13.04.2013 Views

O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O instituto baiano se constituía, naqueles primeiros anos republicanos no<br />

principal espaço <strong>de</strong> agr<strong>em</strong>iação da intelectualida<strong>de</strong> local, diversamente do que se<br />

observava <strong>em</strong> São Paulo, e principalmente no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> as divergências<br />

i<strong>de</strong>ológicas resultavam <strong>em</strong> diversos ambientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate intelectual. Como informa<br />

Nicolau Sevcenko, no Rio <strong>de</strong> Janeiro "os cafés, confeitarias e livrarias pululavam <strong>de</strong><br />

múltiplos conventículos literários privados, compostos <strong>de</strong> confrarias vaidosas que se<br />

digladiavam continuamente pelos pasquins esporádicos da rua do Ouvidor".12 A<br />

ausência <strong>de</strong>ste ambiente na Bahia motivou o sócio Braz do Amaral a comentar "com<br />

pesar", <strong>em</strong> 1903, a falta <strong>de</strong> trabalhos para o Instituto, "preferindo o maior número <strong>de</strong><br />

sócios a quietu<strong>de</strong> morna e sossegada <strong>em</strong> que se afogam no nosso meio".13 Também<br />

Teodoro Sampaio reclamava, <strong>em</strong> 1913, da "apatia" da intelectualida<strong>de</strong> local e<br />

l<strong>em</strong>brava que "a época <strong>de</strong>senha-se para uns cheia <strong>de</strong> aprehensões e <strong>de</strong> controvérsias,<br />

mas indubitavelmente para outros ou para todos visando, um futuro melhor, na<br />

r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lação." O instituto não <strong>de</strong>veria se <strong>de</strong>scuidar da missão <strong>de</strong> "levar ao longe a<br />

nossa acção moral, incutindo, <strong>em</strong> todos, a convicção <strong>de</strong> que quer<strong>em</strong>os viver nu'm<br />

futuro melhor".14 Em meio à "quietu<strong>de</strong>" baiana esperava-se do instituto um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> "vitalida<strong>de</strong>" a ser seguido pela socieda<strong>de</strong>.<br />

Contudo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do instituto e legitimados pelo discurso científico, a elite<br />

letrada se auto-representava como apta para i<strong>de</strong>ntificar os impasses e anunciar os<br />

caminhos à ser<strong>em</strong> seguidos pela socieda<strong>de</strong>. Esta é a tônica do seguinte discurso do<br />

conselheiro Salvador Pires, <strong>em</strong> 1901:<br />

"...veio diante <strong>de</strong> min homens capazes <strong>de</strong> submeter a uma<br />

rigorosa analyse as ocorrências da nossa vida social e palpar a<br />

sê<strong>de</strong> e orig<strong>em</strong> do mal que invadiu seu organismo, fazer a<br />

diagnose da enfermida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>terminar as prescrições<br />

terapêuticas."<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!