Revista SF - Edição 07
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
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Em julho, completará um ano<br />
desde que a primeira cidade<br />
brasileira proibiu o uso dos<br />
canudos plásticos em estabelecimentos<br />
comerciais. O<br />
estabelecimento que for flagrado oferecendo<br />
o canudo errado na capital do Rio<br />
de Janeiro, será intimado a substituir por<br />
versões de papel ou de metal no prazo<br />
de 60 dias. Para quem descumprir a<br />
lei, as multas podem chegar a R$ 6 mil.<br />
A capital carioca levantou a questão<br />
e, desde então, outros 22 municípios do<br />
Brasil proibiram o uso do produto em<br />
bares, restaurantes, hotéis e pensões.<br />
Até o momento, apenas os estados do<br />
Rio Grande do Norte e do Espírito Santo<br />
o baniram completamente.<br />
De acordo com a ONG Meu Rio,<br />
responsável pela petição virtual que<br />
pressionava os vereadores a votarem a<br />
favor do projeto, os primeiros resultados<br />
têm sido positivos, já que o assunto<br />
reverberou em tantos outros lugares.<br />
Agora, os próximos passos consistem<br />
em trabalhar a questão dos descartáveis,<br />
como copos, talheres e pratos.<br />
“A ideia é que todos eles sejam substituídos<br />
por materiais recicláveis ou<br />
reutilizáveis. Os canudos foram só a primeira<br />
etapa. Vamos continuar lutando<br />
por uma cidade mais limpa e sustentável”,<br />
afirma Débora Pio, coordenadora<br />
de mobilizações da ONG.<br />
Estamos ingerindo resíduos<br />
que nós mesmos jogamos<br />
nos oceanos”<br />
José Henrique Becker,<br />
biólogo do Projeto TAMAR de Ubatuba (SP)<br />
Muito além dos canudos<br />
Segundo especialistas, os canudos<br />
representam apenas uma parcela do<br />
problema ambiental. O que os tornaram<br />
o assunto da vez, no entanto, foi o<br />
compartilhamento massivo de um vídeo<br />
que mostra uma tartaruga marinha sendo<br />
resgatada. Em pleno mar, biólogos<br />
estrangeiros levam oito minutos agonizantes<br />
para conseguir tirar um canudo<br />
plástico de dentro da narina do animal.<br />
“Até então, as pessoas não tinham ficado<br />
tão incomodadas com o problema.<br />
Existem alguns jargões que são muito<br />
aplicados a essa realidade, como ‘o que<br />
os olhos não veem, o coração não sente’.<br />
Enquanto a pessoa não vê, parece que<br />
não é com ela. Na hora em que ela vê, ela<br />
se identifica e percebe que pode estar<br />
causando aquele problema e se sente<br />
incomodada, passando a tomar atitudes<br />
diferentes”, afirma José Henrique<br />
Becker, biólogo do Projeto TAMAR de<br />
Ubatuba (SP).<br />
Desde 1980, o Projeto TAMAR visa<br />
a proteção das tartarugas marinhas no<br />
Brasil. O instituto trabalha na pesquisa,<br />
proteção e manejo das cinco espécies<br />
existentes no país, todas ameaçadas de<br />
extinção, atuando nos estados de BA,<br />
SE, PE, RN, CE, ES, RJ, SP e SC.<br />
Dados da Organização das Nações<br />
Unidas (ONU) apontam que, a cada ano,<br />
cerca de 13 milhões de toneladas de<br />
plástico de todo o tipo são descartadas<br />
nos oceanos, incluindo micropartículas<br />
que entram na cadeia alimentar, e<br />
prejudicam cerca de 600 espécies marinhas<br />
- destas, 15% estão ameaçadas<br />
de extinção.<br />
Becker afirma que, das 200 tartarugas<br />
marinhas resgatadas todos os<br />
anos só pelo TAMAR de Ubatuba, pelo<br />
menos 45% acabam morrendo, e o mais<br />
preocupante é que todas apresentam<br />
resíduos plásticos em seu trato digestivo<br />
durante a necrópsia. O caso se tornou<br />
rotineiro na última década.<br />
“O mais comum é a tartaruga comer<br />
a sacolinha de supermercado. A ingestão<br />
daquele resíduo pode obstruir o trato<br />
digestivo do animal. Se isso ocorrer, ela<br />
para de comer, vai emagrecendo e enfraquecendo,<br />
até morrer. Quando ela come<br />
pequenos pedaços continuamente, ela<br />
tem a sensação de saciedade, mas não<br />
consegue se nutrir”, aponta.<br />
Gradativamente, esta tartaruga irá<br />
enfraquecer e desencadear outras infecções<br />
e doenças – todas geradas pelo<br />
mesmo problema.<br />
Além dos canudos e das sacolas<br />
plásticas, é muito comum encontrar<br />
fragmentos de eletrodomésticos, como<br />
televisão e liquidificador. No final, esses<br />
materiais acabam sendo ingeridos pelos<br />
próprios seres humanos.<br />
“Isso acontece por que o material<br />
não se decompõe apropriadamente e<br />
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