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Culpa e graça – Paul Tournier – Cap

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volta em nossos próprios esforços para atender a esta condição e, quando<br />

não conseguimos, nós fingimos!<br />

Mas estas palavras de Cristo podem ser entendidas como uma descrição<br />

realística da maneira como as coisas acontecem, do caminho que é seguido.<br />

Foi o nosso medo infantil de não sermos amados que nos tornou agressivos<br />

e que nos impediu de verdadeiramente perdoar aos outros, a despeito de<br />

toda nossa determinação moral em fazê-lo. Livre desse medo, quando<br />

percebemos que o amor de Deus é incondicional, encontramos o poder para<br />

perdoar os outros; Deus não nos ama porque nós o amamos, obedecemos e,<br />

desta maneira, atendemos a alguma condição, mas, como diz São João,<br />

“porque Ele nos amou primeiro” (I João 4 :19).<br />

Quando o arrependimento, a metanoia e o perdão aos outros estão em<br />

questão, podemos entender que estas são as condições ditadas por Deus, ou,<br />

ao contrário, que estão entendidas como o estender de Sua mão para nos<br />

conduzir à <strong>graça</strong>.<br />

Entre estas duas interpretações existe a mesma diferença que os juristas<br />

atribuem para as expressões “de jure” e “de facto”. “De jure” tem o<br />

significado de legitimidade formal. “De facto” denota o simples<br />

reconhecimento daquilo que acontece na prática ou da maneira pela qual<br />

acontece. Há sempre um elemento de chantagem contido na “condição”. O<br />

tipo de “chantagem” que os pais às vezes usam com seus filhos ou que os<br />

filhos atribuem a eles. É igualmente forte a tentação para aqueles que<br />

servem a Deus e, mesmo com boa fé, nós todos podemos cair no uso da<br />

chantagem, mesmo sem termos consciência disto, ao tornarmos este tesouro<br />

singular que possuímos <strong>–</strong> a certeza da <strong>graça</strong> de Deus <strong>–</strong> em um meio de<br />

exercer pressão sobre os homens para afastá-los da imoralidade. A<br />

chantagem envolvendo a salvação pode facilmente insinuar-se na mais<br />

sincera exortação do bom comportamento, no preenchimento de deveres<br />

religiosos, ou na conversão.<br />

Outros fazem uma distinção entre o amor de Deus e Seu perdão, como se<br />

Ele nos amasse sempre e sem nenhuma condição, mas impusesse certas<br />

condições para o perdão. A distinção é sutil, intelectual, não encontra<br />

guarida no coração do homem, como o conhecemos, nem subsiste face às<br />

escrituras.<br />

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