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Culpa e graça – Paul Tournier – Cap

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ansiedade sob a indiferença. Há alguns que dizem que são despojados de<br />

qualquer crença e que, de repente, revelam uma alma profundamente<br />

religiosa. E há aqueles que são agressivos com relação à igreja e Deus e que<br />

provam, precisamente por sua agressividade, que levam a sério estes<br />

assuntos.<br />

No entanto, por mais diferentes que sejam, são também<br />

extraordinariamente semelhantes. Todos sofrem. Todos carregam<br />

problemas, desapontamentos, aspirações e esperanças em suas vidas.<br />

Mesmo quando cometem o suicídio, tal ação revela uma suprema esperança<br />

em alguma coisa, quando tudo na terra já os havia desiludido, como mostra<br />

o Dr. Plügge. É um número enorme de pessoas, uma multidão atormentada,<br />

uma multidão buscando uma resposta, uma certeza, arrastando<br />

penosamente seu passado e querendo descansar seu fardo.<br />

Eles nos falam de suas doenças, seus sintomas, seus conflitos; na verdade,<br />

de tudo que podem descrever com clareza. Mas todos esperam de nós algo<br />

mais do que nossa dedicação técnica. Não apenas nossa simpatia, nossa<br />

solicitude pessoal ou nosso estímulo, mas também, um sopro da <strong>graça</strong><br />

divina, da forma que for, que por si só pode dissipar a culpa.<br />

Aqui a vida tem precedência sobre a forma. À vida seguem as formas<br />

instituídas pela igreja, os dogmas, os ritos, para concretizar e solenizar esta<br />

magnífica reconciliação com Deus. Esses têm seu mérito, mas seu valor<br />

recai justamente em expressar através de uma forma definida uma realidade<br />

primária, uma verdade universal, a saber, a intervenção de Deus na miséria<br />

humana, a reconciliação que Ele oferece e a benção que nos dá e que nos<br />

pede para transmitir a todos os homens em seu nome. É um sacerdócio<br />

espiritual para o qual nos chama; ao praticá-lo não estamos competindo<br />

com a igreja, mas sim colaborando com ela.<br />

Não é sacerdócio eclesiástico. Não é a nossa tarefa ensinar a verdade<br />

universal em fórmulas teológicas particulares. Não temos que conduzir<br />

nenhum rito. Cedo ou tarde, aqueles a quem ajudamos a aproximarem-se de<br />

Deus irão sentir a necessidade de se integrarem a uma igreja ou a uma<br />

comunidade e expressar sua devoção de acordo com os dogmas e ritos<br />

prescritos. Ensiná-los nisso é tarefa dos clérigos e não nossa.<br />

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