O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...
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CABOCLOS: OS SIMBOLOS DA INDEPENDÊNCIA<br />
E A DEVOÇÃO POPULAR<br />
Uma multidão ruidosa ocupou as ruas <strong>de</strong> Salvador na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />
1888. Eram abolicionistas e libertos que com<strong>em</strong>oravam a <strong>de</strong>cisão da princesa Isabel. O<br />
fim da escravidão justificava os fogos, vivas e passeatas. Os estudantes da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina, portando seu estandarte, organizaram um <strong>de</strong>sfile pelo centro da cida<strong>de</strong>, com<br />
pausas para discursos e homenagens no teatro São João, que ficais<br />
na Praça do Palácio, nas se<strong>de</strong>s dos jornais Diário da Bahia, Diário <strong>de</strong> Notícias<br />
e do Clube Caixeiral. Outro cortejo formou-se na Lapinha; tendo como <strong>de</strong>staque o<br />
carro da cabocla, um dos símbolos do Dois <strong>de</strong> Julho. Tratava-se <strong>de</strong> uma ocasião<br />
especial: entre jornalistas, acadêmicos e "gente do povo", a cabocla era "conduzida <strong>em</strong><br />
triunfo" pelos libertos. Desfilando pelas ruas centrais, <strong>em</strong> um dia <strong>de</strong> maio, aquela<br />
imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> índia se misturava aos retratos dos lí<strong>de</strong>res abolicionistas.' Talvez, para<br />
muitos dos negros que a conduziam, a liberda<strong>de</strong> conquistada também fosse um mérito<br />
<strong>de</strong>la.<br />
Os caboclos são as principais atrações das com<strong>em</strong>orações <strong>de</strong> Dois <strong>de</strong> Julho.<br />
São esculturas <strong>de</strong> indígenas que até hoje sa<strong>em</strong> às ruas para fazer parte do cortejo<br />
cívico celebrativo da In<strong>de</strong>pendência na Bahia. Como informa Manoel Querino, a<br />
figura do caboclo passou a fazer parte <strong>de</strong>stas com<strong>em</strong>orações <strong>em</strong> 1826: <strong>de</strong>pois da<br />
vitória sobre os portugueses na batalha <strong>de</strong> Pirajá, os baianos lhes tomaram uma<br />
carreta - transformando-a <strong>em</strong> trofeú - a qual enfeitaram com folhas <strong>de</strong> café, cana,<br />
fumo, simbolizando os frutos da terra. Sobre ela colocaram um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte indígena.