Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br
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educação não-formal pode, de certa maneira, levar (ou reafirmar) à marginalização de<<strong>br</strong> />
suas atividades e vinculá-la ao atendimento de grupos específicos, em situação de<<strong>br</strong> />
vulnerabilidade social. Para esses autores, tal denominação oculta ou favorece uma forte<<strong>br</strong> />
dicotomia entre os dois grandes contextos em que ocorre a educação e coloca num<<strong>br</strong> />
mesmo frasco, práticas de naturezas e propósitos tão distintos.<<strong>br</strong> />
Citadas por muitos autores como campo preferencial de atuação da<<strong>br</strong> />
Pedagogia Social, parece-nos que as ricas e diversificadas práticas educativas<<strong>br</strong> />
que se convencionou arrolar sob o rótulo de educação não-formal foram<<strong>br</strong> />
despidas de suas conotações históricas, políticas e ideológicas. Sob o mesmo<<strong>br</strong> />
rótulo de educação não-formal são relacionadas manifestações do espírito<<strong>br</strong> />
humano, formação para o trabalho e preparação para o exercício da<<strong>br</strong> />
cidadania, como se todas comungassem dos mesmos propósitos, adotassem<<strong>br</strong> />
como fundamentos as mesmas matrizes teóricas e fossem ministradas<<strong>br</strong> />
segundo as mesmas técnicas e metodologias (SILVA et al., 2009, p. 289).<<strong>br</strong> />
Ao colocar o mundo chamado formal e não-formal em oposição, pode-se a<strong>br</strong>ir margem<<strong>br</strong> />
para uma idéia de competitividade entre dois domínios que possuem, na verdade, um<<strong>br</strong> />
enorme potencial colaborativo. E o que é ainda mais grave, a utilização do termo pode<<strong>br</strong> />
chegar a induzir a uma conotação negativa ao que se entende por não-formal, ou seja, o<<strong>br</strong> />
não-oficial e, consequentemente, o não-estatal, isentando assim certos atores de<<strong>br</strong> />
responsabilidades sérias e indispensáveis para com esse contexto educativo. A educação<<strong>br</strong> />
não-formal invariavelmente acabaria ocupando, assim, uma posição secundária, ou<<strong>br</strong> />
mesmo marginalizada em relação às estratégias escolares.<<strong>br</strong> />
Obviamente, essa é apenas uma das visões. Gohn (1999), uma das principais autoras a<<strong>br</strong> />
introduzir o debate so<strong>br</strong>e a educação não-formal no contexto <strong>br</strong>asileiro, propõe uma<<strong>br</strong> />
definição mais ampla desse conceito. Para ela, a educação não-formal se subdivide em<<strong>br</strong> />
algumas sub-áreas de a<strong>br</strong>angência: a conscientização so<strong>br</strong>e direitos, a capacitação para o<<strong>br</strong> />
trabalho, a resolução de problemas comunitários, os conteúdos comumente abordados<<strong>br</strong> />
pela escola, a educação midiática e a educação para a arte de bem viver. Essa visão<<strong>br</strong> />
parece ir além da compreensão da educação não-formal como aquela destinada<<strong>br</strong> />
exclusivamente ao atendimento setores marginais da população, sendo distinta também<<strong>br</strong> />
da vertente que prefere adotar uma visão mais estrutural do não-formal, equiparando-o<<strong>br</strong> />
basicamente ao local onde a educação é desenvolvida (TRILLA, 2008). Segundo a<<strong>br</strong> />
autora, uma das premissas básicas da educação não-formal é que a aprendizagem se dá<<strong>br</strong> />
por meio da prática social, ou seja, somente por meio da interação social as pessoas<<strong>br</strong> />
tornam-se capazes de gerar e acumular aprendizados, construídos no seio de grupos (p.<<strong>br</strong> />
104). Essa colocação, independente de qual conotação infira de educação não-formal,<<strong>br</strong> />
vem a somar-se com as contribuições da Pedagogia Social ao ressaltar as correlações