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Revista Newslab Edição 161

Revista Newslab Edição 161 - Agosto / Setembro 2020

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gunya e Mayaro. O genoma dos flavivírus<br />

é um RNA vírus, envelopado, capsídeo icosaédrico<br />

medindo 30nm de diâmetro. Ele<br />

codifica três proteínas estruturais: capsídeo<br />

(C), membrana (M, que é expressa<br />

como prM, o precursor de M), proteína de<br />

envelope (E) e sete proteínas não estruturais:<br />

NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e<br />

NS5. Nos últimos 50 anos, muitos flavivírus,<br />

como os vírus da dengue, e da febre<br />

amarela, exibiram aumentos dramáticos<br />

na incidência, e gravidade das doenças<br />

com grande alcance geográfico a nível<br />

mundial.<br />

Febre Amarela<br />

A febre amarela (FA) é causada por um<br />

arbovírus da família Flaviviridae, gênero<br />

Flavivirus. Apresenta elevado potencial de<br />

disseminação em áreas urbanas que pode<br />

acometer primatas neotropicais atuando<br />

como sentinelas e sinalizando a circulação<br />

do vírus amarílico durante a fase virêmica.<br />

Possui dois ciclos epidemiológicos distintos:<br />

silvestre e urbano.<br />

No ciclo silvestre os principais hospedeiros<br />

são os primatas não-humanos (macacos),<br />

e sua transmissão ocorre a partir de<br />

vetores silvestres como dípteros da família<br />

Culicidae, Haemagogus e Sabethes, e das<br />

espécies H. janthinomys, H. altomaculatus,<br />

H. leucocecalnus e S. choloropterus<br />

(Araújo et al., 2011), onde o homem<br />

participa como um hospedeiro acidental.<br />

Por sua vez no ciclo urbano, o homem é o<br />

único hospedeiro com importância epidemiológica,<br />

e a transmissão ocorre a partir<br />

de vetores urbanos infectados, sendo o<br />

Aedes aegypti o principal.<br />

Durante a epizootia de Febre Amarela<br />

em São Paulo, dos 1.563 casos suspeitos<br />

em seres humanos, 629 foram confirmados<br />

como positivos (40,2%) (Teixeira et<br />

al., 2018). Nas últimas décadas, grandes<br />

epizootias foram notificadas no Brasil em<br />

especial no Rio Grande do Sul. O vírus foi<br />

detectado em 69% dos primatas bugios<br />

das espécies Alouatta elamitans e Alouatta<br />

caraya (Almeida, et al., 2012).<br />

Em 2017 e 2018, foram registradas 950<br />

mortes provocadas em primatas não-humanos<br />

de vida livre (Teixeira et al., 2018).<br />

O vírus da Febre Amarela foi detectado no<br />

Parque Zoológico em pequenos primatas<br />

de sagui de tufos brancos da espécie<br />

Callithrix jacchus, um sagui de tufo preto<br />

da espécie Callithrix penicillata, e em 11<br />

primatas de médio porte como bugios ruivos<br />

da espécie Alouatta clamitans. Dos 28<br />

óbitos de primatas de pequeno porte representados<br />

pelos saguis de tufos brancos<br />

e pretos, apenas um de cada espécie foi<br />

infectado pelo vírus com uma prevalência<br />

de 7,14% (2/28) (Teixeira et al., 2018).<br />

Amostras biológicas de primatas não-<br />

-humanos dos gêneros Callithrix, Alouatta<br />

e Sapajus foram investigadas no exame<br />

post mortem (Araújo et al., 2011). Quanto<br />

ao material a ser destinado ao laboratório<br />

foram coletadas amostras de fígado,<br />

baço, pulmões, cérebro, coração e rins,<br />

para isolamento do vírus em cultura de<br />

tecidos, identificação de anticorpos virais<br />

e detecção do RNA viral. Para análise histopatológica<br />

e imunohistoquímica, os tecidos<br />

foram fixados em formol tamponado<br />

10%, e para análise genética-molecular,<br />

espécimes biológicos foram conservados<br />

em álcool 70% (Teixeira et al., 2018). A<br />

vacina contra a febre amarela é produzida<br />

a partir de vírus vivo atenuado (cepa 17D),<br />

e confere imunidade por 10 anos.<br />

Dengue<br />

O vírus da dengue pertence à família<br />

Flaviviridae, gênero Flavivirus. Existem<br />

quatro sorotipos do vírus: DENV-1, DENV-<br />

2, DENV-3 e DENV-4, que compartilham<br />

65% a 70% de homologia (Zeng et al.,<br />

2018). Epidemiologicamente, as áreas<br />

mais afetadas no mundo são as Américas<br />

do Sul, Central e do Norte, África, Austrália,<br />

Caribe, China, Ilhas do Pacífico, Índia,<br />

Sudeste Asiático e Taiwan (Oliveira, 2019).<br />

O clima quente constitui condições ideais<br />

para a proliferação do mosquito. Um<br />

dos fatores agravantes neste processo é o<br />

acúmulo de água em recipientes que favorecem<br />

a procriação do vetor. A principal<br />

forma de transmissão é pela picada dos<br />

mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.<br />

Há registros de transmissão vertical e<br />

estudos já detectaram o vírus em amostras<br />

de transfusão de sangue.<br />

A infecção por dengue pode ser assintomática,<br />

leve ou causar doença grave, e<br />

o período de incubação é em média de 5<br />

dias, podendo chegar a 10 dias. Historicamente<br />

conhecida como a “febre quebra<br />

ossos” apresenta como primeira manifestação<br />

clínica febre alta (39° a 40°C), de<br />

início abrupto, que geralmente dura de 2<br />

a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça,<br />

dores no corpo e articulações, prostração,<br />

fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e<br />

coceira na pele. Perda de peso, náuseas<br />

e vômitos também são comuns. A forma<br />

grave da doença inclui dor abdominal<br />

intensa e contínua, vômitos persistentes,<br />

sangramento de mucosas, entre outros<br />

sintomas (Oliveira, 2019).<br />

O diagnóstico clínico da dengue deve ser<br />

confirmado laboratorialmente pelo fato<br />

de as manifestações clínicas serem semelhantes<br />

a outras arboviroses. O diagnóstico<br />

laboratorial consiste no isolamento<br />

viral, detecção do antígeno e/ou do ácido<br />

nucleico viral e a pesquisa de anticorpos.<br />

VIROLOGIA<br />

<strong>Revista</strong> NewsLab | Ago/Set 2020<br />

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