Carla Juliana Pissinatti Borges - Proceedings.scielo.br
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educação à escolarização, limitando os contextos de ensino-aprendizagem a setores<<strong>br</strong> />
exclusivamente formais (CAMORS, 2008, p. 88). Visão essa que tem sido difícil<<strong>br</strong> />
desmistificar.<<strong>br</strong> />
No entanto, diante da dificuldade por parte da escola em atingir parcial ou totalmente<<strong>br</strong> />
grande parte de seus objetivos e à medida que, por outro lado, vão se acrescendo suas<<strong>br</strong> />
responsabilidades, ao lado das expectativas em torno dela, invariavelmente surgem<<strong>br</strong> />
indagações quanto a sua efetividade, seu custo-benefício e so<strong>br</strong>e sua capacidade em<<strong>br</strong> />
oferecer as respostas mais adequadas aos desafios educativos que se anunciam<<strong>br</strong> />
(GRANDSTAFF, 1973, p. 41). Dessas reflexões emergem diversas críticas e propostas,<<strong>br</strong> />
que variam desde recomendações mais radicais de abolição completa da instituição<<strong>br</strong> />
escolar a reformas internas sensíveis, estruturais, passando pela exploração de novos<<strong>br</strong> />
campos e possibilidades que também possam revelar um precioso potencial educativo,<<strong>br</strong> />
tal qual o universo pertencente à chamada educação não-formal.<<strong>br</strong> />
No Brasil, um dos movimentos que fizeram história ao dirigir duras críticas à<<strong>br</strong> />
configuração escolar na década de 30 e que lançaram as bases do modelo adotado até<<strong>br</strong> />
hoje ficou conhecido como Escola Nova. Seus adeptos, entre os quais Anísio Teixeira,<<strong>br</strong> />
Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Afrânio Peixoto, entre outros, criticavam a<<strong>br</strong> />
estrutura tradicional da escola centrada na autoridade do professor e lutavam pela<<strong>br</strong> />
universalização da escola pública, laica e gratuita. O escolanovismo, que consagrou suas<<strong>br</strong> />
diretrizes por meio do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova (1932), propunha uma<<strong>br</strong> />
total reformulação da estrutura interna da escola, de modo a ampliar a qualidade do<<strong>br</strong> />
ensino ali oferecido por meio da construção de relações democráticas em uma escola<<strong>br</strong> />
“livre, criadora, espontânea, sem medo da liberdade” (GADOTTI, 2001, p. 13).<<strong>br</strong> />
A postura antiautoritária dos escolanovistas, entretanto, não chegou a colocar em<<strong>br</strong> />
questão a concepção de neutralidade da ação educativa, so<strong>br</strong>e a qual se orientava a<<strong>br</strong> />
escola tradicional. Foi apenas a partir da década de 60, diante das condições históricas e<<strong>br</strong> />
como reflexo de contribuições da Ciência Política, da Economia e da Sociologia, que se<<strong>br</strong> />
disseminou a percepção de que a educação não pode ser neutra e nunca esteve separada<<strong>br</strong> />
da questão do poder (FREIRE, 1979). Ao contrário, carrega sempre como pano de<<strong>br</strong> />
fundo um projeto político, a serviço de determinados objetivos e interesses, implícitos<<strong>br</strong> />
ou explícitos, opressores ou emancipadores. O reconhecimento do caráter político da<<strong>br</strong> />
educação induziu à revisão do papel da escola para que se colocasse também como<<strong>br</strong> />
formadora de consciência crítica e de mobilização social.