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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Anualmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1824, este ritual se repetia: saindo do bairro da Lapinha e seguindo<br />

até o Terreiro <strong>de</strong> Jesus, o préstito cívico refazia a entrada na cida<strong>de</strong> das tropas<br />

brasileiras que venceram os portugueses nas lutas pela In<strong>de</strong>pendência <strong>em</strong> 1823. A<br />

partir <strong>de</strong> 1895, o percurso foi estendido até o largo do Campo Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foi<br />

erguido um monumento com<strong>em</strong>orativo aos feitos heróicos dos brasileiros <strong>em</strong> 1822-23.<br />

Des<strong>de</strong> os anos imperiais, essas com<strong>em</strong>orações eram compartilhadas por diversos<br />

segmentos da socieda<strong>de</strong>, dotando o evento <strong>de</strong> um caráter <strong>de</strong> festivida<strong>de</strong> popular,<br />

<strong>em</strong>bora n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre atribuíss<strong>em</strong> propósitos coinci<strong>de</strong>ntes. Para as autorida<strong>de</strong>s<br />

imperiais e eclesiásticas podia ser um momento <strong>em</strong> que se rel<strong>em</strong>brava a conquista da<br />

liberda<strong>de</strong> política do jugo português, já para os populares, uma oportunida<strong>de</strong> para<br />

protestar, aos gritos <strong>de</strong> "mata-marotos", contra os altos preços dos produtos<br />

vendidos nos armazéns dos portugueses. Vejamos o que nos esclarece Mello Moraes<br />

sobre tais episódios:<br />

"Ao começar da véspera, o comércio português fechava as<br />

portas, <strong>em</strong> razão dos ataques e violências das turbas, on<strong>de</strong><br />

a capadaçoda ínfr<strong>em</strong>e <strong>em</strong>briagava-se, zombando dos<br />

direitos do taverneiro amedrontado, que tudo franqueava,<br />

contanto que o <strong>de</strong>ixass<strong>em</strong> vivo. Nesses dias eram comuns<br />

os fecha-fecha, os mata-marotos, <strong>de</strong> que resultavam<br />

reprovadas correrias e freqüentes assassinatos"."<br />

A subversão da or<strong>de</strong>m durante as festivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> julho revelava as tensões<br />

existentes na socieda<strong>de</strong> imperial. Provocando o medo e o rancor dos comerciantes<br />

portugueses, os festeiros faziam da ocasião celebrativa um momento <strong>de</strong> contestação<br />

social. E "zombando dos direitos do taverneiro" com<strong>em</strong>oravam a vitória dos<br />

brasileiros contra os lusitanos <strong>em</strong> terras baianas nas lutas pela In<strong>de</strong>pendência.<br />

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