Chicos - 69 de 13.07.2022
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Mulheres & Letras
Chicos
* Emerson Teixeira Cardoso
Quando o assunto é mulher não falta ao
ensaísta Guilhermino Cesar um afago: as mulheres
gaúchas, segundo ele, participaram ativamente
do processo econômico naquela região, e
por isso caminharam precocemente para o magistério,
a imprensa, o livro, enfim, para as ocupações
liberais.
Isto, principalmente levando-se em conta
que a escravaria, por lá não medrou como ocorreu
nas regiões onde dela lançou mão o senhor
de engenho. Nem ao açoriano, nem aos colonos
italianos ou alemães foram outorgados esses direitos,
já que a legislação imperial não permitia
o trabalho servil nos lotes da colônia, daí formando
por ali, uma sociedade menos marcada
pelo aviltamento do trabalho atribuído ao negro.
"A mulher era mais parceira do marido do
que o seu aí Jesus cercado de mucamas, tafularias
e babados" como se expressou no seu
"Notícias do Norte", o famoso historiador
O mesmo se pode dizer no que concerne
ao fazer literário: a primeira pessoa a publicar
uma obra em versos na província foi a ceguinha
do Rio Grande, Delfina Benigno da Cunha. Seus
poemas, Poesias oferecidas às senhoras riograndense
apareceram em l834.
Maria José Barreto, publicando na revista
Guanabara, surgiu também no cenário literário
do Sul, como exemplo de mulher determinada.
Militou na política e na literatura da época, cuja
característica principal foi a exasperação romântica
e a ideologia. Outra, que como a primeira,
foi adversária dos Farrapos que experimentou o
sabor de sua pena.
"de faca na bota", segundo a expressão de
Guilhermino Cesar, fundou um jornal:"Belona
irada” contra os sectarismos de Momo que não
era bem o que se poderia chamar de jornal. Seria
antes um Pasquim com o intuito de desancar
aqueles que aderiam a folia grossa. Achando
pouco, fundou outro, "Idade de Ouro", um dos
primeiros de nossa imprensa.
Dentre as poetisas esquecidas de nossa literatura,
só uma havia publicado em livro: Maria
Clemência da Silveira Sampaio. Mas de acordo
com fontes fidedignas a gauchinha dos "Versos
heroicos", dedicados a d. Pedro I, publicado na
imprensa régia, revelava mais senso prático que
talento poético. Mas sobravam lhe conhecimentos
dos assuntos de comércio, transportes e lavoura
do Rio Grande.
Como verificamos, a literatura feminina do
Brasil nos seus primórdios estava estritamente
ligada à vida política e à vida econômica.
Em l925, antes de Manuel Bandeira escrever
os seus versos a Baco, a Momo e a Vênus na
abertura do seu "Carnaval", uma mulher o antecipou
em despudor do estro. Era Gilka Machado
que com 22 anos publicou o seu livro de estreia,
"Cristais partidos".
Nele ela estampou versos assim: "Uma brisa
sutil, úmida, fria, lassa / erra de quando em
quando. É uma noite de bodas/ Esta noite.../ Há
por tudo um sensual arrepio. / Sinto pêlos no
vento... é a volúpia que passa / Flexuosa, a se
roçar por sobre as coisas todas/ tal como uma
gata errando em seu eterno cio".
Com todas essas cousas, pêlos e cios, como
ela mesmo dizia teriam sido esses versos escritos
anos antes, nos seus treze. Segundo Ruy
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