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Culpa e graça – Paul Tournier – Cap

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publicano, de uma maneira muito geral, quando diz que o publicano<br />

“desceu para sua casa justificado e não aquele” (Lc 18.14). Jesus não pede<br />

qualquer cerimônia ou ritual na parábola. Nem mesmo há um confessor. É<br />

o estado de espírito do publicano que importa. E Jesus acrescenta que<br />

“qualquer que a si mesmo se exalta, será humilhado e qualquer que a si<br />

mesmo se humilha, será exaltado”. Quer saibamos ou não, é sempre Deus<br />

que perdoa. Consequentemente, é Deus que abençoa o trabalho do<br />

psicólogo não o crente que mencionei; é Deus que o fez instrumento de sua<br />

<strong>graça</strong> para o paciente não crente.<br />

Por outro lado, pode acontecer que uma pessoa me fale sobre seus erros<br />

pensando que está se confessando, mas o faz em tom calmo, neutro, que tira<br />

de suas palavras toda a essência da confissão. O importante não é o que se<br />

diz, mas sim o estado de espírito. Em um silêncio, um suspiro, um olhar,<br />

pode estar uma confissão mais autêntica do que em longas dissertações.<br />

A mesma questão que examinamos em relação ao arrependimento e perdão<br />

aos outros surge novamente: se a confissão é a condição para o perdão de<br />

Deus ou não. Mais uma vez, minha resposta é que a confissão é, antes, um<br />

caminho para o perdão. Discutir condições seria, no mínimo, querer<br />

restringir a soberana liberdade de Deus a fórmulas humanas e, de qualquer<br />

modo, significa levantar um problema religioso com padrões racionais, o<br />

que diverge da Bíblia, pois, a Bíblia relata acontecimentos que foram<br />

vividos, assim como nós médicos relatamos os casos como foram vividos<br />

na realidade e dos quais somos testemunhas: “foi assim que aconteceu”.<br />

A Bíblia nos mostra um caminho, não na teoria, mas através do exemplo<br />

daqueles que viveram. Ela nos mostra reis que fizeram sua confissão; por<br />

exemplo, o rei Davi, a quem Deus enviou o profeta Natã para comovê-lo<br />

com uma parábola (II Samuel 12.1-14). Pelas suas palavras Davi toma<br />

consciência de sua culpa e diz: “Pequei contra o Senhor”. A Bíblia nos<br />

conta do rei Ezequias, a quem Deus enviou o profeta Isaías para curá-lo. No<br />

entanto, ao invés de ser grato, o rei se encheu de vaidade: atraiu sobre si a<br />

fúria do Todo Poderoso. “Porém, Ezequias se humilhou pela soberba do seu<br />

coração...” (II Crônicas32:24-26).<br />

A Bíblia nos mostra uma multidão de pessoas tomando consciência da sua<br />

culpa à medida em que redescobrem a lei de Deus e confessam seus<br />

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