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Revista Newslab Edição 161

Revista Newslab Edição 161 - Agosto / Setembro 2020

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VIROLOGIA<br />

O diagnóstico laboratorial padrão é a reação<br />

em cadeia da polimerase-transcriptase<br />

reversa (RT-PCR) por meio da coleta de<br />

amostras como líquido amniótico, sangue e<br />

tecidos (cérebro, fígado, baço, rim, pulmão<br />

e coração). Os testes sorológicos para detectar<br />

IgM ou IgG específica contra o vírus<br />

Zika são ELISA, Imunofluorescência e teste<br />

de neutralização por redução de placas<br />

(PRNT). Entretanto, recomenda-se a coleta<br />

de material até cinco dias após a infecção<br />

(período de viremia) e pode haver reatividade<br />

cruzada com outros flavivírus (Simões<br />

& Barth, 2016). Por meio de testes de PRNT,<br />

do inglês plaque-reduction neutralization<br />

test, foram realizados ensaios de neutralização<br />

viral para avaliar o potencial de<br />

infectividade em neutralizar o vírus Zika a<br />

partir de amostras de soro de primatas que<br />

receberam ou não os anticorpos monoclonais<br />

(Magnani et al., 2017).<br />

Tem sido pesquisado um fármaco com<br />

atividade anti-ZIKV como a droga anti-helmíntica<br />

Nitazoxanida aprovada pela Food<br />

and Drug Administration (FDA) e classificada<br />

como categoria B para administração em<br />

gestantes. Em uma coorte de 75 milhões de<br />

adultos e crianças o fármaco apresentou,<br />

após comercialização, extensa seguridade.<br />

Pesquisadores implementaram o cultivo in<br />

vitro de células primárias de placenta humana<br />

para avaliação da infecção pelo ZIKV<br />

e terapia antiviral. Inicialmente, foi avaliado<br />

o efeito antiviral do fármaco Nitazoxanida<br />

em cultura de células coriônicas infectadas<br />

pelo ZIKV. Além disso, foi investigado o<br />

efeito antiviral de partículas infecciosas por<br />

ensaios de plaque e redução de cópias de<br />

RNA viral por RT-qPCR (reação em cadeia<br />

da polimerase em tempo real-transcriptase<br />

reversa). Como resultado da pesquisa,<br />

a droga Nitazoxanida foi capaz de inibir a<br />

liberação de partículas infecciosas no sobrenadante<br />

das culturas tratadas em baixas<br />

concentrações. Entretanto, apesar do estudo<br />

ser preliminar, o efeito antiviral do fármaco<br />

parece ser eficiente quando realizado<br />

em explantes da membrana fetal, uma vez<br />

que é o microambiente tecidual que melhor<br />

se assemelha as condições no organismo<br />

vivo (Souza et al., 2019). Diversas vacinas<br />

estão em desenvolvimento incluindo partículas<br />

de vírus inativo purificado, vacina<br />

de vírus vivo atenuado, vacina quimérica,<br />

vetores virais e partículas semelhantes a<br />

vírus (VLPs).<br />

Chikungunya<br />

O vírus foi isolado pela primeira vez na<br />

Tanzânia. No dialeto Makonde, a doença<br />

recebeu o nome proveniente do termo<br />

verbal kungunyala que significa “aqueles<br />

que se dobram ou se contorcem” devido a<br />

fortes dores nas articulações e dores musculares.<br />

Refere-se à aparência curvada dos<br />

pacientes que foram atendidos na primeira<br />

epidemia documentada, na Tanzânia,<br />

localizada no leste da África, entre 1952 e<br />

1953 (Barth & Simões, 2019).<br />

Em 2004 foram registrados surtos no<br />

Quênia. Em 2005 casos foram documentados<br />

na Indonésia, Taiwan, Singapura,<br />

Malásia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Comores,<br />

Mayotte, Seychelles, Maurício. No ano<br />

seguinte, em 2006, houve a propagação<br />

da epidemia do Oceano Índico à Índia e<br />

casos na Itália, Guiana Francesa e EUA. Um<br />

ano mais tarde, em 2007 foi registrada a<br />

introdução do vírus no Norte da Itália após<br />

o vírus ter sido detectado em viajante recém-chegado<br />

da Índia. Em 2010, o vírus<br />

circulante infectou mais de 1,39 milhões<br />

de pessoas por meio de casos importados<br />

trazidos de viajantes da Indonésia, Índia e<br />

Sudoeste Asiático afetando Taiwan, França,<br />

EUA e Brasil. Em agosto do mesmo ano<br />

(2010), foram registrados os primeiros casos<br />

em São Paulo de dois homens 41 e 55<br />

anos, respectivamente, e uma mulher de<br />

25 anos após uma viagem à Indonésia que<br />

apresentaram sintomas da febre Chikungunya.<br />

Em 2013, foram registrados novos<br />

casos nas Ilhas do Caribe. Em junho de<br />

2014 novos casos foram confirmados em<br />

militares após retornarem de uma missão<br />

no Haiti. Em outubro de 2014, foram<br />

confirmados ao total 337 casos no Brasil<br />

sendo 274 na cidade Feira de Santana, na<br />

Bahia. Novos casos foram registrados nos<br />

EUA de viajantes retornando de áreas afetadas<br />

detectadas em Porto Rico, em 2017<br />

(Barth & Simões, 2019).<br />

Devido a distribuição dos vetores pelas<br />

Américas toda a região é suscetível à introdução<br />

e à propagação do vírus, de modo<br />

que o mosquito Aedes aegypti intitula-se<br />

como o vetor principal na transmissão na<br />

África e predominante nas áreas urbanas,<br />

enquanto o Aedes albopictus prevalece<br />

nas áreas silvestres. Foi descrita a transmissão<br />

intrauterina quando a mãe apresentava<br />

viremia. Até o momento, estudos<br />

não detectaram o vírus no leite materno.<br />

Casos de profissionais de laboratórios que<br />

manipularam sangue infectado já foram<br />

registrados (Barth & Simões, 2019).<br />

O diagnóstico viral deve ser realizado nos<br />

três primeiros dias de infecção por meio do<br />

isolamento viral em cultura de células. Até<br />

oito dias pós-infecção, o RNA viral pode ser<br />

detectado no soro pela RT-PCR. Em testes<br />

de análises clínicas laboratoriais, os altos<br />

níveis de creatinina e transaminases hepáticas<br />

elevadas são alterações encontradas<br />

características da infecção viral. O teste sorológico<br />

é realizado utilizando captura IgM<br />

e IgG para pesquisa de anticorpos específicos<br />

anti-CHIKV. Sabe-se que é possível o<br />

paciente positivo para o vírus CHIKV estar<br />

co-infectado por outras arboviroses (Simões<br />

& Barth, 2019).<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab | Ago/Set 2020

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