Revista SF - Edição 07
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
| SUSTENTABILIDADE |<br />
“O mais comum é a tartaruga comer a<br />
sacolinha de supermercado. A ingestão<br />
daquele resíduo pode obstruir o trato<br />
digestivo do animal. Se isso ocorrer,<br />
ela para de comer, vai emagrecendo e<br />
enfraquecendo, até morrer.”<br />
Foto: Banco de Imagens Projeto Tamar<br />
José Henrique Becker,<br />
biólogo do Projeto TAMAR de Ubatuba (SP)<br />
Empresas aderem à causa<br />
Becker afirma que o TAMAR tem<br />
substituído os canudinhos em seus centros<br />
de visitação e evitado os descartáveis<br />
nas áreas de atuação. Além disso, o<br />
instituto realiza diversos trabalhos de<br />
conscientização do público. Em Ubatuba,<br />
por exemplo, foi criado um lixômetro<br />
no centro de visitas – um gráfico mostra<br />
todo o lixo que é retirado das tartarugas<br />
marinhas após elas morrerem.<br />
“Mostrar o plástico que saiu de dentro<br />
de uma tartaruga que morreu é uma<br />
forma de incomodar e fazer com que<br />
as pessoas repensem o uso dos plásticos”,<br />
diz.<br />
Em fevereiro deste ano, a Nescau<br />
– uma das marcas mantidas pela<br />
Nestlé – firmou parceria com o Projeto<br />
TAMAR para criar novas ações<br />
e campanhas de conscientização e<br />
preservação do meio ambiente. Em<br />
paralelo, a marca iniciou uma força<br />
tarefa para retirar os canudos plásticos<br />
de seus produtos, substituindo-os<br />
por canudos de papel biodegradável.<br />
As embalagens do Nescau Prontinho,<br />
a versão pronta da bebida, já são covai<br />
se fragmentando em pedaços cada<br />
vez menores. Quando eles estão realmente<br />
pequenos, entram na dieta dos<br />
animais filtradores – aqueles que filtram<br />
a água para retirar o plâncton e outros<br />
organismos. Esses filtradores acabam<br />
ingerindo o plástico, mas eles servirão<br />
de alimentos para peixes maiores que,<br />
mais tarde, vão parar na nossa mesa. Ou<br />
seja, estamos ingerindo resíduos que<br />
nós mesmos jogamos nos oceanos”, diz.<br />
O biólogo também explica que a presença<br />
desse material no trato digestivo<br />
interfere no metabolismo de gordura do<br />
animal, gerando gases e fazendo com<br />
que eles flutuem, com dificuldades<br />
de submergir para se alimentar. Além<br />
das tartarugas, albatrozes e cetáceos<br />
(como baleias e golfinhos) ficam mais<br />
suscetíveis a serem atropelados por<br />
embarcações.<br />
Em 2030, serão 619<br />
milhões de toneladas<br />
E o problema não para por aí. Segundo<br />
um estudo feito pela organização<br />
Orb Media, das 159 amostras de água<br />
potável coletadas em cinco continentes,<br />
83% continham plásticos.<br />
Além disso, ao longo das últimas<br />
quatro décadas, a quantidade desse tipo<br />
de resíduo aumentou em 100 vezes no<br />
Oceano Pacífico, a ponto de formar o que<br />
se chama agora de ‘sétimo continente’<br />
de plástico, uma vasta massa de lixo<br />
à deriva no Pacífico Norte, com uma<br />
área que corresponde a um terço 8dos<br />
Estados Unidos.<br />
Projeções atuais da ONU mostram<br />
que a produção global de plástico irá<br />
aumentar fortemente nas próximas décadas,<br />
podendo atingir 619 milhões de<br />
toneladas até 2030.<br />
O fato acarreta em outros problemas<br />
à vida marinha, além da ingestão<br />
desses produtos. “Acontece de encontrarmos<br />
tartarugas enroscadas em<br />
pedaço de lixo, já vimos animais com<br />
argolas no pescoço e têm o crescimento<br />
prejudicado por esses objetos”, relata<br />
Becker.<br />
mercializadas com o novo material.<br />
“Essa iniciativa vai retirar mais de 4<br />
milhões de canudos plásticos do mercado<br />
só no primeiro ano do projeto.<br />
Essa quantidade, se colocada em fila,<br />
equivale a uma viagem de ida e volta<br />
de Salvador (BA) à Aracaju (SE)”, afirma<br />
Fabiana Fairbanks, diretora de bebidas<br />
da Nestlé Brasil.<br />
De acordo com Fabiana, a meta da<br />
Nescau é que 100% de sua produção<br />
tenha substitutos ao canudo plástico<br />
até 2020.<br />
Além da Nestlé, gigantes como Starbucks,<br />
McDonald’s e Burguer King aderiram<br />
às mudanças e deixaram de oferecer<br />
canudos aos clientes ainda em 2018.<br />
32 |