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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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"graciosamente" com o uniforme da Escola Normal, o que parece condizer com a<br />

análise <strong>de</strong> Margareth Rago sobre a inserção da mulher no espaço público nas primeiras<br />

décadas da República <strong>em</strong> São Paulo. Segundo Rago, o espaço público acolhia a mulher<br />

das classes altas "enquanto consumidora, ornamento, acompanhante ou auxiliar",<br />

"subordinada a sua função principal, ser esposa e mãe".35 A participação <strong>de</strong>las com as<br />

suas "famílias" contrastava com a das mulheres pobres e pretas que há muito tinham a<br />

rua como um território próprio.36 Em Casos e Coisas da Bahia o folclorista Antônio<br />

Vianna contou sobre uma "famigerada arruaceira" que no Dois <strong>de</strong> Julho "envergava<br />

traje masculino: calça com uma perna ver<strong>de</strong>, outra amarela", <strong>em</strong>punhava uma navalha<br />

para aterrorizar os transeuntes. Conhecida como A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Presepeira, diferent<strong>em</strong>ente<br />

das "senhoras" tratava-se <strong>de</strong> uma mulher familiarizada com os códigos <strong>de</strong><br />

masculinida<strong>de</strong> vigentes no espaço público naquele período.37<br />

Neste sentido, as com<strong>em</strong>orações do Dois <strong>de</strong> Julho possibilitavam a reafirmação<br />

das diferenças sócio-econômicas e a encenação da <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> uma elite urbana que<br />

utilizava distintivos para se diferenciar tanto do "zé-povinho" quanto dos antigos<br />

senhores coloniais (cujas mulheres viviam reclusas nos casarios e não se expunham <strong>em</strong><br />

automóveis <strong>de</strong>corados). Como um gran<strong>de</strong> espetáculo <strong>em</strong> movimento, o cortejo cívico<br />

exibia personagens que encarnavam valores novos, <strong>em</strong> construção na socieda<strong>de</strong> baiana<br />

da época. Nesta socieda<strong>de</strong> as elites locais buscavam divulgar no cenário festivo a<br />

imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> vias <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-se, <strong>em</strong>bora ainda extr<strong>em</strong>amente ligada<br />

ao seu passado colonial.<br />

Ex<strong>em</strong>plo do novo seria <strong>em</strong> 1900, o principal <strong>de</strong>staque do <strong>de</strong>sfile: o "distinto<br />

industrial sr. Luiz Tarquinio". O industrial <strong>de</strong>sfilou <strong>em</strong> um carro, seguido pelo<br />

"batalhão patriótico villa operária", formado por 280 trabalhadores têxteis.38 Luís<br />

Tarquínio foi o fundador da principal indústria têxtil da cida<strong>de</strong>, que seguindo o mo<strong>de</strong>lo<br />

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