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SÃO LUIZ DO PARAITINGA
CARNAVAL DE LAMA E TRISTEZA
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A cidade histórica de São Luiz do Paraitinga,
construída num vale e cortada
pelo rio Paraitinga, entrou o ano de 2010
debaixo d’água e com muita lama.
Pelo menos 2 mil famílias ficaram desabrigadas
e 200 desalojadas por causa
das chuvas do dia 01/01, conforme dados
da Defesa Civil. Não se sabe se o volume
de água foi proveniente das chuvas
torrenciais ou de uma tromba d’água na
cabeceira do rio, porém qualquer que
seja o motivo, a população viveu dias e
noites de pânico com a perda de seus
documentos pessoais, bens materiais,
alimentos, mercadorias e imóveis, muitos
deles históricos, tombados pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Faltou água, luz e alimento
durante vários dias. As comunidades vizinhas
não mediram esforços para atender
às necessidades de seus co-irmãos
enviando água, alimento, vestuários e
remédios, não houve diferença de crenças
religiosas ou posição social, apenas a
solidariedade falou mais alto.
A catástrofe que caiu sobre a cidade
de São Luiz do Paraitinga só não teve índice
de mortes devido ao trabalho incansável
dos voluntários da Cia. de rafitng,
Montana rafitng e o Corpo de Bombeiros,
que trabalharam incessantemente
com seus barcos infláveis no resgate de
aproximadamente 500 pessoas ilhadas,
dentre elas grávidas, acamados, idosos
e cadeirantes que estavam nos andares
superiores dos casarões.
O nível da água cobriu totalmente o
centro histórico, ocasionando o desabamento
da Igreja Matriz de São Luiz de
Toloza, a Capela das Mercês (igreja centenária)
e muitos casarões que ficavam no
entorno da praça principal.
2.000 pessoas perderam suas casas e
centenas foram interditadas pela defesa
civil. O valor é incalculável, estima-se que
serão aproximadamente dois anos para
que o centro histórico seja reconstruído.
O Instituto Elpídio dos Santos, o principal
centro cultural da cidade, que abrigava
documentos, fotografias, instrumentos
musicais, esculturas de argila dentre outras
obras do compositor, patrono musical
de São Luiz do Paraitinga, também
foi interditado pela defesa civil. A cidade
tinha centenas de edificações tombadas
e preservadas oficialmente como patrimônio
histórico desde 1982, todas elas
foram protegidas oficialmente por conta
de seu valor histórico. A maioria dos
prédios eram casarões feitos de taipa e
constituíam um dos maiores conjuntos
arquitetônicos tombados em território
paulista.
O saldo de entulhos ultrapassou 5 toneladas
que foram retirados e colocados
à beira da estrada, onde posteriormente
seriam levados para o aterro de Tremembé.
Após esta tragédia, o Governo do
Estado de São Paulo vai investir R$ 10
milhões na reconstrução e restauração
do patrimônio histórico de São Luiz do
Paraitinga.
Na nossa visita à cidade, conhecemos
e conversamos com algumas pessoas
que perderam seus negócios e com duas
pessoas da equipe de rafting que trabalharam
no resgate das pessoas que ficaram
ilhadas e desabrigadas.