25.09.2019 Views

Revista SF - Edição 07

Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.

Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Em julho, completará um ano<br />

desde que a primeira cidade<br />

brasileira proibiu o uso dos<br />

canudos plásticos em estabelecimentos<br />

comerciais. O<br />

estabelecimento que for flagrado oferecendo<br />

o canudo errado na capital do Rio<br />

de Janeiro, será intimado a substituir por<br />

versões de papel ou de metal no prazo<br />

de 60 dias. Para quem descumprir a<br />

lei, as multas podem chegar a R$ 6 mil.<br />

A capital carioca levantou a questão<br />

e, desde então, outros 22 municípios do<br />

Brasil proibiram o uso do produto em<br />

bares, restaurantes, hotéis e pensões.<br />

Até o momento, apenas os estados do<br />

Rio Grande do Norte e do Espírito Santo<br />

o baniram completamente.<br />

De acordo com a ONG Meu Rio,<br />

responsável pela petição virtual que<br />

pressionava os vereadores a votarem a<br />

favor do projeto, os primeiros resultados<br />

têm sido positivos, já que o assunto<br />

reverberou em tantos outros lugares.<br />

Agora, os próximos passos consistem<br />

em trabalhar a questão dos descartáveis,<br />

como copos, talheres e pratos.<br />

“A ideia é que todos eles sejam substituídos<br />

por materiais recicláveis ou<br />

reutilizáveis. Os canudos foram só a primeira<br />

etapa. Vamos continuar lutando<br />

por uma cidade mais limpa e sustentável”,<br />

afirma Débora Pio, coordenadora<br />

de mobilizações da ONG.<br />

Estamos ingerindo resíduos<br />

que nós mesmos jogamos<br />

nos oceanos”<br />

José Henrique Becker,<br />

biólogo do Projeto TAMAR de Ubatuba (SP)<br />

Muito além dos canudos<br />

Segundo especialistas, os canudos<br />

representam apenas uma parcela do<br />

problema ambiental. O que os tornaram<br />

o assunto da vez, no entanto, foi o<br />

compartilhamento massivo de um vídeo<br />

que mostra uma tartaruga marinha sendo<br />

resgatada. Em pleno mar, biólogos<br />

estrangeiros levam oito minutos agonizantes<br />

para conseguir tirar um canudo<br />

plástico de dentro da narina do animal.<br />

“Até então, as pessoas não tinham ficado<br />

tão incomodadas com o problema.<br />

Existem alguns jargões que são muito<br />

aplicados a essa realidade, como ‘o que<br />

os olhos não veem, o coração não sente’.<br />

Enquanto a pessoa não vê, parece que<br />

não é com ela. Na hora em que ela vê, ela<br />

se identifica e percebe que pode estar<br />

causando aquele problema e se sente<br />

incomodada, passando a tomar atitudes<br />

diferentes”, afirma José Henrique<br />

Becker, biólogo do Projeto TAMAR de<br />

Ubatuba (SP).<br />

Desde 1980, o Projeto TAMAR visa<br />

a proteção das tartarugas marinhas no<br />

Brasil. O instituto trabalha na pesquisa,<br />

proteção e manejo das cinco espécies<br />

existentes no país, todas ameaçadas de<br />

extinção, atuando nos estados de BA,<br />

SE, PE, RN, CE, ES, RJ, SP e SC.<br />

Dados da Organização das Nações<br />

Unidas (ONU) apontam que, a cada ano,<br />

cerca de 13 milhões de toneladas de<br />

plástico de todo o tipo são descartadas<br />

nos oceanos, incluindo micropartículas<br />

que entram na cadeia alimentar, e<br />

prejudicam cerca de 600 espécies marinhas<br />

- destas, 15% estão ameaçadas<br />

de extinção.<br />

Becker afirma que, das 200 tartarugas<br />

marinhas resgatadas todos os<br />

anos só pelo TAMAR de Ubatuba, pelo<br />

menos 45% acabam morrendo, e o mais<br />

preocupante é que todas apresentam<br />

resíduos plásticos em seu trato digestivo<br />

durante a necrópsia. O caso se tornou<br />

rotineiro na última década.<br />

“O mais comum é a tartaruga comer<br />

a sacolinha de supermercado. A ingestão<br />

daquele resíduo pode obstruir o trato<br />

digestivo do animal. Se isso ocorrer, ela<br />

para de comer, vai emagrecendo e enfraquecendo,<br />

até morrer. Quando ela come<br />

pequenos pedaços continuamente, ela<br />

tem a sensação de saciedade, mas não<br />

consegue se nutrir”, aponta.<br />

Gradativamente, esta tartaruga irá<br />

enfraquecer e desencadear outras infecções<br />

e doenças – todas geradas pelo<br />

mesmo problema.<br />

Além dos canudos e das sacolas<br />

plásticas, é muito comum encontrar<br />

fragmentos de eletrodomésticos, como<br />

televisão e liquidificador. No final, esses<br />

materiais acabam sendo ingeridos pelos<br />

próprios seres humanos.<br />

“Isso acontece por que o material<br />

não se decompõe apropriadamente e<br />

| 31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!