Culpa e graça – Paul Tournier – Cap

conversão religiosa e da integração do homem na igreja. Mas, de uma
maneira geral, é também uma lei da vida, cuja natureza universal nós,
médicos e psicólogos, podemos constatar. Existem apenas tormentos
infindáveis e o circulo vicioso do infortúnio quando o homem reprime sua
culpa e revela a dos outros. A paz consigo próprio e com os outros esta em
aceitar a própria culpa e confessá-la.
Assim uma parábola como aquela do Filho Pródigo exprime uma verdade
religiosa que a igreja formula através de dogmas ou de sacramentos de
punição ou de absolvição. Mas exprime também, de uma maneira bem
geral, a condição do homem, tal como nós, médicos, o vemos. Todos os
homens são marginalizados, caem e sentem se culpados; todos anseiam
pelo aconchego do lar que abandonaram e pelo perdão.
A culpa é, portanto, um problema religioso de interesse para os teólogos,
um problema social de interesse para os sociólogos e um problema
psicológico de interesse para os psicólogos. Mas a culpa não se deixa
dissecar. É um problema humano, uma forma de sofrimento peculiar ao
homem e de interesse para o médico, porque sua vocação é o alívio de todo
o sofrimento.
Fim.
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