Chicos - 69 de 13.07.2022
Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.
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Chicos
se meus lucros ficam perdidos?
E agora,
de que me serve ser brasileiro,
ter imperador e princesas,
se a mim não permitem
nem vender meus negros?
Ator se desveste de Exu e começa a conversar com a plateia:
ATOR (ex-Exu) ─ Se Nã Agotimé voltou rainha para o Daomé, ninguém sabe. Se ficou
escrava em São Luiz até sua morte, também não. Se comprou sua liberdade como
vários escravos urbanos conseguiram fazer e viveu sua vida nalgum lugar do
Brasil, também ninguém pode dizer.
Os deuses da família real, de Agonglô, Adandozan, Guezo, são cultuados até hoje
na Casa das Minas de São Luiz. A origem dessa casa de santo se perde no tempo.
Não há registro de quem a tenha iniciado. E não por falta de estudos, nem por desinteresse
de cientistas, de estudiosos.
Sérgio Ferreti, um desses doutos, é quem diz:
“A Casa das Minas Jeje é muito conhecida e respeitada no Maranhão
e no Brasil, tem sido divulgada pela literatura específica, analisada em
teses, artigos e livros de diversos pesquisadores”.
O ator que representa o senhor pardo mostra-se revoltado:
ATOR (ex-senhor pardo) ─ Que isso? Não tem essa fala no texto. Vamos voltar ao
trabalho, gente. Olha o chicote, negrada!
Tenta reiniciar voltando ao texto, aos gritos:
De que me serve ser súdito?
O que é ser vassalo?
De que me serve ser brasileiro?
Que liberdade é essa que a mim
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