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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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para celebrar a In<strong>de</strong>pendência. O ônus da participação popular, reconheciam, era a<br />

presença daquelas figuras <strong>de</strong> índios <strong>de</strong> tez escura e vestidos com penas. Afinal, <strong>em</strong><br />

contraste com a programação oficial, a com<strong>em</strong>oração do Dois <strong>de</strong> Julho promovida<br />

naquele ano pelos moradores do Santo Antônio foi muito concorrida. Li<strong>de</strong>rados por<br />

Cosme <strong>de</strong> Farias e por um certo professor Zenóbio dos Reis, os festeiros resolveram<br />

percorrer com os carros dos caboclos as ruas do costumado trajeto. Somente às 23<br />

horas os carros foram recolhidos, s<strong>em</strong>pre acompanhados por "uma gran<strong>de</strong> massa<br />

popular" no meio da qual, para surpresa do jornalista do Diário <strong>de</strong> Notícias, "via-se<br />

até famílias". A presença <strong>de</strong> Cosme <strong>de</strong> Farias e <strong>de</strong> "famílias" naquele séquito<br />

fervoroso certamente contribuiu para que o sub <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> policia do 2° distrito <strong>de</strong><br />

Santo Antônio apenas acompanhasse o préstito "como medida <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m", s<strong>em</strong><br />

contestar o <strong>de</strong>sfile noturno.32 Este contraste parecia confirmar que "o entusiamo<br />

pelo Dois <strong>de</strong> Julho não [chegava] para se repartir entre os carroções e o<br />

monumento".33<br />

A animação dos festejos na Lapinha levou o Diário <strong>de</strong> Notícias a reclamar<br />

que o civismo na Bahia se restringia a um "feriado banal" e a "costumeira passeata<br />

<strong>em</strong> que figuram os velhos carros do caboclo e da cabocla, que nós civilizados <strong>de</strong><br />

improviso, já julgamos ridículo e <strong>de</strong>sconforme com o nosso progresso manqué,,.34<br />

Em 1914 o Diário <strong>de</strong> Notícias não parecia muito convencido do "estado <strong>de</strong> cultura"<br />

da Bahia ao qual se referiu <strong>em</strong> 1912. Estes "civilizados <strong>de</strong> improviso" <strong>de</strong>ste os<br />

últimos anos do século passado discorriam sobre os inconvenientes <strong>de</strong> se manter os<br />

caboclos como el<strong>em</strong>entos centrais das com<strong>em</strong>orações da In<strong>de</strong>pendência na Bahia.<br />

Passada a onda nativista, a figura indígena não correspondia mais à idéia <strong>de</strong><br />

brasilida<strong>de</strong> das elites. Nos anos pós-in<strong>de</strong>pendência muitos assumiram sobrenomes<br />

índigenas como um exercício patriótico, mas nos primeiros anos republicanos<br />

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