou para tocar a terra com uma mão. Sua mão<br />

subiu cheia de uma terra cinza, tão seca que se deslizava de entre seus dedos<br />

como se fosse areia.<br />

Ele me olhou outra vez, seus olhos brilhando com lágrimas que recusava<br />

ou não podia derramar.<br />

— Isto não é como foi uma vez, — pressionou sua cabeça para trás contra<br />

o metal do cálice, como se procurasse consolo em seu toque, — nada crescerá<br />

nesta terra, — abriu sua mão de tudo e deixou que o vento tomasse a terra. —<br />

Não há vida aqui.<br />

Levantou a mão que sustentava a terra seca e morta para mim como um<br />

menino que se machucou, como se eu pudesse arrumá-lo.<br />

Abri meus lábios para dizer algo que lhe acalmasse, mas o que saiu não<br />

foi minha voz e não foi nada tranqüilizador.<br />

— Amatheon, mantém seu nome, pensei que tinha esquecido quem foi, o<br />

que foi. – Disse a voz, mais profunda que minha voz normal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!