| SAÚDE DAS ESTRELAS | Foto: Divulgação / Globo 60 |
Dependência química: uma luta coletiva No carnaval deste ano, as redes sociais ferveram com brincadeiras de mau gosto fazendo referência à dependência química do ator Fábio Assunção. Diversas fotos foram publicadas com máscaras com o rosto do artista – a “piada” dos foliões consistia em beber sem moderação até ativar o “modo Assunção”. Na sequência, foi feita uma música com o nome do famoso em que a letra se resume em dizer que beberá o dia todo, até “virar o Fábio Assunção”. O ator luta contra o alcoolismo desde 2008, e inúmeras vezes deu entrevistas a revistas e programas de TV sobre o assunto. O caso chamou a atenção de diversos amigos que saíram em sua defesa na internet. Artistas como Mariana Rios, Paulo Vilhena, Tata Werneck, Carolina Dieckmann, entre outros, compartilharam uma foto de Assunção com a seguinte mensagem: “Além de figura pública, apresento a vocês um ser humano portador de uma doença chamada dependência química. Alguém faz piada com atores que têm câncer?”. Ridicularização compromete melhora do paciente A psiquiatra da São Francisco Saúde, Veridiana Moura explica que o alcoolismo é considerado doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que o processo de tratamento é tão delicado, que episódios de chacota e ridicularização podem agravar ainda mais a condição do paciente. “Infelizmente, o alcoolismo não tem cura. Existe apenas a remissão dos sintomas, mas o paciente nunca mais poderá tomar um gole sequer de álcool”, adverte a profissional. Por isso, durante o tratamento, o apoio de amigos e familiares é essencial. Porém, é preciso aprender a lidar com situações estressantes, evitando circunstâncias como comentários críticos ou mesmo tornando-se superprotetores. “São dois fatores que, reconhecidamente, provocam recaídas. Conhecendo melhor a doença e tendo um diagnóstico claro, a família passa a ser uma aliada eficiente, em conjunto com a medicação e profissionais especializados”, afirma. Veridiana ainda afirma que um dos maiores desafios enfrentados pelo paciente é o preconceito, tanto por amigos quanto por familiares. Devido à falta de compreensão, os alcoolistas tornam-se pessoas estigmatizadas, passando a ter oportunidades sociais reduzidas, autoestima diminuída, além de se tornarem um grupo de maior risco para sofrer agressões, comparadas a pessoas sem diagnóstico de transtornos mentais, nas palavras da psiquiatra. “O uso e a dependência de álcool e outras drogas é visto por parte da população como um sinal de fraqueza de caráter ou falta de força de vontade, como se o indivíduo fosse capaz de mudar o seu comportamento e não o fizesse. Esse preconceito e marginalização comprometem consideravelmente o tratamento e o desempenho do paciente”, complementa. 3 milhões morrem todos os anos por alcoolismo, diz OMS Segundo a Organização Mundial da Saúde, o uso prejudicial do álcool mata mais de 3 milhões de pessoas por ano - maioria é do sexo masculino. Em estudo publicado em setembro do ano passado, o instituto observou que, no geral, o | 61