edição de 17 de julho de 2023

PCs (US$ 36,5 bilhões). Liderada pela China, a Ásia encabeça
o ranking com US$ 84,8 bilhões (46%), enquanto os
Estados Unidos lideram o mercado da América do Norte,
que soma US$ 49,7 bilhões (27%). A Europa é o terceiro filão,
com US$ 33,3 bilhões (18%). Já a América Latina soma
US$ 8,4 bilhões, apenas 5% de participação. O Brasil figura
como o décimo mercado em faturamento, com valor
de aproximadamente US$ 2,7 bilhões.
O potencial de negócios do Brasil é tão instigante
quanto as missões travadas nas telas. Nos últimos quatro
anos, o mercado nacional saltou de 375 para mais de
mil estúdios de desenvolvimento de jogos, alta e 169%,
de acordo com a primeira “Pesquisa Nacional da Indústria
de Games”, divulgada pela Agência Brasileira de Promoção
de Exportação e Investimentos (ApexBrasil) em
parceria com a Associação Brasileira das Desenvolvedoras
de Jogos Digitais (Abragames).
“Em 2022, foram publicados 20 jogos de estúdios
associados à Abragames. A expectativa é de que tenhamos
um aumento de 50% para 2023”, prevê Rodrigo
Terra, presidente da Abragames. De títulos de console
e mobile a cloud gaming e realidade virtual, a indústria
brasileira marca pontos em diversas plataformas.
“Os estúdios existentes vão crescer, demandando uma
onda de novas contratações. Porém, serão mais pulverizadas”,
situa Terra.
Marco
Em aprovação no Senado, o Marco Legal dos Games
pode alavancar o desenvolvimento dos jogos eletrônicos.
Mas a Abragames “defende melhorias no texto para
que represente ainda mais o que o mercado entende
como essencial”, indica Carolina Caravana, vice-presidente
da Abragames. Diminuição de burocracias para a
importação de materiais, maior assistência regional e
federal aos estúdios e incentivos que ajudem na entrega
de jogos de todos os gêneros são algumas das reivindicações.
“Com a redução das despesas e consequente
diminuição dos custos, acreditamos que os jogos podem
ser mais acessíveis”, conclui Carolina.
Até a prefeitura de São Paulo intensifica esforços.
No início de julho, abriu inscrições para o Sampa Games,
direcionado a empresas e estúdios especializados em
tecnologia para jogos eletrônicos. Operada pela Agência
São Paulo de Desenvolvimento (Ade Sampa), a ação visa
a acelerar negócios com mentorias e oficinas gratuitas,
participação em eventos e ampliação da rede de contatos,
além de aporte financeiro de R$ 42,5 mil para os 24
negócios selecionados. As inscrições podem ser feitas
pelo site do programa.
“São diversas oportunidades, sendo possível ingressar
em programação, modelagem 3D, concept art, produção,
sound designer, game designer, level designer e
UI specialist, entre outras”, elenca a secretária de Desenvolvimento
Econômico e Trabalho, Aline Cardoso. “O Sampa
Games chega para impulsionar ainda mais a criação
de negócios neste eixo, reforçando o compromisso da
prefeitura de São Paulo com as profissões do futuro, a
tecnologia e a inovação”, continua Aline.
Embora aquecido, o setor precisa de investimentos
para crescer. “A Ade Sampa não poderia deixar de alavancar
as pequenas empresas que compõem o ecossistema
dessa nova economia”, declara Renan Vieira, presidente
da agência.
Perfil
Com 82,9% de awareness, os jogos eletrônicos atraem
70,1% dos brasileiros, segundo a “Pesquisa Game Bra-
Leão de Bronze no Cannes Lions 2023, “Whopper glitch” utilizou linguagem gamer para divulgar ofertas especiais
“Unbanned armband”, da AlmapBBDO para All Out, levou braçadeira proibida no Mundial do Catar ao game Fifa 2023
“A briga é para ver
quem será lembrado
quando o gamer
estiver jogando”
Fotos: Divulgação
sil” (PGB), feita pela consultoria Go Gamers. Quase metade
(48,8%) do público que consome jogos pratica algum
esporte eletrônico. A “PGB 2023” mostra que 63,8% acompanham
e assistem aos jogos, alta de 0,6 ponto percentual
em relação à edição anterior. A frequência média de
consumo de conteúdo é de duas vezes por semana para
26,5% dos gamers, enquanto 26,1% acessam três vezes
por semana e 18,2% diariamente.
Os canais especializados são a principal fonte de informação
sobre os torneios para 74,6% do público gamer
brasileiro, índice superior aos canais de times e atletas
(36,8%) e de celebridades de eSports (36,1%). O formato
de conteúdo preferido são as partidas online transmitidas
ao vivo ou gravadas (79,7%), seguidas por notícias
online (61,8%) e pela presença em arenas, espaços de
eventos e nos próprios clubes de eSports (50,2%). You-
Tube (72,5%), SporTV (40,2%) e Instagram (38,9%) estão
entre as principais plataformas.
vilão
Não só de ataques armados e monstros vivem os jogos.
O preconceito é um dos vilões mais difíceis de ser
aniquilados. Nesse jogo, ninguém avança de fase. De um
lado, comentários jocosos e até assédio são relatados.
Quando uma mulher joga, e ganha, muitos participantes
chegam a duvidar de sua habilidade. As gamers, que já
representam cerca de metade das jogadoras brasileiras,
acabam até mudando de nome para não se expor. O
machismo insiste em pontuar do outro lado. Mas as próprias
marcas do setor vêm se esforçando para aniquilar
preconceitos de gênero e raça.
A Sony Interactive Entertainment, por exemplo, confere
mais poderes à equidade racial na indústria dos
jogos. A dona do Playstation acaba de anunciar um
aporte de US$ 11 milhões para a criação do programa
PlayStation Career Pathways, que apoiará parcerias
empenhadas em fortalecer a educação, fomentar
oportunidades de carreira e revelar talentos em situação
de vulnerabilidade. Há três anos, o Sony Group
investiu US$ 100 milhões no Fundo Global de Justiça
Social para fortalecer a luta antirracista em todo o
mundo. United Negro College Fund, University of Southern
California Games, Jackie Robinson Foundation,
Gameheads e Prince’s Trust são alguns dos parceiros
que já embarcaram na iniciativa.
jornal propmark - 17 de julho de 2023 29