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Chicos - 69 de 13.07.2022

Chicos é uma publicação literária que circula apenas pelos meios digitais. Envie-nos seu e-mail e teremos prazer de te enviar gratuitamente nossas edições. A linha editorial é fundamentalmente voltada para a literatura dos cataguasenses, mas aberta ao seu entorno e ao mundo. Procura manter, em cada um dos seus números, uma diversidade temática.

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A Árvore do Esquecimento

Chicos

*Fernando Abritta

Talvez não entenda

a lenda silenciosa em mim

10 - Moleques servem à rainha

(Em mim, Luiz Ruffato)

No mar calmo, navio negreiro descansa da longa travessia. Tempestades e fortes ventos

desviaram sua rota (coisa dos Orixás, travessuras de Exu) e o colocaram nas águas do

porto de São Luiz, Maranhão. Destino original era Recife, Salvador e Rio de janeiro.

Dentro levava muitos escravizados e uma rainha esposa do poderoso rei Agonglô que

morreu deixando dois sucessores: Adandozan, o regente, para reinar até quando Guezo,

o rei bebê filho de Nã Agotimé, estivesse pronto. Do alto de seu trono Adandozan determinou

e entregou aos brancos negreiros mãe de rei infante para que nunca ninguém

mais a visse e nem lembrasse da ordem dada por Guezo. Fez Nã Agotimé rodar tronco

da árvore que rouba memórias, a árvore do esquecimento. Fez dela escrava de brancos

que a levaram para que sumisse no outro lado das águas em terras desconhecidas.

Levava porque agora a rainha Nã Agotimé, sua ama e dois moleques foram enviados

para serem vendidos no mercado da cidade para cobrir despesas da viagem.

Aqui estou cantando.

O vento me leva.

Estou seguindo os passos dos que morreram.

Foi-me permitido vir à montanha do poder.

Cheguei à Cordilheira do Céu.

O poder daqueles que morreram retorna a mim.

Do infinito me falaram.

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