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Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br

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educacionais praticadas entre mestres e aprendizes revelavam uma educação puramente<<strong>br</strong> />

customizada, individualizada em princípio e em forma (ARIÉS, 1981). Em contraponto<<strong>br</strong> />

aos que acreditam que à educação são reservadas funções especificamente sociais, há<<strong>br</strong> />

também os que acreditam que sua principal vocação é servir nada mais que à formação<<strong>br</strong> />

do indivíduo (NEILL, 1968). Conhecidos por seus críticos como individualistas, esses<<strong>br</strong> />

teóricos defendem que a educação deve se dedicar essencialmente à formação<<strong>br</strong> />

individual do ser humano, de sua personalidade, de sua auto-estima e de seus<<strong>br</strong> />

conhecimentos e aptidões. Essa abordagem encontra grande parte de seus fundamentos<<strong>br</strong> />

na psicologia e na epistemologia cognitiva e parte da perspectiva de que a educação só<<strong>br</strong> />

pode ser de fato de qualidade quando adaptada a cada um de seus destinatários em<<strong>br</strong> />

particular, reconhecendo, respeitando e valorizando suas especificidades. Nessa visão,<<strong>br</strong> />

por meio da educação seria permitido aos indivíduos desenvolver integralmente sua<<strong>br</strong> />

personalidade, adaptar-se à vida e, só assim, passar de uma condição puramente natural,<<strong>br</strong> />

ou mesmo animal, a um estágio mais avançado de desenvolvimento cultural e social.<<strong>br</strong> />

Essa interpretação marcou por muito tempo a pedagogia e encontra-se presente<<strong>br</strong> />

inclusive nas práticas atuais. A ascensão dos preceitos liberais parece ter fortalecido<<strong>br</strong> />

essa tendência, levando a uma so<strong>br</strong>evalorização das atribuições individuais do ser<<strong>br</strong> />

humano em detrimento das sociais, o que representou, de certa maneira, um retorno às<<strong>br</strong> />

origens individualistas educacionais da educação customizada. Tal é a leitura de<<strong>br</strong> />

Bauman, para quem a sociedade pós-moderna é formada por “indivíduos cada vez mais<<strong>br</strong> />

individualizados” (BAUMAN, 2008, p. 21), que entram em ágora apenas para encontrar<<strong>br</strong> />

outros indivíduos solitários (BAUMAN, 2008).<<strong>br</strong> />

Entre um extremo e outro, entretanto, encontramos a ponderação de se reconhecer na<<strong>br</strong> />

educação uma dupla vocação: social e individual.<<strong>br</strong> />

A educação equipa os indivíduos para servirem à sociedade e servir a si<<strong>br</strong> />

mesmos como pessoas, como mem<strong>br</strong>os de suas famílias, como trabalhadores,<<strong>br</strong> />

impulsionadores da economia de seu país, como dirigentes e inovadores,<<strong>br</strong> />

como cidadãos locais e do mundo e como colaboradores na cultura, e tudo<<strong>br</strong> />

isso porque a educação melhora nos indivíduos seu conhecimento básico, sua<<strong>br</strong> />

destreza intelectual e moral, seu poder de raciocínio e crítica, suas atitudes e<<strong>br</strong> />

motivações, sua capacidade de criatividade e inovação, seu apreço pelo saber,<<strong>br</strong> />

seu sentido de responsabilidade social e, por último, sua compreensão do<<strong>br</strong> />

mundo moderno (COOMBS, 1973, p. 182).<<strong>br</strong> />

Nesse sentido, sendo o indivíduo a partícula nuclear da sociedade, ele tanto dela se<<strong>br</strong> />

beneficia como nasce em seu âmago o entusiasmo e o poder para transformá-la<<strong>br</strong> />

(QUINTANA, 1974 p. 5). A partir dessa visão, o ser humano não é visto apenas como<<strong>br</strong> />

um fruto apático e moldável das estruturas sociais, mas como um ente capaz de

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