COMUNICAÇÕES 249 - SANDRA MAXIMIANO: UMA GESTORA DE EQUILÍBRIOS À FRENTE DA ANACOM
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elevador social, mas depois há<br />
também escolhas erradas, estar<br />
no sítio errado, na hora errada.<br />
Tudo isso me fascina. Tenho uma<br />
genuína preocupação social,<br />
com empatia, sem crítica. Procuro<br />
sempre perceber o porquê.<br />
O porquê é muito importante,<br />
até para definir as políticas públicas.<br />
Perceber as motivações<br />
das pessoas, sobretudo das mais<br />
vulneráveis. Perceber, por exemplo,<br />
porque é que gente pobre,<br />
que se alimenta de patas de galinha,<br />
tem um carro à porta.<br />
Foi daqui que nasceu o seu interesse<br />
pela economia comportamental<br />
e experimental?<br />
Em parte, sim. Mas também<br />
contribuíram os tempos na<br />
Universidade Católica, muito<br />
fechada, muito neoclássica, em<br />
que “isto é assim porque tem de<br />
ser assim”. Nada se questiona.<br />
Foi quase em jeito de reivindicação.<br />
Lembro-me de que, na<br />
altura, o professor Fernando<br />
Branco, que já faleceu, me disse<br />
que não me passaria a carta de<br />
recomendação para concorrer à<br />
bolsa se eu teimasse em seguir<br />
esta área do conhecimento. E eu<br />
teimei. Era o que me motivava.<br />
“Tenho uma genuína preocupação social, com empatia, sem crítica. Procuro sempre<br />
perceber o porquê. O porquê é muito importante, até para definir as políticas públicas”<br />
Foi por isso que optou por se ir<br />
embora de Portugal e ter outras<br />
experiências, abrir o mundo?<br />
Sim, sempre o quis fazer. Quando fiz 18 anos, comprei<br />
um bilhete de avião para ir passar uma temporada no<br />
sul de Inglaterra com o meu namorado e só disse à minha<br />
mãe depois. No regresso, no avião, sentei-me ao<br />
lado de uma rapariga, com cerca de 25 anos, bióloga,<br />
aluna de doutoramento, e ela trazia um póster científico<br />
que tinha apresentado numa conferência académica.<br />
Tinha escrito um paper e estava a percorrer a Europa<br />
a mostrar essa investigação. Aquilo foi uma revelação.<br />
Naquele exato momento percebi que era possível continuar<br />
a estudar, fazer um doutoramento, e viajar pelo<br />
mundo a partilhar o que escrevemos.<br />
Porque escolheu Economia? Foi a sua avó que lhe ensinou<br />
a importância de gerir a vida financeira, quando<br />
era pequenina e ia consigo ao supermercado? Ela que<br />
geria as poupanças com tanta parcimónia? Isso marcou-a<br />
nas escolhas que fez?<br />
Talvez… A minha irmã tem essa teoria, de que foi a minha<br />
avó que me influenciou. Foi com ela que percebi<br />
que adoro memorizar números, é uma espécie de hobby,<br />
não sei explicar… Descontraio a memorizar as matrículas<br />
dos carros, os números de telefone e os preços<br />
no supermercado. Quando era pequena, gostava muito<br />
de brincar com a caixa registadora, sempre gostei do<br />
contar moedas. Relaxa-me.<br />
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