COMUNICAÇÕES 249 - SANDRA MAXIMIANO: UMA GESTORA DE EQUILÍBRIOS À FRENTE DA ANACOM
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edit orial<br />
Sandra Fazenda Almeida sandra.almeida@apdc.pt<br />
Mulheres na Liderança<br />
O<br />
tema não é novo, bem pelo contrário: há<br />
muito que se fala na necessidade de ter<br />
mais mulheres na liderança das organizações.<br />
E debate-se sempre com mais<br />
intensidade em março, na sequência do Dia Internacional<br />
da Mulher.<br />
Todos os dados mostram que o panorama<br />
tem vindo a melhorar significativamente, especialmente<br />
nos anos mais recentes. Muito graças<br />
ao estabelecimento de quotas, que promovem a<br />
paridade de género em posições de liderança. Mérito<br />
não falta às mulheres. A questão é que só um<br />
terço chega a cargos de gestão. Este é um problema<br />
também cultural, que necessitamos de mudar<br />
rapidamente, mas que só deverá caminhar no<br />
sentido certo com a mudança de gerações.<br />
Nas TIC, tal como nos demais setores de atividade,<br />
também se tem vindo a registar um forte<br />
reforço da presença feminina, desmistificandose<br />
a ideia de que uma carreira nestas áreas é só<br />
para homens. Dados do Eurostat mostram que,<br />
em 2022, os especialistas em TIC representavam<br />
4,6% da força de trabalho da UE, com um crescimento<br />
de quase 58% em 10 anos. Mas a percentagem<br />
de mulheres no setor ficou nos 18,9%.<br />
Portugal estava acima da média, com 20,4%.<br />
Nesta edição, apresentamos casos de liderança<br />
no feminino, exemplos de sucesso que<br />
demonstram que a mudança está em curso. A<br />
começar pela nova presidente da <strong>ANACOM</strong>,<br />
que numa entrevista de vida defende que querer<br />
o impossível é a melhor forma de realizar o<br />
possível. Ou pela líder da Accenture Portugal, a<br />
primeira mulher a ocupar o cargo. Ou ainda pela<br />
diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais<br />
do TikTok Portugal e Espanha. Estes<br />
são casos inspiradores para que mais mulheres<br />
sigam a carreira no setor, promovendo um verdadeiro<br />
círculo virtuoso de mudança.<br />
Também as empresas estão cada vez mais<br />
comprometidas com a diversidade, com equipas<br />
interdisciplinares e multifacetadas. É fundamental<br />
acelerar este processo de mudança e<br />
continuar a monitorizar o progresso, bem como<br />
investir na formação e educação para a inclusão<br />
e paridade. Valorizando todos os homens e<br />
mulheres que têm liderado estes processos de<br />
transformação.<br />
Apesar dos progressos, há muito trabalho<br />
a ser feito. É essencial reconhecer que as crises<br />
económica, social, ambiental, diplomática, geracional<br />
e moral que vivemos não são fruto do<br />
acaso, mas sim de um modelo de gestão ultrapassado,<br />
que requer uma mudança de paradigma.<br />
Características tradicionalmente associadas<br />
ao género masculino, como a assertividade e<br />
competitividade, são importantes. Mas quando<br />
são sobrevalorizadas, em detrimento das características<br />
femininas, como a empatia e a flexibilidade,<br />
acabamos por obter sistemas desequilibrados<br />
e decadentes.<br />
Liderança feminina é saber ouvir, inovar, incluir<br />
todos no processo de decisão e pensar no<br />
impacto a longo prazo. É ter uma visão inclusiva<br />
e sustentável dos negócios, da economia e da<br />
sociedade. É hora de valorizar verdadeiramente<br />
estas características e promover uma liderança<br />
mais diversificada e eficaz.•<br />
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