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Revista Newslab Edição 161

Revista Newslab Edição 161 - Agosto / Setembro 2020

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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM<br />

Experiência do Paciente e o valor<br />

da humanização em saúde<br />

O que o paciente precisa de nós?<br />

Autor: Dra. Daniella Kerbauy, Dr. Rogério Caldana<br />

Para responder essa pergunta é importante<br />

adotarmos a perspectiva correta, do próprio<br />

paciente e seus familiares, que estão diante<br />

de variadas incertezas quando buscam<br />

assistência à saúde. Eles geralmente desconhecem<br />

o nível de serviço necessário para<br />

o adequado desfecho de seu caso, podem<br />

se sentir inseguros e fragilizados diante de<br />

procedimentos potencialmente invasivos,<br />

e enfrentam a possibilidade de sofrimento<br />

e exposição à ideia da própria mortalidade,<br />

com todos os sentimentos que isso implica.<br />

Aspectos como esses tornam o atendimento<br />

à saúde uma relação única na prestação<br />

de serviços, em que a confiança no médico,<br />

profissional ou instituição de saúde assume<br />

papel preponderante. Tal grau de confiança<br />

é geralmente estabelecido sobre dois principais<br />

fatores: um de natureza técnica, representado<br />

pelo conhecimento científico e uso<br />

de recursos tecnológicos cada vez mais complexos<br />

e avançados, e outro de natureza humanística,<br />

caracterizado pela compreensão<br />

e acolhimento ao sentimento do paciente. A<br />

confiança necessária para o sucesso dessa relação<br />

fracassará se um desses componentes<br />

for oferecido sem a presença do outro.<br />

É com essa perspectiva que assume central<br />

importância a chamada "Experiência do<br />

Paciente”, que reúne o conjunto de fatores<br />

e interações vivenciadas na jornada de seu<br />

atendimento. Pesquisas têm demonstrado<br />

que os pacientes atribuem a percepção de<br />

qualidade ao serem adequadamente informados,<br />

ouvidos com dedicação, quando são<br />

tratados de forma pessoal e acolhedora, e<br />

apoiados nas necessidades para seu engajamento.<br />

Isso tem levado as instituições de<br />

saúde a reestruturarem seus processos de<br />

atendimento em torno do paciente e não da<br />

doença.<br />

Programas efetivos que priorizam a Experiência<br />

do Paciente envolvem praticamente<br />

todas as operações de uma organização de<br />

saúde, ao colocarem o bem-estar do paciente<br />

como o principal foco de suas atividades.<br />

Tais programas incluem desde a escolha do<br />

perfil das lideranças e corpo profissional, a<br />

aspectos operacionais como o rigor nos protocolos<br />

de segurança, consentimento e informação,<br />

o aprimoramento contínuo na comunicação<br />

interpessoal e corporativa, ações<br />

de engajamento de pacientes e familiares,<br />

políticas de desenvolvimento e valorização<br />

de habilidades pessoais, como empatia, comunicação<br />

e trabalho colaborativo.<br />

Atentas a isso, o desenvolvimento da cultura<br />

organizacional centrada no paciente tem<br />

sido um dos principais fatores de diferenciação<br />

competitiva das maiores instituições de<br />

saúde por todo o mundo, com importantes<br />

exemplos nacionais nesse sentido, o que inclui<br />

iniciativas de sucesso também em instituições<br />

públicas.<br />

O impacto da experiência do paciente também<br />

pode ser medido pelo seu efeito direto<br />

na saúde do indivíduo: elevados níveis de<br />

experiência correlacionam-se à maior aderência<br />

ao tratamento e maior grau de engajamento<br />

no controle de doenças crônicas.<br />

Instituições de saúde que priorizam a Experiência<br />

do Paciente têm também apresentado<br />

melhor avaliação de seu corpo clínico e colaboradores,<br />

por reforçarem a noção de pertencimento<br />

e o ambiente positivo de trabalho.<br />

Todo esse esforço traz também impacto<br />

nos resultados financeiros, seja pelo ganho<br />

em eficiência, credibilidade e fidelização, ou<br />

pelo melhor desempenho em modelos de<br />

remuneração baseados em valor, tendência<br />

cada vez maior na cadeia de saúde, pelo foco<br />

no desfecho clínico. Um exemplo disso é a<br />

implantação do sistema MIPS norte-americano,<br />

baseado em critérios de qualidade<br />

avaliados pelos próprios pacientes.<br />

Por fim, as instituições precisam criar mecanismos<br />

eficientes para receber os feedbacks<br />

dos pacientes, e implantar as melhorias<br />

apontadas. Boa parte da experiência diferenciada<br />

está na percepção de que os pacientes<br />

são ouvidos e valorizados individualmente, e<br />

não tratados apenas como parte de protocolos<br />

clínicos.<br />

Se por um lado já conhecemos quais fatores<br />

são importantes para garantir uma experiência<br />

diferenciada no atendimento à saúde,<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab | Ago/Set 2020

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