11.04.2013 Views

Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br

Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br

Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Educar significaria, então, socializar, integrar o indivíduo à sociedade e ensiná-lo a<<strong>br</strong> />

viver, antes de tudo, em função do grupo. A educação seria assim o meio que lança os<<strong>br</strong> />

fundamentos da lógica de convivência social, por meio da qual se transmitem<<strong>br</strong> />

experiências acumuladas e modificadas e se disseminam as regras de coexistência.<<strong>br</strong> />

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas so<strong>br</strong>e aquelas que ainda<<strong>br</strong> />

não estão maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver<<strong>br</strong> />

na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe<<strong>br</strong> />

exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio ao qual se destina<<strong>br</strong> />

particularmente. [...] Constituir esse ser [social] em cada um de nós, tal é o<<strong>br</strong> />

fim da educação (DURKHEIM, 2007, p. 53).<<strong>br</strong> />

De acordo com essa corrente, o indivíduo por si só nada tem e nada é senão mero<<strong>br</strong> />

resultado das circunstâncias sociais. Essa doutrina afirma que a realidade humana está<<strong>br</strong> />

na coletividade, na sociedade e é justamente ali que residiriam os pilares para a própria<<strong>br</strong> />

constituição do indivíduo. Paul Natorp (1898) alcança um extremo ainda mais distante,<<strong>br</strong> />

ao dizer que o homem individual é uma total abstração, uma vez que ele só encontra seu<<strong>br</strong> />

sentido quando inserido em uma comunidade.<<strong>br</strong> />

De maneira semelhante, Parsons (1964) acredita que a educação é o mecanismo básico<<strong>br</strong> />

de constituição dos sistemas sociais e de sua manutenção e perpetuação e destaca que,<<strong>br</strong> />

sem ela, o sistema social é ineficaz em manter-se integrado e em conservar seus limites.<<strong>br</strong> />

O equilí<strong>br</strong>io é o fator fundamental do sistema social e para que ele so<strong>br</strong>eviva é<<strong>br</strong> />

necessário que os indivíduos assimilem e internalizem os valores e as normas que regem<<strong>br</strong> />

seu funcionamento. Parsons afirma que é necessária uma complementação do sistema<<strong>br</strong> />

social e do sistema de personalidade: ambos os sistemas têm necessidades básicas que<<strong>br</strong> />

podem ser resolvidas de forma complementar e harmônica.<<strong>br</strong> />

Enquanto para Durkheim e para Parsons a educação acabaria servindo, dessa forma, à<<strong>br</strong> />

manutenção do status quo, ou seja, da ordem, do equilí<strong>br</strong>io e da continuidade de um<<strong>br</strong> />

dado sistema social, cujas leis são apenas assimiladas e reproduzidas pelos indivíduos,<<strong>br</strong> />

para Dewey (1971) e Mannheim (1971) a educação constitui um mecanismo<<strong>br</strong> />

dinamizador das sociedades por meio da ação de um indivíduo que é sujeito das<<strong>br</strong> />

mudanças desse sistema. O processo educacional, para esses autores, possibilita ao<<strong>br</strong> />

indivíduo atuar na sociedade sem que necessariamente esteja reproduzindo experiências<<strong>br</strong> />

anteriores, de forma acrítica. Pelo contrário, sua ação é capaz de voltar-se tanto para<<strong>br</strong> />

mudanças na sociedade como da sociedade, isso é, internas ou externas.<<strong>br</strong> />

No entanto, essa não foi a única visão que predominou ao longo da história da<<strong>br</strong> />

educação. A própria história da infância nos indica que as primeiras atividades

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!