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O CIVISMO FESTIVO NA BAHIA - Programa de Pós-Graduação em ...

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porto , da qual faziam parte "africanos maltrapilhos e selvagens". Julgando on<strong>de</strong> a<br />

Inspetoria <strong>de</strong> Higiene se fazia necessária, a Liga reiterava que as com<strong>em</strong>orações sob os<br />

seus cuidados estavam inseridas na or<strong>de</strong>m e nos padrões <strong>de</strong> higiene."<br />

Na manhã do dia 2 os participantes começavam a tomar lugar no cortejo. As<br />

autorida<strong>de</strong>s, os acadêmicos da Escola <strong>de</strong> Medicina e Direito , os associados do<br />

IGHBa, as senhorinhas da Escola Normal, os caixeiros e a comissão organizadora,<br />

solen<strong>em</strong>ente iam à frente do préstito , <strong>em</strong>penhados <strong>em</strong> mostar aos populares que aquele<br />

momento <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m cívica e serieda<strong>de</strong> patriótica. A "crioulada" e a<br />

"mulataria" a "tumultuar os festejos", encarnando a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, mantinham-se ao lado<br />

dos carros dos caboclos e após as alas organizadas, inclusive as bandas <strong>de</strong> música.<br />

Na procissão cívica - como muito apropriadamente os cont<strong>em</strong>porâneos a<br />

<strong>de</strong>signavam - os seus organizadores exibiam uma <strong>de</strong>terminada imag<strong>em</strong> da sua<br />

socieda<strong>de</strong> , ou, pelo menos propunham um mo<strong>de</strong>lo a ser seguido. Ao estabelecer qu<strong>em</strong><br />

seriam os participantes e a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>stes no cortejo, interpretava-se e/ou<br />

propagan<strong>de</strong>ava-se uma or<strong>de</strong>m social . A organização do <strong>de</strong>sfile refletia uma leitura da<br />

hierarquia social do período , fundamentalmente baseada no status e no prestígio.<br />

Às autorida<strong>de</strong>s cabia dotar o cortejo <strong>de</strong> um caráter protocolar e solene, e suas<br />

ausências eram logo avaliadas pela imprensa como um <strong>de</strong>sestímulo ao sentimento<br />

patriótico . Em 1914, A Tar<strong>de</strong> criticou aqueles que não se ocupavam <strong>em</strong> "cultuar as<br />

m<strong>em</strong>órias dos homens simples, quasi primitivos, <strong>de</strong> 1822-23 , que trocaram o conforto,<br />

a paz, a segurança dos seus lares pelos azares da guerra santa (...) pelos<br />

acampamentos, s<strong>em</strong> pão , jogando a vida por um i<strong>de</strong>al, pela pátria". Naquele ano tal<br />

tarefa coube aos populares, que à noite foram buscar os "carros symbólicos" e fizeram<br />

uma alegre passeata pelas ruas da cida<strong>de</strong> . Segundo tal lógica, as autorida<strong>de</strong>s<br />

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