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VIROLOGIA<br />
O diagnóstico laboratorial padrão é a reação<br />
em cadeia da polimerase-transcriptase<br />
reversa (RT-PCR) por meio da coleta de<br />
amostras como líquido amniótico, sangue e<br />
tecidos (cérebro, fígado, baço, rim, pulmão<br />
e coração). Os testes sorológicos para detectar<br />
IgM ou IgG específica contra o vírus<br />
Zika são ELISA, Imunofluorescência e teste<br />
de neutralização por redução de placas<br />
(PRNT). Entretanto, recomenda-se a coleta<br />
de material até cinco dias após a infecção<br />
(período de viremia) e pode haver reatividade<br />
cruzada com outros flavivírus (Simões<br />
& Barth, 2016). Por meio de testes de PRNT,<br />
do inglês plaque-reduction neutralization<br />
test, foram realizados ensaios de neutralização<br />
viral para avaliar o potencial de<br />
infectividade em neutralizar o vírus Zika a<br />
partir de amostras de soro de primatas que<br />
receberam ou não os anticorpos monoclonais<br />
(Magnani et al., 2017).<br />
Tem sido pesquisado um fármaco com<br />
atividade anti-ZIKV como a droga anti-helmíntica<br />
Nitazoxanida aprovada pela Food<br />
and Drug Administration (FDA) e classificada<br />
como categoria B para administração em<br />
gestantes. Em uma coorte de 75 milhões de<br />
adultos e crianças o fármaco apresentou,<br />
após comercialização, extensa seguridade.<br />
Pesquisadores implementaram o cultivo in<br />
vitro de células primárias de placenta humana<br />
para avaliação da infecção pelo ZIKV<br />
e terapia antiviral. Inicialmente, foi avaliado<br />
o efeito antiviral do fármaco Nitazoxanida<br />
em cultura de células coriônicas infectadas<br />
pelo ZIKV. Além disso, foi investigado o<br />
efeito antiviral de partículas infecciosas por<br />
ensaios de plaque e redução de cópias de<br />
RNA viral por RT-qPCR (reação em cadeia<br />
da polimerase em tempo real-transcriptase<br />
reversa). Como resultado da pesquisa,<br />
a droga Nitazoxanida foi capaz de inibir a<br />
liberação de partículas infecciosas no sobrenadante<br />
das culturas tratadas em baixas<br />
concentrações. Entretanto, apesar do estudo<br />
ser preliminar, o efeito antiviral do fármaco<br />
parece ser eficiente quando realizado<br />
em explantes da membrana fetal, uma vez<br />
que é o microambiente tecidual que melhor<br />
se assemelha as condições no organismo<br />
vivo (Souza et al., 2019). Diversas vacinas<br />
estão em desenvolvimento incluindo partículas<br />
de vírus inativo purificado, vacina<br />
de vírus vivo atenuado, vacina quimérica,<br />
vetores virais e partículas semelhantes a<br />
vírus (VLPs).<br />
Chikungunya<br />
O vírus foi isolado pela primeira vez na<br />
Tanzânia. No dialeto Makonde, a doença<br />
recebeu o nome proveniente do termo<br />
verbal kungunyala que significa “aqueles<br />
que se dobram ou se contorcem” devido a<br />
fortes dores nas articulações e dores musculares.<br />
Refere-se à aparência curvada dos<br />
pacientes que foram atendidos na primeira<br />
epidemia documentada, na Tanzânia,<br />
localizada no leste da África, entre 1952 e<br />
1953 (Barth & Simões, 2019).<br />
Em 2004 foram registrados surtos no<br />
Quênia. Em 2005 casos foram documentados<br />
na Indonésia, Taiwan, Singapura,<br />
Malásia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Comores,<br />
Mayotte, Seychelles, Maurício. No ano<br />
seguinte, em 2006, houve a propagação<br />
da epidemia do Oceano Índico à Índia e<br />
casos na Itália, Guiana Francesa e EUA. Um<br />
ano mais tarde, em 2007 foi registrada a<br />
introdução do vírus no Norte da Itália após<br />
o vírus ter sido detectado em viajante recém-chegado<br />
da Índia. Em 2010, o vírus<br />
circulante infectou mais de 1,39 milhões<br />
de pessoas por meio de casos importados<br />
trazidos de viajantes da Indonésia, Índia e<br />
Sudoeste Asiático afetando Taiwan, França,<br />
EUA e Brasil. Em agosto do mesmo ano<br />
(2010), foram registrados os primeiros casos<br />
em São Paulo de dois homens 41 e 55<br />
anos, respectivamente, e uma mulher de<br />
25 anos após uma viagem à Indonésia que<br />
apresentaram sintomas da febre Chikungunya.<br />
Em 2013, foram registrados novos<br />
casos nas Ilhas do Caribe. Em junho de<br />
2014 novos casos foram confirmados em<br />
militares após retornarem de uma missão<br />
no Haiti. Em outubro de 2014, foram<br />
confirmados ao total 337 casos no Brasil<br />
sendo 274 na cidade Feira de Santana, na<br />
Bahia. Novos casos foram registrados nos<br />
EUA de viajantes retornando de áreas afetadas<br />
detectadas em Porto Rico, em 2017<br />
(Barth & Simões, 2019).<br />
Devido a distribuição dos vetores pelas<br />
Américas toda a região é suscetível à introdução<br />
e à propagação do vírus, de modo<br />
que o mosquito Aedes aegypti intitula-se<br />
como o vetor principal na transmissão na<br />
África e predominante nas áreas urbanas,<br />
enquanto o Aedes albopictus prevalece<br />
nas áreas silvestres. Foi descrita a transmissão<br />
intrauterina quando a mãe apresentava<br />
viremia. Até o momento, estudos<br />
não detectaram o vírus no leite materno.<br />
Casos de profissionais de laboratórios que<br />
manipularam sangue infectado já foram<br />
registrados (Barth & Simões, 2019).<br />
O diagnóstico viral deve ser realizado nos<br />
três primeiros dias de infecção por meio do<br />
isolamento viral em cultura de células. Até<br />
oito dias pós-infecção, o RNA viral pode ser<br />
detectado no soro pela RT-PCR. Em testes<br />
de análises clínicas laboratoriais, os altos<br />
níveis de creatinina e transaminases hepáticas<br />
elevadas são alterações encontradas<br />
características da infecção viral. O teste sorológico<br />
é realizado utilizando captura IgM<br />
e IgG para pesquisa de anticorpos específicos<br />
anti-CHIKV. Sabe-se que é possível o<br />
paciente positivo para o vírus CHIKV estar<br />
co-infectado por outras arboviroses (Simões<br />
& Barth, 2019).<br />
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<strong>Revista</strong> NewsLab | Ago/Set 2020