O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
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<strong>de</strong> capital para financiá-lo. A avenida 7 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, "a menina dos olhos" <strong>de</strong> Seabra,<br />
como diriam os jornais da época, originalmente <strong>de</strong>veria ter dimensões maiores e,<br />
conseqüent<strong>em</strong>ente, promover um maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>molições, envolvendo mais<br />
gastos com pagamento <strong>de</strong> operários e in<strong>de</strong>nizações. Despesas muito altas para um<br />
Estado que amargava uma grave crise financeira.<br />
É claro que reformas urbanas importantes foram realizadas na Primeira<br />
República baiana, principalmente na primeira administração <strong>de</strong> J.J. Seabra (1912-<br />
1916). 5 Contudo, a lentidão na execução, as constantes interrupções e adaptações das<br />
obras públicas ao orçamento disponível frustravam as elites baianas, encantadas com as<br />
mudanças urbanísticas e sociais postas <strong>em</strong> curso na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro pelo<br />
prefeito Pereira Passos, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> Seabra era discípulo.6 Embora o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
também tivesse a sua "pequena África", a explicitar hábitos urbanos e práticas culturais<br />
capazes <strong>de</strong> comprometer as pretensões dos reformistas cariocas, servia como<br />
parâmetro na Bahia.' Em 1923, o Diário <strong>de</strong> Notícias lamentava o fato dos jornalistas<br />
que chegavam <strong>de</strong> "civilizados centros urbanos", a ex<strong>em</strong>plo do Rio <strong>de</strong> Janeiro, para as<br />
com<strong>em</strong>orações do centenário do Dois <strong>de</strong> Julho, ainda observar<strong>em</strong> <strong>em</strong> Salvador os<br />
prédios "insalubres e anti-estheticos" e "estreitas ruas mal cheirosas".'<br />
As tímidas reformas urbanas não correspondiam ao sonho civilizador das elites<br />
locais no período, assim como as tentativas <strong>de</strong> instaurar novas formas <strong>de</strong> ocupação e<br />
circulação nas ruas também não pareciam b<strong>em</strong> sucedidas. A presença <strong>de</strong> pretas<br />
ocupadas <strong>em</strong> ven<strong>de</strong>r quitutes e doces nas calçadas com seus tabuleiros, os eventuais<br />
grupos <strong>de</strong> pretos e mulatos <strong>de</strong>socupados reunidos <strong>em</strong> vários pontos da cida<strong>de</strong>, os<br />
carregadores "mal amanhados" <strong>de</strong> balaios com os mais variados conteúdos circulando<br />
pela cida<strong>de</strong>, os batuques, as rodas <strong>de</strong> sambas improvisadas nas festas religiosas, na<br />
vizinhança das igrejas, as exibições públicas <strong>de</strong> práticas religiosas afio-baianas, podiam<br />
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