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REPORTAGEM<br />
REPORTAGEM<br />
para ajudar os netos a<br />
conseguir sobreviver e<br />
só depois quando eles<br />
começam a encaminhar<br />
a sua vida é que os<br />
avós se abandonam ao<br />
luto e isso é importante<br />
também falar-se, mas<br />
como são vistas por<br />
dois prismas, a verdade<br />
é que nós não vemos<br />
uma realidade contada<br />
por um narrador que à<br />
partida é omnipresente<br />
e sabe de tudo e está a<br />
contar de uma forma<br />
algo distanciada, aqui<br />
estamos a viver pelos<br />
olhos subjetivos e<br />
pelo sentir subjetivo<br />
da personagem e isso<br />
eu acho que também<br />
ajuda muito sobretudo a<br />
entender algumas coisas<br />
que nós sentimos”, afirma<br />
Margarida.<br />
Já O Mundo da Inês de<br />
Sara nasceu um pouco<br />
pela necessidade de ler e<br />
escrever para a sua filha,<br />
a parte “acidental da<br />
questão”, pois a autora<br />
afirma que escrevia para<br />
a entreter e no fundo<br />
“o ponto de partida da<br />
coleção acho eu que foi<br />
um bocadinho limitado,<br />
porque ela na altura<br />
gostava muito de ler<br />
aquelas coleções da Enid<br />
Blyton das meninas que<br />
viviam nos colégios<br />
internos” e então decidiu<br />
criar-lhe uma história<br />
única. “Aqui não era mais<br />
do que entretenimento”,<br />
afirma a autora, no<br />
entanto a mesma<br />
acredita que na altura<br />
“tinha a preocupação de<br />
questionar um bocadinho<br />
as questões das relações<br />
humanas, de pessoas que<br />
têm comportamentos<br />
desagradáveis com os<br />
outros e tentar perceber o<br />
porquê, etc.<br />
Já havia ali um explorar<br />
dos sentimentos e<br />
das atitudes e do<br />
questionamento, mas<br />
depois de a coleção<br />
começar a ser publicada e a ter uma<br />
projeção que eu não imaginava,<br />
eu comecei a perceber que tinha<br />
muita gente a ler que gostava dessa<br />
problematização das situações e eu<br />
própria escrevendo para mim porque a<br />
escrita para mim é como uma terapia”.<br />
Embora o Mundo da Inês aborde<br />
diretamente a vida de uma jovem<br />
miúda, a autora afirma não apreciar a<br />
ideia de que “os livros estão limitados<br />
para um determinado público, acho<br />
que os livros são para quem<br />
os quiser ler”. Apesar de Sara<br />
se encontrar mais familiarizada com<br />
o mundo feminino, “porque eu sou<br />
mulher e escrevo mais facilmente<br />
sobre o mundo interior das mulheres<br />
do que o dos homens, mas acho que o<br />
mundo feminino é um mundo muito<br />
interessante para os homens, portanto,<br />
há se calhar rapazes que, querendo<br />
saber como é que as raparigas pensam<br />
e funcionam, podem ter a curiosidade<br />
de ler estes livros”.<br />
Margarida também já escreveu<br />
muito quer para crianças quer para<br />
adolescentes e jovens e agora encontrase<br />
num novo projeto, Re-Word-It, que<br />
056 NOFEV21 057<br />
NOFEV21