editorial Armando Ferrentini aferrentini@editorareferencia.com.br Naturalmente, os cérebros geniais que pariram essa i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> outras que reconhecem não terem dado certo, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar algumas premissas resultantes <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>terminação, como por exemplo o <strong>de</strong>svio das pessoas que ocupavam automóveis até ontem para outros meios <strong>de</strong> transporte, tornando muito possivelmente ainda mais peria era do gelo Qualquer governante do Executivo (país, estado e município) que pegasse essa verda<strong>de</strong>ira bomba que é o coronavírus estaria 24 horas por dia às voltas com os gran<strong>de</strong>s problemas, na <strong>maio</strong>ria das vezes <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>sconhecidas, trazidos ao planeta por esse terrível mal que parece não ter fim entre nós. A resistência do vírus, para o qual não há sequer vacina ainda, o que po<strong>de</strong> sugerir uma recidiva logo ali adiante, <strong>de</strong>ixa a todos preocupados, como talvez jamais tenhamos ficado antes. As gran<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>mias anteriores – e hoje se fala muito na gripe espanhola como comparação – parecem minúsculas, apesar dos estragos então causados, se comparadas à que temos vivido nestes meses, com pessoas morrendo diariamente em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, nossos hospitais <strong>de</strong>spreparados para abrigar todos os enfermos e os governos perdidos diante do <strong>de</strong>sconhecido. Em nosso país, o gran<strong>de</strong> mal assumiu e prossegue assumindo proporções assustadoras, porque coinci<strong>de</strong> com um período <strong>de</strong>sencontrado da administração pública, que trava uma guerra muitas vezes com adversários imaginários, na tentativa <strong>de</strong> pavimentar o seu caminho para cargos mais amplos lá adiante. Como sempre acontece nessas turbulências, quem mais sofre é a população, aqui incluídos não apenas as pessoas <strong>de</strong> baixa ou nenhuma renda, mas também os responsáveis por pequenos, médios e gran<strong>de</strong>s empreendimentos, além daqueles autônomos que um dia resolveram trabalhar por conta própria, à procura <strong>de</strong> melhor sorte na vida. Desta feita – e até repetimos – <strong>de</strong>vido ao pouco ou nenhum conhecimento que nossos cientistas têm a respeito do coronavírus, a pan<strong>de</strong>mia se agravou <strong>de</strong> tal forma que um terrível medo e muitas incertezas se apo<strong>de</strong>raram <strong>de</strong> todos os que estão vivendo em regiões on<strong>de</strong> o bicho mais ataca. É nesse ambiente conturbado e com muitos óbitos diariamente contabilizados que surgem <strong>de</strong> cima para baixo soluções que impõem um sofrimento <strong>maio</strong>r à população. O não sair <strong>de</strong> casa foi uma das primeiras, sem consi<strong>de</strong>rar as dificulda<strong>de</strong>s daí advindas. Muito bem, <strong>de</strong> qualquer forma po<strong>de</strong>ria ser uma solução, ou no mínimo uma solução pela meta<strong>de</strong>, na falta <strong>de</strong> uma terceira que resolvesse os principais problemas dos cidadãos, sem lhes ocasionar outros muitas vezes piores. Lembra um pouco os conflitos bélicos travados entre algumas nações, primeiramente com o uso <strong>de</strong> gigantescos canhões lançadores <strong>de</strong> enormes torpedos contra o inimigo, causando incontáveis estragos, mas sem conseguir cessar o conflito. Este se agravou através dos tempos, após o advento do avião, <strong>de</strong>vido à mobilida<strong>de</strong> do atirador diante do ponto fixo dos antigos e gigantescos canhões. Voltando aos nossos dias, on<strong>de</strong> se recomenda total isolamento à população, temos em meio a esse apelo possuidor <strong>de</strong> uma grandiosida<strong>de</strong> difícil, quase impossível <strong>de</strong> ser obe<strong>de</strong>cida, pequenas gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias que nascem aos borbotões, algumas logo se tornando nascituras à menor análise e outras que lembram buchas daqueles mesmos canhões sobre os quais falamos lá em cima. Ou seja, experimentos sem muita ou nenhuma certeza <strong>de</strong> sucesso, como essa que vamos viver a partir <strong>de</strong>sta segunda-feira em São Paulo, on<strong>de</strong> o algarismo final das placas dos automóveis particulares terá a licença para trafegarem em <strong>de</strong>terminados dias, outros não, obe<strong>de</strong>cendo a um revezamento par ou ímpar <strong>de</strong> fazer inveja a quem nunca pensou nisso antes. goso e factível o contágio, pois todos sabemos como circulam nossos ônibus pelas ruas e avenidas da pauliceia e como passarão a circular com meta<strong>de</strong> dos automóveis impedidos <strong>de</strong> sair a cada dia, inclusive aos sábados e domingos. Rogo às minhas entida<strong>de</strong>s protetoras, nas quais sempre acreditei e ainda muito acredito, que lancem esplendorosa luz sobre esses governantes e seus auxiliares que mais parecem perdidos diante da invasão <strong>de</strong> uma epi<strong>de</strong>mia ainda <strong>de</strong>sconhecida pela humanida<strong>de</strong>. E que essa luz, se não levar à cura, ao menos produza melhores i<strong>de</strong>ias para se evitar aglomerações e a multiplicação exponencial <strong>de</strong> vítimas, a pior parte <strong>de</strong>ssa história <strong>de</strong> horror. *** O mercado publicitário brasileiro, como aliás praticamente todos os setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s profissionais, tem sofrido terrivelmente com a paralisação das suas ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vido ao fechamento das agências, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das instalações dos seus clientes-anunciantes, das produtoras e <strong>de</strong>mais prestadores <strong>de</strong> serviços, que no seu todo contribuíram para alçar o país aos primeiros lugares das gran<strong>de</strong>s premiações mundiais do setor, on<strong>de</strong> mais se <strong>de</strong>staca o Cannes Lions, um dos primeiros a anunciar que este ano não haveria a esperada versão do mais famoso e badalado festival da comunicação publicitária do planeta. Uma das partes mais importantes do todo publicitário, a mídia, por força das suas ativida<strong>de</strong>s, prossegue heroicamente atuando, porém com baixo nível <strong>de</strong> programação publicitária, por tudo o que acima se falou. Qualquer meio <strong>de</strong> comunicação hoje está muito abaixo dos níveis em que era programado antes do coronavírus. Alguns, os mais fracos e sem recursos guardados, <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> existir após o fim da pan<strong>de</strong>mia (ou até antes), o mesmo acontecendo com muitas pessoas jurídicas acima citadas. Essas possibilida<strong>de</strong>s têm levado alguns arautos preverem que um novo mundo nascerá <strong>de</strong>pois do coronavírus, mais forte e mais resistente a outras investidas que o futuro <strong>de</strong> quando em quando reserva para a humanida<strong>de</strong>. Temos para nós que não será bem assim, infelizmente. Passado o bicho, teremos um longo período <strong>de</strong> <strong>de</strong>solação após contabilizarmos todas as perdas do setor. Demorará muito em seguida a se criarem novos sistemas. A valiosa re<strong>de</strong> da criação e comunicação publicitária do planeta <strong>de</strong>morará meses para voltar a ser o que era antes do surgimento <strong>de</strong>sse ainda muito pouco conhecido vírus, do qual a única parte aparente até aqui são os estragos que causa. Claro que essa é apenas uma estimativa, uma visão pessimista <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> tudo o que temos passado até aqui, na condição <strong>de</strong> habitantes <strong>de</strong>ste planeta. Nossos votos, neste mês em que o PROPMARK comemora 55 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ininterruptas, cuja história será contada em nossa edição prevista para 8 <strong>de</strong> junho próximo, são na verda<strong>de</strong> repletos <strong>de</strong> esperança, confiando em que a mesma criativida<strong>de</strong> que fez da ativida<strong>de</strong> publicitária uma das carreiras mais procuradas pelos jovens (e são eles que verda<strong>de</strong>iramente fazem o futuro) recupere-se rapidamente em todo o planeta e, se possível, com <strong>maio</strong>r velocida<strong>de</strong> no Brasil, que tanto precisa do seu talento para contrapor ao fétido comportamento <strong>de</strong> uma classe política que pratica o impossível por interesse próprio e falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enxergar um palmo adiante. Ainda agora, no fechamento <strong>de</strong>sta edição, estamos sabendo que um dos partidos políticos que muito se <strong>de</strong>stacou nos últimos tempos, em todos os sentidos, requereu na Justiça que fosse <strong>de</strong>cretado lockdown na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SP, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para quem já enxergou que per<strong>de</strong>u todas as chances <strong>de</strong> voltar à cena política nacional em gran<strong>de</strong> estilo. jornal propmark - <strong>11</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 3