Revista SF - Edição 07

| ESPECIAL |
Mãe em dobro na luta
contra o preconceito
A auxiliar-administrativo Erika do
Lago Affonso, de 37 anos, sempre desejou
ter um filho, sonhando com o dia
em que sua barriga começaria a crescer
até o momento em que teria o bebê em
seus braços. Casada há 12 anos com a
supervisora de vendas Mirian Volpe, de
33, Érika e a esposa passaram os últimos
sete tentando engravidar através de
inseminação in vitro.
Com nove sofridas tentativas ao longo
desse período, Mirian conta que elas já
estavam desiludidas e emocionalmente
abaladas com a frustração de não conseguirem
engravidar. Já tinham partido
para a tentativa de adoção, tendo até concluído
o curso solicitado no Ministério
Público, quando uma amiga contou de
uma nova clínica de reprodução.
“A Érika não acreditava que fosse dar
certo, foi só por desencargo de consciência
mesmo. Eu acompanhei o retorno
e o médico sugeriu uma alternativa que
nenhum outro tinha sugerido ainda, que
era fecundar o meu óvulo e inseminá-lo
na Érika”, conta, emocionada de alegria
só de relembrar.
Trinta dias depois, veio o resultado
mais esperado e mais comemorado.
Além de estarem grávidas, gerariam
uma criança com vínculo biológico com
as duas mães. “Depois de 60 dias, veio
outra surpresa: eram gêmeas. Foi tanta
alegria, porque já temos dificuldade de
ter filho por sermos um casal homossexual,
e o fato de poder unir nós duas
tornou tudo muito mais importante. É
uma sensação inexplicável até hoje”,
afirma.
Complicações na gravidez
A gestação de Érika foi tranquila até
a 32ª semana, com as gêmeas Lorena
Mirian Volpe e Erika Affonso seguram as filhas Lorena e Theresa
e Thereza crescendo igualmente em
tamanho e em peso. No entanto, uma
complicação ocorreu e Thereza parou
de receber nutrientes e vitaminas, o
que levou à necessidade de fazer um
parto prematuro.
As meninas nasceram de sete para
oito meses e precisaram passar um
período internadas na UTI neonatal
da maternidade - Lorena por 19 dias e
Thereza por mais de um mês por não
conseguir ganhar peso. Só mais tarde
foram constatar que a bebê tinha alergia
à proteína do leite e a doença do refluxo,
que não permitia que seu organismo
absorvesse os nutrientes do alimento.
“A gente se revezava nos quartos
e, quando a Lorena teve alta, a gente
passou a se revezar no hospital. Minha
sogra nos ajudou muito nesse período,
40 |