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Revista Newslab Edição 161

Revista Newslab Edição 161 - Agosto / Setembro 2020

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Autores: Gleyson da Cruz Pinto1, Raíssa Dias Fares², Viviane Camara Maniero³.<br />

ARTIGO 01<br />

Introdução<br />

As arboviroses são um grupo de doenças virais,<br />

transmitidas por vetores (arthropod-borne<br />

vírus). São reconhecidas pela Organização Mundial<br />

de Saúde (OMS) como um problema global<br />

de saúde pública, em virtude de sua crescente<br />

dispersão territorial e necessidade de ações de<br />

prevenção e controle cada vez mais complexas<br />

(20). A designação dos arbovírus não é somente<br />

relacionada à sua veiculação através dos artrópodes,<br />

mas principalmente pelo fato de seu ciclo<br />

replicativo ocorrer nos insetos. Neste sentido,<br />

para classificar um artrópode como veiculador<br />

de um arbovírus é necessário que este tenha<br />

a capacidade de infectar vertebrados e invertebrados;<br />

de iniciar uma viremia em um hospedeiro<br />

vertebrado por tempo suficiente para<br />

permitir a infecção do vetor invertebrado; e de<br />

iniciar uma infecção produtiva e persistente da<br />

glândula salivar do invertebrado, a fim de fornecer<br />

vírus para infecção de outros hospedeiros<br />

vertebrados (5). Dessa forma, os arbovírus possuem<br />

hospedeiros variados, sejam vertebrados<br />

ou invertebrados, ocasionado doenças em humanos<br />

e em outros animais, sendo constituídos<br />

basicamente de cinco famílias virais:<br />

Bunyaviridae, Togaviridae, Flaviviridae, Reoviridae<br />

e Rhabdoviridae (10).<br />

O vírus da chikungunya (CHIKV) pertence à<br />

família Togaviridae e foi isolado inicialmente<br />

na Tanzânia por volta de 1952 e seu significado<br />

no idioma Makonde quer dizer “aquele que<br />

se curva”, por causar artralgias graves e intensas<br />

nas pessoas acometidas por esta moléstia.<br />

O CHIKV é um vírus de RNA cadeia simples e<br />

sua transmissão ocorre pela picada da fêmea<br />

hematófaga do mosquito Aedes aegypti e Aedes<br />

albopictus (1, 7, 8, 11).<br />

No Brasil, no ano de 2014 foi registrado o primeiro<br />

caso de transmissão autóctone do CHIKV<br />

que foi notificado no estado do Amapá, um ano<br />

após a chegada do vírus as Américas (região do<br />

Caribe), acometendo também outros países da<br />

América do Sul como Paraguai, Suriname e Colômbia<br />

neste mesmo ano (9).<br />

Um surto dessa magnitude é justificado<br />

porque o vírus ainda não havia circulado nas<br />

Américas, portanto não existia imunidade nesta<br />

população. O vírus CHIKV e a estirpe americana<br />

do vetor Aedes aegypti também apresentam<br />

em diversos países um histórico de transmissão<br />

concomitante com a dengue. (20).<br />

Adaptado: Tool for the diagnosis and care of patients with suspected arboviral diseases, PAHO, 2017. O algoritmo acima tem por objetivo auxiliar<br />

os laboratórios que possuem a capacidade de identificar arboviroses como Dengue, Chikungunya e Zika e, desta forma, realizar com maior<br />

precisão o diagnóstico diferencial destas doenças. Desde que, esteja disposto em sua unidade normas de contenção de biosegurança (BSL) para<br />

o adequado manuseio das amostras a nível laboratorial.<br />

No primeiro semestre de 2017 ocorreu um<br />

surto em todos os bairros da capital de Fortaleza.<br />

Com mais de 52 mil casos confirmados<br />

e, além disso, o município apresentou um aumento<br />

de 296% dos casos em relação ao ano<br />

anterior. (17). Nos primeiros três meses do ano<br />

de 2018, os casos de CHIKV no Estado do Rio<br />

de Janeiro cresceram em relação a 2017 e quase<br />

superam os índices do ano anterior. Foram<br />

computados, até o mês de março, 4.262 casos<br />

da doença em todo o estado, em comparação<br />

aos 1.585 casos notificados no mesmo período<br />

do ano anterior. Isso representa um aumento de<br />

aproximadamente 168% dos casos em apenas<br />

um ano e um total de 4.305 pessoas atingidas<br />

pela doença em 2017. (16).<br />

O CHIKV quando infecta o homem possui um<br />

período de incubação médio de 3 a 7 dias, podendo<br />

variar de 1 a 12 dias, surgindo então a “Febre<br />

Chikungunya” que é manifestada clinicamente<br />

com febre de início súbito, poliartralgia intensa<br />

e geralmente simétrica, mialgia, cefaleia, náuseas,<br />

fadiga e exantema de tronco e extremidades<br />

(incluindo palmas e plantas), podendo levar a<br />

morte de pessoas que apresentam alguma comorbidade<br />

ou que se encontram nos extremos de<br />

idades (3). Além disso, foram descritas algumas<br />

complicações graves como miocardite, meningoencefalite,<br />

hemorragia leve e até síndrome de<br />

Guillain-Barré (6). O diagnóstico da Chikungunya<br />

é geralmente clínico, porém o teste definitivo para<br />

a confirmação da doença é feito por técnica molecular<br />

RT-PCR (reação em cadeia da polimerase<br />

por transcriptase reversa) na primeira semana de<br />

doença que caracteriza a fase aguda. São utilizadas<br />

as técnicas de ELISA e teste imunocromatográfico<br />

do tipo POC (point of care) para pesquisar<br />

anticorpos específicos da CHIKV. Existem outros<br />

testes sorológicos que identificam anticorpos<br />

específicos das classes IgM e IgG. A IgM é melhor<br />

detectada a partir do quinto dia de doença,<br />

porém pode estar presente desde o segundo dia<br />

e permanecer elevada de 3 a 6 meses após a infecção.<br />

Por outro lado, a IgG apresenta aumento<br />

de seus títulos em torno do sexto dia de doença,<br />

devendo se realizar uma nova coleta após 15<br />

0 18<br />

<strong>Revista</strong> NewsLab | Ago/Set 2020

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