O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
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população nas com<strong>em</strong>orações do centenário da In<strong>de</strong>pendência <strong>em</strong> 1923. Como<br />
esclareceu o Diário <strong>de</strong> Notícias, os organizadores da festa pretendiam "atrair o povo às<br />
ruas", utilizando-se da popularida<strong>de</strong> do Senhor do Bonfim, que já era o santo predileto<br />
dos baianos. Todo ano uma multidão <strong>de</strong> fiéis o festejava no mês <strong>de</strong> janeiro. Como<br />
assinalou Manoel Querino, "<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o romper da manhã", os <strong>de</strong>votos seguiam com<br />
vassouras e potes com água perfumada para o Bonfim .54 A Tar<strong>de</strong>, <strong>em</strong> 1919 , comentou<br />
o "<strong>de</strong>saguar humano no estuário da Ribeira", crescente a cada ano para as festivida<strong>de</strong>s<br />
no Bonfim. S<strong>em</strong>pre relacionado a curas milagrosas dos mais diversos males, o santo<br />
<strong>de</strong>mostrava disposição para auxiliar os <strong>de</strong>votos baianos ao mesmo t<strong>em</strong>po que<br />
proporcionava nos arredores da sua igreja espaço para sambas e jogos. L<strong>em</strong>bro ao<br />
leitor a apreensão policial, comentada no capítulo 2, <strong>de</strong> roletas usadas <strong>em</strong> jogos <strong>de</strong> azar<br />
durante a festa do Bonfim <strong>em</strong> 1916.<br />
Coube a Braz do Amaral, representante do governo estadual junto ao<br />
Arcebispado e à Irmanda<strong>de</strong> do Senhor do Bonfim, viabilizar a procissão. Sua<br />
intermediação resultou na realização, apesar das críticas, da procissão marítima no dia<br />
3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1923. Foi um cortejo grandioso. A imag<strong>em</strong> do santo foi retirada do altar<br />
pelos m<strong>em</strong>bros da Irmanda<strong>de</strong>, conduzida até a Penha e <strong>em</strong>barcada <strong>em</strong> uma galeota.<br />
Pelo mar, distante do "povo que se apinhava nas montanhas, casas e caes", Senhor do<br />
Bonfim foi levado para a igreja da Vitória. Nesta igreja, especialmente reformada para<br />
a ocasião, o santo recebeu visitas dos fiéis que tão raramente o viam fora do seu<br />
t<strong>em</strong>plo.<br />
Ao <strong>de</strong>mandar esforços para realizar uma procissão tão especial, os<br />
organizadores <strong>de</strong>monstraram perceber que a freqüência à festa estava relacionada à<br />
realização <strong>de</strong> espetáculos; pareciam compreen<strong>de</strong>r, como já havia concluído O Mo<strong>de</strong>rno<br />
<strong>em</strong> 1914, fazer parte do civismo dos baianos a referência a imagens capazes <strong>de</strong><br />
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